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O ano mais duro de Marcelo. Presidente sofre com dilema moral do perdão, procura confessor e é obrigado a colocar as suas convicções mais íntimas em causa

Aos 75 anos e a meio do segundo mandato, nunca o presidente da República se terá sentido tão frágil como nos dias que correm. Desamparado, agarra-se cada vez mais à Fé e procura respostas em Fátima sobre o que fazer com a mágoa em relação ao filho.
Por Rute Lourenço | 27 de junho de 2024 às 23:33
Marcelo Rebelo de Sousa Foto: CM

Desde que assumiu a presidência da República que Marcelo Rebelo de Sousa sempre tentou exercer um cargo com um misto de responsabilidade e leveza, tentando levar para o Palácio de Belém os valores pelos quais sempre pautou a sua vida. É católico, praticante, e tanto se senta no banco mais recatado da igreja dos Jerónimos, entre turistas, como, de boina afundada na cabeça, se mistura com os milhares de peregrinos que vão a Fátima. E não uma vez por ano. Chega a ir ao Santuário de 15 em 15 dias.

Criado no seio de uma família católica, Marcelo nunca deixou de professar a sua fé. E, na verdade, não é dos apregoam e não dá o exemplo. Sem câmara às costas ou uma fotografia, discretamente colocada nas redes sociais para todos verem quão solidário é, é certo que o presidente não tem assim tanto tempo livre, mas nas suas horas vagas, passa por hospitais, conversa com doentes terminais, oferece-lhes o seu sorriso, compaixão e conforto, e não os despacha em dez minutos: ouve os seus lamentos, põe-se no lugar do próximo, quer saber o que sentem naquele momento tão doloroso. "Ele se sabe que alguém vai morrer, chega a pedir o contacto dessa pessoa fora de horas, gosta de ir junto dela e falar-lhe", contou uma pessoa próxima ao 'Expresso', recordando que tudo está interligado à sua fé inabalável.

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Marcelo Rebelo de Sousa Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, Fátima, Procissão das velas Foto: D.R.

"Ser católico facilita a vida em relação aos medos. Sobretudo porque eu tenho um toque providencialista, que é um pouco estranho naquilo a que se chama normalmente um intelectual", chegou a dizer Marcelo Rebelo de Sousa.

No entanto, para quem acredita na força da providência divina, não deve estar a ser fácil encaixar os acontecimentos do último ano, que o têm levado a dilemas morais inimagináveis e a colocar à prova aquilo que sempre foi um fio condutor na sua vida.

No entanto, para quem acredita na força da providência divina, não deve estar a ser fácil encaixar os acontecimentos do último ano, que o têm levado a dilemas morais inimagináveis e a colocar à prova aquilo que sempre foi um fio condutor na sua vida.

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A sua popularidade caiu a pique e as últimas sondagens mostram que o segundo mandato tem sido arrasador para a imagem de Marcelo. Aquilo que ao início era uma espécie de imagem de marca, agora é olhado de soslaio. As selfies já não são 'cool', a leveza é vista como desresponsabilização e o 'tu cá, tu lá' faz com quem o chamem de desbocado, que digam que está velho ou 'ché ché'.

E podia dar-se o caso de Marcelo se estar nas tintas para o que os outros pensam, mas não só não pode, é presidente, como não é o caso: ele gosta de reunir consenso, de ser amado pelos seus pares e essa foi uma das razões pelas quais sempre temeu o segundo mandato, que o havia deixar perante os desafios mais inusitados.

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marcelo, sem abrigo Flash
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O CASO GÉMEAS E A MÁGOA EM RELAÇÃO AO FILHO

Não deixa de ser, por isso, curioso que, de entre todos os acontecimentos, os que mais estejam a abalar a imagem pública de Marcelo Rebelo de Sousa sejam precisamente aqueles que o colocam perante dilemas morais, face a valores como a compaixão e a família.

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O caso das gémeas foi o mais difícil para Marcelo porque o fragilizou perante a opinião pública, ao mesmo tempo que o colocava na situação familiar mais difícil, num golpe que fez com que virasse costas ao filho, Nuno. 

Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash
Nuno Rebelo de Sousa, Marcelo Rebelo de Sousa Flash

"As gémeas foram um fenómeno adicional, mas não me desgastou politicamente, desgastou-me pessoalmente", disse, na célebre conversa com jornalistas internacionais, que entretanto foi tornada pública. "É imperdoável, porque sabe que tenho um cargo público e político e pago por isso", revelou ainda Marcelo Rebelo de Sousa, tentando desvalorizar o assunto garantindo que "há coisas piores". "Ele tem 51 anos. Se fosse o meu neto mais velho preferido, com 20 anos, eu iria sentir-me corresponsável. Mas, com 51 anos, é maior e vacinado".

Ainda que na teoria pareça simples, o caso e as divergências com o filho beliscam Marcelo na intimidade, fazem-no questionar se está a ir pelo melhor caminho e levam-no a longos momentos de confissão.

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Ainda que na teoria pareça simples, o caso e as divergências com o filho beliscam Marcelo na intimidade, fazem-no questionar se está a ir pelo melhor caminho e levam-no a longos momentos de confissão.

Uma das pessoas que desde sempre acompanhou esses momentos é o padre Vítor Melícias, cuja relação com Marcelo já tem décadas, tendo começado nos anos 60, e que ao 'Expresso' se condoeu para com o momento que não o presidente, mas o homem atravessa. 

"Temos falado, ele não está com a vida facilitada", afirma, acrescentando que o 'caso gémeas' tocou no ponto mais frágil de Marcelo, e por isso o magoou tanto. "É muito complicado, é a dimensão família."

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Uma das pessoas que desde sempre acompanhou esses momentos é o padre Vítor Melícias, cuja relação com Marcelo já tem décadas, tendo começado nos anos 60, e que ao 'Expresso' se condoeu para com o momento que não o presidente, mas o homem atravessa. 

O perdão está, para Marcelo, sempre em cima da mesa, mas o compromisso para com a fé e os valores católicos entram agora em choque com os deveres de Estado e o acordo que selou com os portugueses. 

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Pela frente, o presidente tem ainda um ano e meio de mandato, que se prevê o mais difícil.

Um assunto difícil que Marques Medes abordou no seu comentário na SIC, onde salientou a dureza que é para Marcelo ter se debater com esta situação. "É uma pessoa de família. E ser obrigado a cortar relações com o filho é uma violência. O filho não tinha o direito de colocar o pai, que é Presidente da República, nesta situação."

Nunca se terá sentido tão sozinho, numa casa que nunca considerou sua. Depois da pandemia, Marcelo lá foi acedendo a trocar o seu apartamento de Cascais pelo renovado piso no Palácio de Belém que, ainda assim, sempre achou frio e inóspito quando comparado com a antiga casa, onde guarda os seus livros, tem os seus recantos de fé e que o deixa a dois passos de um mergulho em Cascais e da conversa de circunstâncias com aqueles que conhece há anos.

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Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve Foto: Ivo Raínho Pereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve, presidente da república Foto: Ivo Rainho Perereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve, presidente da república Foto: Ivo Rainho Perereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve, presidente da república Foto: Ivo Rainho Perereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve, presidente da república Foto: Ivo Rainho Perereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve, presidente da república Foto: Ivo Rainho Perereira
Marcelo rebelo de sousa, rita amaral cabral, praia gigi, quinta do lago, férias, verão, algarve, presidente da república Foto: Ivo Rainho Perereira

Na presidência, aos 75 anos, Marcelo pode ter atingido o topo da sua carreira política, mas há quem diga que sente falta dessa vida descomplicada que era a sua em Cascais, das férias de verão na praia do Gigi, na Quinta do Lago, e do tempo em que as pessoas ainda lhe pediam selfies porque ele era simplesmente um tipo porreiro, que até dizia umas coisas acertadas na televisão.

É certo que Marcelo nunca foi dado ao descanso - é celebre a frase em que admite dormir há anos cinco horas por dia - mas se antes não cedia ao cansaço porque dormir parece um desperdício de tempo quando há tanto para fazer, agora são preocupações maiores aquelas que o afastam cada vez mais de um sono profundo.

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