O fenómeno Tyler Henry, o médium dos famosos que já tem 600 mil pessoas em lista de espera
Depois da série no E!, Tyler Henry voltou a ganhar mais notoriedade com a produção da Netflix, 'Vida Após a Morte'. Diz ter conseguido falar com Michael Jackson e são inúmeras as pessoas que aguardam poder contar com os seus supostos dons.
Foi no seu estado natal, a Califórnia, que Tyler Henry começou a explorar as suas proclamadas capacidades psíquicas, que, claro, não obtém reconhecimento por parte da comunidade científica. A partir daí, a sua fama começou a propagar-se: "Dos 16 aos 18 anos, fazia leituras quase todos os dias, o boca a boca espalhou-se depressa. Vinham-me bater à porta, comecei a receber pedidos da Califórnia do Sul. A minha vida mudou", diz na série ‘Vida Após a Morte com Tyler Henry’, da Netflix, estreada em 2022.
A chegada à plataforma de streaming foi, contudo, apenas mais um capítulo de uma subida meteórica no pequeno ecrã deste jovem de 27 anos, que teve início com apenas 19, em 2015, quando participou num episódio de ‘Keeping Up with the Kardashians’, para "ler" Khloe, Kim e Kourtney Kardashian.
No ano seguinte, solidificou o seu estatuto com o programa ‘Hollywood Medium’ no canal E!, que o levou a ascender ao estrelato. Nele, participaram diversas celebridades como Jim Parsons (o Sheldon de ‘A Teoria do Big Bang’), Megan Fox, Corey Feldman, Moby, Sofia Vergara, Lizzo, entre muitas outras.
Foi nessa série, precisamente, que Henry protagonizou um dos momentos mais marcantes da sua carreira, quando alegou ter conseguido comunicar com Michael Jackson, perante a sua irmã LaToya: "Ele está a perceber que não devia ter ficado sozinho numa altura em que ficou. A pessoa que devia estar lá para o observar não estava", afirmou à cantora.
TUDO COMEÇOU COM UM TELEFONEMA
O médium relata por inúmeras ocasiões a história de como alega ter percebido ter este dom, ao ponto de se ter tornado quase como um cartão de visita para qualquer entrevista ou produção que tenha a sua presença. "Aos dez anos estava na cama e quanto abri os olhos, tinha a certeza de que a minha avó ia morrer. Quando tentei explicar isto à minha mãe, o telefone tocou: era o meu pai a dar-lhe a notícia de que ela tinha dado o último suspiro", refere.
Ao mesmo tempo que começava a sua incursão neste universo do paranormal, Tyler Henry foi obrigado a lidar com os desafios impostos por crescer enquanto jovem homossexual numa localidade extremamente religiosa, tendo comparado essa experiência com a de trabalhar na indústria do paranormal: "Acho que muitas pessoas homossexuais podem identificar-se com ter de serem verdadeiras com quem são, mesmo quando outros não o percebem", disse, numa recente entrevista à ‘Vanity Fair’.
Atualmente, Henry está numa relação de longa data com Clint Godwin. A união entre os dois terá sido potenciada pelo espírito do avô de Clint: "Faleceu cerca de duas semanas antes de nós nos conhecermos. Ele comunicava comigo repetidamente, e eu levei isso como um sinal para me conectar mais com o neto dele, e resultou", disse à ‘People’.
A família é um tema recorrente nas vicissitudes da vida do médium: recentemente, descobriu que os seus avós maternos não são os seus avós biológicos e tinham raptado a sua mãe. "Ela tinha uma família inteira à procura dela e nem sabia. A mulher que levou a minha mãe quando era bebé fez-lhe coisas más, matou duas pessoas e torturou-as e passou 30 anos na prisão. A minha mãe teve uma infância horrenda porque este monstro a roubou da sua família", conta.
SUSTO DE SAÚDE
O método de trabalho utilizado é sempre semelhante: Henry chega à residência da pessoa que o "convocou", com o auxílio da mãe ou da irmã, que lhe providenciam a boleia, já que não tem carta de condução. O instrumento de trabalho é uma caneta e um bloco de notas. À medida que o espírito começa a "comunicar", Henry faz movimentos com a mão no bloco, criando uma infinitude de rabiscos, que o permitem concentrar enquanto recebe as mensagens que lhe estão a ser endereçadas.
Pode aparentar ser algo simples, mas a verdade é que são muitos os que desesperam pela possibilidade de ter acesso aos serviços do "médium dos famosos": a lista de espera continua a crescer exponencialmente e nela encontram-se atualmente 600 mil (!) pessoas.
Para além das séries, Tyler Henry tem também uma carreira literária: em 2016, foi editado o seu livro de memórias, ‘Between Two Worlds’, enquanto, em 2022, lançou o livro "Here & Hereafter". Adicionalmente, encabeça também espetáculos ao vivo perante milhares de pessoas. Foi num destes que passou pelo maior susto da sua vida quando, em 2020, sofreu um pneumotórax antes de subir ao palco que o hospitalizou durante três semanas.
ALVO DE CRÍTICAS
Nem todos, contudo, são enfeitiçados pelos alegados dotes psíquicos de Tyler Henry. À medida que o seu mediatismo foi crescendo, também o número de críticos, algo que diz não o afetar: "O pensamento crítico é essencial, mais agora do que nunca", explicou ao Seattle Times.
As críticas de que é alvo versam sobre a forma como pode constituir um perigo estar a dar apoio psicológico sem a formação devida. Para além disso, Henry, como os restantes médiums, é acusado de utilizar dois métodos chamados de "cold reading", análise das características da pessoa para fazer palpites com alta probabilidade de estarem certos, e "hot reading", recolha prévia de detalhes e histórico, hoje facilitada pelas redes sociais, para surpreender os que com ele consultam.
A verdade é que Tyler Henry continua a lucrar e a subir degraus no escadote da fama, através das séries, livros e espetáculos consumidos pelos fãs que querem acreditar que, quem está do outro lado, está mesmo a querer falar.