
Com o pedido de demissão de António Costa e a consequente queda do Governo Socialista, no seguimento das investigações do Ministério Público dos casos do lítio e do hidrogénio, o maior partido da oposição prepara-se para as eleições legislativas antecipadas. No PSD já se contam as armas para o embate poítico que lhes caiu no colo de forma inesperada.
Apesar da liderança estar entregue a Luís Montenegro, há um nome que durante este dia de choque para o País já foi mencionado várias vezes: Pedro Passos Coelho. Na verdade, onde anda o antigo primeiro-ministro social democrata nesta hora difícil? Aquele tantas vezes apelidado como "o mais desejado" por alguns setores do PSD.
Há alguns meses, uma sondagem da Intercampus para o CM/CMTV e 'Jornal de Negócios' mostrou Pedro Passos Coelho como o mais popular para candidato à Presidência da República (com 15,8%, à frente de Guterres, Costa e Gouveia e Melo). Mas o antigo dirigente social democrata fez uma promessa que não pode quebrar. Antes da morte da mulher, Laura Ferreira, em fevereiro de 2020, Passos Coelho garantiu-lhe que não voltaria à política até que a filha adolescente de ambos, Júlia, fosse mais crescida. Irá completar 18 anos em 2026.
Neste verão, o ex-primeiro-ministro manteve as rotinas e passou férias em Manta Rota, Algarve, durante o mês de agosto. É assim desde que a mulher era viva. Os dois, em família, passaram ali dias de verão inesquecíveis, com as filhas. Mais de três anos após o falecimento de Laura, Pedro Passos Coelho continua a usar aliança no dedo.
A vida do antigo primeiro-ministro é atualmente dedicada à família e às aulas no ISCSP, onde ensina Princípios de Macroeconomia, Estratégia e Gestão da Empresa, Gestão Administrativa de Recursos Humanos e Economia, em licenciaturas; Processos de Decisão e Políticas Públicas, Avaliação de Políticas Públicas em três mestrados; Temas Aprofundados de Administração Pública e um seminário temático no doutoramento em Administração Pública.
Pedro Passos Coelho praticamente desapareceu dos olhos do público. "Cada vez que apareço isso põe as pessoas a olhar para o passado e não para o futuro. Não quero de todo alimentar isso ou desviar a atenção do presente", justifica. Aparentemente, o antigo político sente-se confortável nesta nova vida, onde nem sequer usa redes sociais. Aparece nas dos amigos, como Rui Baptista. O antigo assessor de Imprensa fez questão de partilhar um encontro entre os dois há poucos dias. "Encontro anual de ex-combatentes. Choque e pavor", escreveu Baptista na legenda.
Segundo um artigo da revista 'Sábado', o professor Passos prepara muito bem as aulas e fica entre os melhor classificados nas avaliações internas da universidade, de onde, ainda de acordo com a mesma publicação, levará para casa, de ordenado líquido por mês, entre 1.782 e 2.011 euros.
Quando passou o testemunho a Rui Rio, em 2018, na liderança do PSD, prometeu "discrição" e garantiu que não iria andar por aí. Pelo menos até ás presidenciais, em 2016.