‘A Guerra dos Tronos’: Saiba como está a ser preparada a chegada de Westeros a Portugal e os milhões que podemos ganhar

Arrancaram na passada segunda-feira as filmagens da nova série do universo 'A Guerra dos Tronos' em Portugal. A prequela, que se passa duzentos anos antes dos acontecimentos da série original, da HBO, chama-se 'House of the Dragon' e Monsanto, no concelho de Idanha-a-Nova será um dos locais por onde vão passar os antecessores de Daenerys e companhia, durante os 10 episódios da primeira temporada. A série é baseada no livro 'Sangue e Fogo: A História dos Reis Targaryen', uma das 'Crónicas de Gelo e Fogo' redigidas por George R. R. Martin, nas quais se inspirou a série original.

Mais especificamente, Monsanto e Penha Garcia, no município idanhense, recebem as rodagens que irão durar até ao próximo dia 3 de novembro, e, através do Facebook, os munícipes e turistas foram informados dos incómodos que estas causarão ao dia-a-dia regular: "Informamos que foi autorizado o corte de trânsito, nas localidades de Monsanto e Penha Garcia, do concelho de Idanha-a-Nova, para a realização de filmagens de uma série. O Castelo de Monsanto estará interdito a residentes e visitantes da Aldeia Histórica de Monsanto." Todavia, os moradores receberão dísticos para poderem andar pelas ruas que estarão encerradas para poderem dar forma à nova velha Westeros, nome do mundo de 'A Guerra dos Tronos'.

"Informamos que foi autorizado o corte de trânsito, nas localidades de Monsanto e Penha Garcia, do concelho de Idanha-a-Nova, para a realização de filmagens de uma série. O Castelo de Monsanto estará interdito a residentes e visitantes da Aldeia Histórica de Monsanto."

A parte técnica ofereceu algumas complexidades, contudo. Com a base europeia das gravações em Cáceres, em Espanha, onde também irá ser filmada a série, vários materiais necessitaram de ser transportados até ao local – nomeadamente, até ao estádio de futebol que serve de "mini base" para facilitar a agrupação dos recursos necessários – e este processo foi também conseguido com um helicóptero da Força Aérea Portuguesa e com a ajuda de paraquedistas, segundo noticiou o 'Jornal de Notícias', que relata que existirão espaços para reuniões técnicas e um catering que se prevê receber 200 pessoas ao longo das gravações. Também tratores foram utilizados para conseguir a deslocação de materiais para dentro do Castelo de Monsanto cujas estreitas entradas dificultaram a tarefa.

Antes do início das rodagens, já os figurantes haviam sido "angariados" há cerca de um mês, tendo a empresa de casting Modexpor pedido "homens e mulheres dos 18 aos 70 anos de todas as raças" que fossem "pessoas locais ou dos arredores que residam perto de Monsanto durante as filmagens", para as quais tivessem "disponibilidade total" durante os dias em que forem efetuadas, dias esses que, advertiram, poderão ser "longos". De acordo com o 'JN', estes irão auferir 50 euros por dia.

O TURISMO, SEMPRE O TURISMO...

A expetativa de que o turismo aumente na zona está já a crescer: por exemplo, à mesma fonte, uma empresária afirmou que já está a apressar as obras de ampliação dos quartos que detém no local. Não é, sequer, uma esperança infundada. A imprensa internacional denominou de "efeito 'Guerra dos Tronos'" o fenómeno que ocorreu nas localidades onde foi gravada a série. De acordo com uma estatística do ‘Telegraph’, o fluxo turístico à Croácia aumentou em 100% entre o ano anterior à estreia da série e 2018, o ano prévio ao seu fim, muito dele dirigido a Dubrovnik, com um aumento anual de 10% do turismo, segundo o presidente da câmara à altura.

Cenários semelhantes verificaram-se na Islândia (de 500 mil turistas para 2,2 milhões, na mesma janela temporal), na Irlanda do Norte (de acordo com o 'Guardian', o benefício financeiro que adveio da atividade turística após as primeiras quatro temporadas ultrapassou os 80 milhões de libras, perto de 95 milhões de euros) e em Espanha. Nesta análise, no entanto, ao contrário do que ocorreu com a série principal, é importante denotar que ainda está por saber qual será a verdadeira dimensão do sucesso desta nova prequela, ponto que deverá influir de forma significativa neste aspeto.

Na Irlanda do Norte, o benefício financeiro que adveio da atividade turística após as primeiras quatro temporadas ultrapassou os 80 milhões de libras, perto de 95 milhões de euros.

SERÁ O SUCESSO REPETÍVEL?

A favor estará o facto de as personagens se tratarem de membros da casa Targaryen, uma das mais proeminentes de 'A Guerra dos Tronos' e que traz a possibilidade de ter cenas visualmente impressionantes através dos dragões, a criatura mítica associada à casa, assim como se tratar de uma série baseada numa obra de George R. R. Martin, que volta a estar envolvido de forma próxima no seu desenvolvimento. Por outro lado, a última temporada de 'A Guerra dos Tronos' transformou-se numa desilusão para grande parte dos seus fãs: na base de dados IMDb, a avaliação média por parte dos espetadores do derradeiro conjunto de episódios é de 6,3 em 10, com as temporadas anteriores a posicionarem-se acima dos 9 – o último episódio é o maior reflexo desta insatisfação com uma avaliação média de 4 em 10.

Todavia, trata-se apenas de um exercício profundamente hipotético. Muitos fãs do universo estarão decerto expectantes por mais capítulos e, ainda que seja desafiante que a popularidade alcance as proporções de 'A Guerra dos Tronos', a série, que será transmitida na HBO, não passará certamente despercebida. E assim, em 2022 chegarão ao mundo algumas das mais belas paisagens da Beira Baixa, através de ‘House of the Dragon.'