Conheça Miguel Milhão, o excêntrico dono da Prozis com uma legião de famosas a trabalhar com ele, que está a gerar polémica pelas suas políticas anti-aborto
Empresário, que não esconde a proximidade a André Ventura e às ideias do Chega, pagou para passar um vídeo na TVI em que demoniza o aborto e volta a mostrar o que pensa sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez. O caso gerou uma onda de críticas, mas não é inédito para o famoso dono da Prozis, que choca frequentemente pelas suas posições, mas não perde fortuna nem apoiantes, mantendo estrelas como Cristina Ferreira ou Carolina Patrocínio do seu lado...Quem passou os olhos, na última segunda-feira, dia 26, pela emissão da TVI pode ter-se deparado com um estranho vídeo entre os spots publicitários. A dado momento, as promoções a cosméticos ou artigos de supermercado foram substituídas por um vídeo em que se podem ver enfermeiras com mãos ensanguentadas ou um profissional de saúde a deitar um saco com sangue para o lixo – sugerindo tratar-se de um feto – numa demonização da Interrupção Voluntária da Gravidez. Só no final do vídeo, se pode ver a quem este é atribuído, uma vez que ao lado da frase "Obrigada mãe" surge a assinatura: 'Guru Mike Billions', nome artístico para Miguel Milhão, o excêntrico diretor da marca de produtos desportivos Prozis.
Se tem estado atento ao seu percurso, saberá certamente que esta polémica não é uma novidade no controverso currículo do empresário de Braga. Já no ano passado, na final da Taça de Portugal, tinha comprado tempo em antena para partilhar as suas políticas contra a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez e, se recuarmos ainda mais no tempo, em 2022, conseguimos encontrar as origens da polémica. Por essa altura, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos acabava com o direito constitucional ao aborto no país e a decisão era celebrada pelo dono da Prozis com uma frase que geraria grande polémica. “Parece que os bebés por nascer recuperaram os seus direitos nos EUA! A natureza está-se a curar!”, escreveu Miguel Milhão na sua página do Linkedin.
Depois da opinião partilhada, a crise instalou-se e caras como Jessica Athayde ou Isabel Silva bateram com a porta da Prozis por não se reverem na política do seu diretor. Mas, feitas as contas finais, Milhão levou a melhor: o caso não só não afetou a Prozis como funcionou como publicidade gratuita e, dos mais de 1800 influenciadores que promovem a marca, apenas 11 decidiram terminar a parceria. Hoje, em 2025, o caso parece tão distante que quando Cristina Ferreira ou Carolina Patrocínio 'vendem' nas suas redes sociais, produtos da marca, dificilmente alguém fará relação com a controvérsia de 2022. E, entretanto, o empresário, de 39 anos, soma e segue, tendo mesmo afirmado que se estava nas tintas para aquilo que o País pensava, uma vez que, palavras do próprio, não precisava "de Portugal para nada". "Não preciso de Portugal e não preciso da Prozis. Tenho recursos ilimitados", fez saber.
UMA FORTUNA CONSTRUÍDA DO ZERO
Não se sabe ao certo quanto mede a fortuna do bracarense, mas é público que é dono de um grupo que fatura cerca de 200 milhões de euros, tem 12 fábricas em Portugal e emprega mais de 1500 pessoas. Uma empresa que construiu do zero quando, aos 23 anos, e apenas semanas depois do casamento, ficou a saber que a mulher estava grávida. Os seus negócios até então pouco lucrativos precisavam de um abanão e a Prozis acabaria de nascer dessa urgência de mudança.
Antes, teve uma vida confortável, em Braga, ainda que goste de recordar que ele próprio poderia ter resultado num aborto, não fosse a resiliência da progenitora, que decidiu ser mãe solteira, aos 19 anos, ainda que anos mais tarde também tivesse casado com o pai de Milhão. "Nasci cego do olho esquerdo, a minha mãe era nova, tinha 19 anos, solteira e eu era um candidato fixe para o aborto. Mas ela pensou diferente — mandaram-na fazer [refere-se à interrupção da gravidez], mas ela não fez, e aqui estou", partilhou aquele que não deu seguimento aos estudos por considerar a escola "demasiado fácil" e pouco estimulante.
Acabaria, isso sim, por apostar tudo dos negócios, com o apoio da mulher, que permaneceu em casa a cuidar dos três filhos, enquanto ele fazia fortuna. Sobre a relação, é mantida no segredo dos deuses, mas as crenças de Milhão sobre o casamento nem por isso, com o empresário do Norte a já ter partilhado algumas considerações igualmente polémicas.
"Se eu tivesse uma filha que tivesse sido violada, ou se a minha mulher tivesse sido violada, eu tentaria falar com ela e cuidava dessa criança. Não consigo sacrificar um inocente pelos crimes de um criminoso. Não consigo fazer essa cena", disse, mostrando-se pouco interessado na opinião da companheira sobre o assunto. "Já falei com a minha mulher sobre isso, mas não me lembro do que ela disse…"
Sem medo de dizer o que pensa, mesmo que isso pode chocar – e choca frequentemente – Miguel Milhão surpreenderia poucos pela forma como manifestou o seu apoio a André Ventura no seu podcast 'Conversas do Karalho', que conta com mais de 50 mil subscritores no Youtube. "O futuro primeiro-ministro de Portugal", disse, como nota de boas-vindas.