Quem foram as mulheres da vida de Marco Paulo: da escolhida pela mãe à fadista que o cantor admitiu poder vir a ser a mãe dos seus filhos
Só lhe foi atribuída uma namorada, mas viveu sempre rodeado de mulheres, que alimentavam por ele paixões platónicas. Ao longo da vida, teve, no entanto, mais do que 'dois amores', com uma mão cheia de mulheres a fazerem a diferença na sua vida. Conheça as mais especiais, em particular aquela com quem chegou a pensar ter filhos
Marco Paulo nunca se casou, partiu sem deixar descendência e, ao longo da vida, não viria a assumir qualquer relacionamento amoroso. No entanto, viveu sempre rodeado de mulheres e são muitas aquelas que marcariam para sempre a sua existência. A mãe, Maria Isabel Silva, foi sem dúvida o seu grande amor. Quando esta faleceu, deixou um vazio na vida do artista que nuca viria a ser preenchido.
"Tínhamos uma relação muito forte. É uma saudade imensa que eu tenho. Tenho saudades do meu pai, da minha irmã (que morreu recentemente), mas tenho muitas saudades do colo da minha mãe, do calor dela, do sorriso, das coisas que ela dizia", confidenciou em entrevista ao programa 'Alta Definição', acrescentando estar certo de que os dois voltariam a reencontrar-se.
"Tenho essa fé, essa certeza de que um dia, aquela pessoa que tanto me apoiou, e que era minha fã incondicional (ela só via o filho à frente, só ouvia a sua voz) que ainda me vai ouvir cantar e isso vai ser no céu, de certeza absoluta", vaticinou.
Após a morte da mãe, Marco Paulo viria a sentir a perda de uma forma feroz e, sabendo de antemão que isso iria acontecer, Maria Isabel Silva tratou de acautelar o futuro quando já cá não estivesse. Sabia que o filho iria continuar a precisar desse colo e pediu a uma amiga, que carinhosamente tratava por Milu, para ser a sombra, o ombro e tudo o que Marco Paulo precisasse em termos afetivos. A revelação é feita no livro 'Marco Paulo - Palco, Amores e Fé', da autoria do jornalista Miguel Azevedo, onde é relatado que Milu começou por ser uma das muitas fãs do cantor, na década de 80, até ganhar coragem para, no final de um concerto, se apresentar ao seu ídolo.
A partir daí, nasceria mais do que uma amizade: uma união inquebrável, que se estendeu à família e que fez com que, mais tarde, Milu se tornasse como uma segunda mãe para Marco Paulo.
Um dos momentos públicos mais intensos protagonizados pelos dois aconteceu no programa 'Depois da Vida', em que, alegadamente, se promoviam 'encontros' com pessoas que já tinham falecido, através de uma medium. Homem de fé, crente na vida depois da morte, Marco Paulo quis falar com a mãe. "A meio da entrevista, a médium inglesa Anne Germain voltou-se para o cantor e disse-lhe que naquele estúdio estava uma pessoa a quem a mãe tinha pedido um grande favor. 'Milu começou a chorar'", pode ler-se num excerto do livro que transmite bem a força que esta mulher teve na vida de Marco Paulo.
Mas não foi a única. Marco Paulo era gentil, tinha sempre um sorriso para dar às fãs, partilhava com tantas a devoção por Nossa Senhora de Fátima, a paixão pelas coisas belas e, quando era jovem, era conhecido por partir corações. Não no verdadeiro sentido do termo, por somar relações ou algo do género. Era precisamente o contrário. Marco Paulo significava para as fãs o amor platónico, inatingível, a tristeza de um amor que nunca seria correspondido.
No apogeu da sua carreira, foi adorado por muitas mulheres e da sua lista de fãs há uma história que fica para sempre: a de Rosa Amália, uma peixeira da Nazaré, que nunca chegou a casar porque no seu coração só havia lugar para um homem, Marco Paulo.
A MÃE DOS FILHOS... QUE NÃO TEVE
Ao longo da vida, só por uma vez correram zunzuns sobre uma paixão vivida pelo cantor. Aconteceu na década de 90 depois de Marco Paulo ter surgido na banheira com uma cantora espanhola. O alarido mediático foi tanto que até se chegou a falar que ia haver casamento entre o artista e Maria José Santiago. Foi a única namorada que alguma vez lhe seria apontada.
Depois da morte de Marco Paulo, a artista acabaria por falar sobre o tempo passado ao lado do cantor.
"Um homem que conheci há 30 anos. Fui a um programa de televisão com ele pela primeira vez - creio que 'Praça da Alegria' - e, a partir daí, a nossa amizade foi crescendo, crescendo até chegarmos a partilhar momentos muito agradáveis, momentos muito íntimos, como ser convidada, ano após ano, para passar a passagem de ano em Sintra com ele, e muitos outros momentos no verão", disse na TVI.
"Posso dizer muitas coisas sobre ele, é um homem muito especial, um artista, um divo. É um divo que vai ficar na História de Portugal, porque sei que muita gente o adora", acrescentou. Maria José Santiago não esteve na derradeira despedida a Marco Paulo que teve lugar em Lisboa, no sábado, 26, impedida por obrigações profissionais. "Não pude estar com ele na respetiva despedida, porque tenho de trabalhar. É o que acontece a nós, artistas. Com grande desgosto, não poderei acompanhá-lo. Mas ele sabe no Céu, onde está, que o levo sempre no coração e tenho muito amor por ele. Levo-o sempre e tenho muita dor, muita dor, porque o amo muito. Continuarei a amá-lo."
Mas se Maria José Santiago foi o único amor conhecido, com a artista Lenita Gentil acabaria por assumir ter uma ligação muito forte, numa altura em que os dois estavam no auge das suas carreira.
"Teve para ser mãe dos meus filhos", disse, em conversa com João Baião na SIC, ainda que admitisse que isso era uma espécie de brincadeira entre os dois, e que faz parte de uma admiração única que Marco Paulo tinha por quem partilhava com ele esta veia artística. "As nossas vozes casavam muito bem e sempre gostámos muito um do outro."
Enquanto isso, os dois, sentados lado a lado no programa da SIC, trocavam piropos. "Já nos conhecemos há mais de 50 anos e ele era um borracho naquela altura", disse Lenita, enquanto o cantor retribuía os elogios. "E ela também".
Continuariam por toda a vida a manter esta amizade próxima de quem se preocupa e quer saber como está o outro.
"Tínhamos uma ligação muito intensa, ligávamos muitas vezes um para o outro", admitiu Lenita já depois da morte do artista, que deixa saudades em milhares de portugueses, mas sobretudo de portuguesas, a sua mais fiel legião de fãs, que se encantavam com um homem que soube sempre ser gentil, afetuoso e meigo para quem o procurava. Talvez o último romântico da história do país.