O ator mais aclamado de França, Gérard Depardieu, está a dividir opiniões nos últimos dias depois de revelados novos dados sobre as acusações de assédio sexual, comentários sexuais sobre uma criança de 10 anos e a revelação de que tem agora uma segunda acusação de violação.
De acordo com o 'Le Figaro', o ator de 74 anos entretanto saiu de França para viver numa cidade na Bélgica, próxima à fronteira, Mont-Saint-Aubert. É de lá que vê os desenvolvimentos do escândalo que abala a sua carreira.
Em 2018, no meio do escândalo "me too", Gérard Depardieu foi acusado por cerca de 10 mulheres de assédio e violência sexual, entre as quais estavam atrizes e maquilhadoras que com ele trabalhavam, e que descreveram comentários, apalpões e abuso de poder. Dois anos depois, a atriz Charlotte Arnould avançou com uma queixa-crime contra o ator por dois atos de violação sexual. Este caso continua sob investigação da justiça francesa.
Esta semana, a jornalista Ruth Baza decidiu apresentar uma queixa-crime na polícia espanhola contra Gérard Depardieu por violação sexual, que terá acontecido em 1995. A jornalista descreveu às autoridades que foi agarrada e beijada pelo ator sem o seu consentimento. Ruth dizia ter sido vítima de assédio sexual, mas as autoridades espanholas interpretaram o caso como violação sexual. Recorde-se que os crimes sexuais em Espanha passaram a estar sujeitos a maiores punições recentemente com uma mudança na lei.
Esta última acusação chegou duas semanas depois de a imprensa francesa revelar que a atriz Hélène Darras acusou o ator de assédio sexual por ter sido importunada ao longo das gravações do filme 'Disco'.
Além das novas acusações, um novo documentário mostrou os comportamentos de Gérard Depardieu por trás das câmaras. Em 'Gérard Depardieu: La Chute de L'ogre' (a queda do ogre), exibido na France 2, o ator surge a fazer comentários obscenos sobre mulheres, com assédios contra colegas, e a fazer comentários sexuais sobre uma criança de 10 anos.
As imagens levaram a ministra da Cultura francesa, Rima Abdul Malak, a declarar que o comportamento de Gérard Depardieu é "uma vergonha para a França", disse em declarações à 'France 5'.
A ministra não ficou por aí e anunciou que ia iniciar um processo disciplinar para suspender ou retirar a medalha da Legião de Honra que foi dada ao ator nos anos 1990. Rima Abdul Malak apelou, no entanto, para que os filmes de Gérard Depardieu continuem a ser vistos.
Depois das declarações da ministra da Cultura, o presidente francês, Emmanuel Macron, foi ao mesmo canal para garantir que a distinção de Gérard Depardieu não será retirada, afirmando: "Nos nossos valores, existe a presunção de inocência. Eu detesto as caças ao homem"."Temos de ter cuidado com os excessos […] haverá sempre artistas transgressores. Temos que respeitar um pouco as nossas regras", afirmou o presidente francês.
"Temos de ter cuidado com os excessos […] haverá sempre artistas transgressores. Temos que respeitar um pouco as nossas regras", afirmou o presidente francês.
Nas reações que teve às acusações, Gérard Depardieu sempre afirmou ser inocente. "Nunca, jamais, abusei de uma mulher", escreveu o ator numa carta enviada ao 'Le Figaro'. "Seria como dar um chuto na barriga da minha própria mãe".
O agente do ator revelou que Gérard Depardieu não participaria em "nenhum projeto" enquanto enfrenta estas acusações.
