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A fabulosa história de Rúben Semedo, o miúdo atinado do bairro social que viu o pai ser preso e agora cai nas malhas de um escândalo sexual

E vão três! Depois de dois episódios criminais com violência em Espanha que determinaram a sua expulsão do país, só faltava agora ao jogador Rúben Semedo ser apanhado numa história de violação de uma menor na Grécia. Só que nem sempre o puto do bairro da Mina, na Amadora, foi assim. Descubra a história de um atinado filho de imigrantes caboverdeanos, que aos cinco anos viu o pai ser preso, que se meteu em confusões em Espanha, já foi cobiçado por vários clubes europeus de topo, e agora está envolvido num escândalo sexual com uma menor.
Por João Bénard Garcia | 02 de setembro de 2021 às 23:39

Depois de quatro noites detido, o jogador português Rúben Semedo, de 27 anos, que está indiciado da prática de um crime de violação de uma menor grega, foi libertado após o pagamento de uma caução de 10 mil euros e da entrega do passaporte. Os exames médicos efetuados à jovem grega de 17 anos provam que esta teve relações sexuais na data que refere, mas uma primeira informação, avançada pela imprensa grega, assegura não haver sinais de violação. A investigação vai continuar.

A jovem acusa o defesa-central português Rúben Semedo, de 27 anos, de a ter embriagado e violado em casa no passado sábado, dia 28, ao manter relações sexuais com ela sem consentimento. E não a terá violado sozinho. A alegada vítima acusa ainda um empresário nigeriano de 40 anos, amigo de Semedo, de também ter feito sexo com ela sem autorização, enquanto estaria semi-inconsciente.

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Rúben Semedo Foto: Miguel Barreira/Record

A alegada vítima não demorou muitas horas, após o suposto episódio de abuso, até se dirigir a uma esquadra policial, acompanhada pela mãe e por uma amiga de 16 anos, que afirma ter presenciado os acontecimentos, e apresentar queixa contra o jogador que alinha ao serviço da equipa grega do Olympiacos e o amigo nigeriano.

Além da queixa na esquadra, onde começou a ser interrogada e lá deixou as roupas do dia da presumível violação, bem como o seu telemóvel, a jovem foi encaminhada pelas autoridades policiais gregas para os serviços de Proteção de Menores de Ática, onde, durante quatro horas, sempre com o apoio de uma psicóloga, e depois de sujeita a várias perícias médicas, foi redigida a segunda queixa formal. Estava lançada a bomba.

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Em poucas horas, na noite de domingo, dia 29, os agentes de autoridade apresentaram a Rúben Semedo um mandado de detenção assinado por um juiz, na sua casa em Glyfada. E levaram-no para a esquadra, onde passou a noite. Na manhã de segunda-feira, dia 30, começou a ser interrogado por um procurador do Ministério Público. Terça-feira, dia 31 foi presente a um juiz, mas este adiou para quinta-feira, dia 2 de setembro, a decisão final: e entre a liberdade e o cárcere, o magistrado decidiu libertá-lo. 

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ACUSADO DE EMBRIAGAR E VIOLAR

O craque de 27 anos soube pela boca de um procurador que a jovem de 17 anos, com quem tinha mantido relações sexuais no dia de sábado, relatara às autoridades policiais que se tinham conhecido num bar na cidade de Oropo, alegara que o jogador a tinha embebedado e levado para sua casa, onde terá consumado a alegada violação. Ele, e um amigo nigeriano, que segundo os media gregos, será um agente artístico que representa vários cantores.

"Por ter consumido uma grande quantidade de álcool, fui para um dos quartos da casa [de Rúben Semedo] e adormeci. Pouco depois, o segundo arguido [o homem de 40 anos] entrou e, aproveitando-se da minha situação, obrigou-me a ter relações sexuais", contou a menor, acrescentando que "pouco depois de sair, o Semedo entrou na mesma divisão, trancou a porta e obrigou-me a ter relações sexuais".

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VALOR FUTEBOLÍSTICO CAI A PIQUE

Tudo isto em pouco mais de 24 horas. Semedo viu-se enredado num escândalo sexual que está a abalar, uma vez mais, a sua já de si frágil reputação.

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Rúben Semedo no tribunal, na Grécia Foto: Cofina Media

O jogador, que, nesta ronda do mercado de transferências futebolísticas, chegou a ser bastante cobiçado, primeiro pelos britânicos do Wolverhampton e depois pelo Futebol Clube do Porto (FCP), não só não concretizou a mudança de clube como, com este episódio, perdeu imenso valor comercial, restando-lhe, para já, o vínculo contratual que, por enquanto, ainda o amarra ao Olympiacos até 2023.

O craque, que esteve a um passo de se manter preso e de no futuro se ver condenado a uma pena de prisão pesada, que, na Grécia, pelo crime de violação em grupo, pode ir até reclusão perpétua, acabou por regressar a casa e esperar pelo término das investigações policiais e pelas avaliações médicas.

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Na terça-feira passada, dia 31, saindo algemado e de braço dado com um agente do tribunal de Evelpidon, Rúben Semedo clamou inocência, dirigindo-se aos jornalistas, dizendo: "Sou inocente e vocês [jornalistas] vão ver. Quero que estejam aqui quando for absolvido. É tudo sobre dinheiro. Se não fosse futebolista nada disto estaria a acontecer", proferiu, enquanto era encaminhado para a cela onde permaneceu em prisão preventiva, até à tarde de quinta-feira, dia 2.

GUERRA DE PALAVRAS DOS ADVOGADOS

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Stavros Georgopoulos, advogado do jogador português, nega que tenha ocorrido qualquer crime e manifesta-se otimista em relação à inocência do cliente, que jura poder provar na barra. Pelo menos venceu a primeira batalha e conseguiu a sua libertação, com restrições de mobilidade e mediante o pagamento de uma caução monetária.

"Não defenderia o senhor Semedo, dada a gravidade da acusação, se não estivesse convencido de que está inocente. Quinta-feira a investigação provará a inocência dele. Ele diz que só está a ser acusado por ser futebolista? Partilho o ponto de vista dele, mas tenho que cingir-me aos factos. Estes jogam a favor dele", defende, acrescentando ter ouvido da boca do cliente, em tribunal, frente ao procurador do Ministério Público grego, que acreditava que a rapariga tinha 19, ou até mesmo 24 anos, e assegura que apresentará "provas de que as acusações são infundadas".

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Ainda segundo o causídico que representa Semedo, "Se eu fosse à casa de alguém e me violassem, sairia imediatamente. Neste caso, ela continuou lá na casa, mandaram vir comida, fumaram shisha e se não tivesse existido esta queixa provavelmente ainda continuariam lá".

Rúben Semedo joga no Olympiacos, da Grécia Foto: Cofina Media

"Não pode ter existido violação, caso contrário ela não teria mandado mensagem [ao Rúben Semedo] para se voltarem a encontrar na noite seguinte", descreveu antes de saber o desfecho do primeiro round desta nova guerra judicial do craque lusitano.

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"É tudo sobre dinheiro. Se não fosse futebolista nada disto estaria a acontecer"

A alegada vítima de 17 anos é representada pelo penalista grego Alexis Kougias, um antigo jogador de futebol e acionista maioritário do AE Larissa FC.

"A minha cliente instruiu-me no sentido de interpor ações legais a quem publicar fotos suas ou faça comentários difamatórios em relação à sua personalidade. Nem eu, nem a vítima da alegada violação, nem a sua mãe, iremos aparecer em qualquer órgão de comunicação social e solicitamos que a nossa decisão seja respeitada", escreveu num comunicado.

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VIOLAR EM GRUPO É HEDIONDO

Agora está a ser um episódio de violação, mas, há três anos e meio, Rúben Semedo teve outro tipo de problemas com a justiça, mas dessa vez a espanhola. Em fevereiro de 2018, quando jogava com as cores do Villarreal, Semedo foi preso e acusado de ter cometido os crimes violentos de sequestro, agressão e ameaça de morte a um homem com uma pistola.

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"A minha vida está em perigo", disse então a vítima à imprensa espanhola, enquanto os dois amigos e cúmplices do jogador português justificavam os atos violentos, com cordas e bastões de basebol, e o posterior sequestro, com o facto de Semedo ter sido "vítima de fraude financeira".

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Ameaças de corte de um dedo, o roubo da chave de casa da vítima e o furto de 24 mil euros, relógios e outros bens de valor, fazem parte do rol de atos cometidos pelos três homens. A vítima afirmou ainda à justiça que o defesa-central português disparou dois tiros quando se cruzou consigo na avenida Blasco Ibáñez, em Villareal.

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Rúben Semedo Foto: Miguel Barreira/Record

Ah, isto tudo depois de em 2017 ter sido apanhado a conduzir sem carta de condução, depois de se ter envolvido em desacatos com uma garrafa de vidro à porta de um bar de alterne e de ter feito ameaças numa discoteca em Valência, tendo em sua posse uma arma ilegal, assuntos bicudos que resolveu com um acordo extrajudicial, evitando na altura uma pena de dois anos de prisão.

Ao terceiro episódio na terra de "nuestros hermanos", Rúben Semedo esteve detido durante 142 dias, saiu em liberdade sob fiança e acabou depois, já em 2020, condenado a cinco anos de prisão, com pena suspensa, e uma ordem judicial de proibição de entrar em território espanhol até 2028.

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"Deixei-me deslumbrar um bocadinho e deixe-me levar por ambientes e coisas em que não me devia meter enquanto jogador profissional. Achava que podia fazer o que quisesse e que não haveria nenhum problema"

Em 2019, numa entrevista ao conhecido alfaiate Paulo Battista, o futebolista falou sobre as suas más experiências em Espanha.

"Deixei-me deslumbrar um bocadinho e deixe-me levar por ambientes e coisas em que não me devia meter enquanto jogador profissional. Achava que podia fazer o que quisesse e que não haveria nenhum problema", contou ao amigo, explicando a ligeireza com que então vivia: "Eu confiava nos meus amigos. Um pediu-me dinheiro e eu emprestei, sem problemas. Esteve três, quatro meses a enrolar-me".

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Agora, na Grécia, o assunto é mais grave e o internacional português arrisca mesmo a passar o resto da vida na prisão, se for considerado culpado, pois o Código Penal grego considera violação em grupo um crime hediondo.

Rúben Semedo na seleção nacional Foto: Cofina Media

O PUTO ATINADO DO BAIRRO

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Rúben Semedo nasceu há 27 anos no bairro social do Casal da Mina, na Amadora, no seio de uma família cabo verdiana disfuncional. Viu o pai ser preso quando tinha cinco anos e foi a mãe Adelaide quem sustentou a família, saindo de casa de madrugada para trabalhar para vários patrões.

Depois de uma infância difícil a jogar à bola na rua, entra no Futebol Benfica (Fofó) e mais tarde torna-se uma esperança do Sporting Clube de Portugal (SCP) e é lá que dá nas vistas, indo parar ao espanhol Villarreal, onde a vida, as más companhias e uma alegada burla resolvida pelas próprias mãos, lhe pregaram uma valente partida.

Rúben Semedo Foto: Miguel Barreira/Record
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Numa entrevista ao jornal 'Diário de Notícias', em 2018, Domingos Estanislau, então presidente do Fofó, mostrou-se surpreendido com os crimes de Semedo em Espanha. "Do tempo que privei com ele, nunca me pareceu que fosse capaz de cometer os atos de que é acusado. Ele veio de um bairro complicado, e por isso é natural que por vezes tenha resolvido as coisas com um murro ou uma zaragata, mas não mais do que isso", sublinhou.

Na mesma altura, o jornal diário espanhol 'El País' também escreveu que "em Portugal ninguém consegue acreditar no que aconteceu ao jogador pois, apesar de ter tido uma infância difícil, criado num bairro da Amadora, em Lisboa, era uma personagem forte, nunca deu problemas, além de alguns atos de indisciplina".

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