
Quem se lembra do lançamento do autobiografia 'Becoming: a minha história' sabe da agenda cheia de entrevistas, palestras e debates de Michelle Obama e como a vida da antiga primeira-dama dos Estados Unidos passou a ser um entra e sai de carro, entra e sai de salas cheias, sempre rodeada de jornalistas. Mas a pandemia e a administração de Donald Trump transformou a mulher de Barack Obama em alguém que pára para tricotar.
A revelação foi feita por Michelle no seu novo livro 'A luz que nos ilumina', que em jeito de "caixa de ferramentas" a antiga primeira-dama dá dicas aos seus leitores para ultrapassarem os medos e as vulnerabilidades. Sem nunca ter sido grande fã de passatempos, Michelle, de 58 anos, é agora aquela 'tia' que faz tricô para afastar os fantasmas da mente.
O novo hobby está longe de ser o único negócio da antiga primeira-dama. No máximo, serve para dar umas prendas ao marido natural do Havai e "que fica constipado facilmente". Michelle passou os últimos quatro anos, desde que lançou o primeiro livro, a produzir conteúdos para plataformas para Netflix e Spotify, assim como faz palestras cujas remunerações são maiores que os ordenados anuais de muitos americanos.
"'Becoming: a minha história' constituiu o início de um dos períodos mais felizes e afirmativos da minha vida até ao momento. O livro recebeu excelentes recensões e, para minha surpresa, estabeleceu recordes de vendas em todo o mundo", recordou a autora. De acordo com o 'New York Times', trata-se de um dos livros mais vendidos de todos os tempos, 17 milhões de cópias até este ano.
A nova vida de produção de conteúdos dos Obama começou a se mostrar lucrativa ainda em 2017, quando assinaram um acordo de 60 milhões de dólares com a editora Penguin Random House para o lançamento de dois livros, um de cada. Barack lançou o seu dois anos depois da mulher, intitulado 'Uma terra prometida', que vendeu desde 2020 mais de 8 milhões de cópias.
Meses depois, a produtora dos Obama, Higher Ground, assinou um contrato com a Netflix para a produção de documentários e séries. O valor não foi revelado, mas o 'New York Times' comentava na altura que o acordo podia rondar os 50 milhões de dólares.
Em seguida os dois fizeram um contrato de três anos com o Spotify para o lançamento de podcasts, no valor de 25 milhões de dólares, e este ano decidiram sair da plataforma e mudar para a Amazon, onde cederam os direitos das vozes à Audible. Os pormenores deste novo acordo não foram revelados.
ESCALADA DA FORTUNA
Nos primeiros anos de casamento, a maior parte do rendimento do casal vinha do ordenado de Michelle Obama, como advogada e, mais tarde, diretora do Centro Médico da Universidade de Chicago. Michelle ganhava em 2006 cerca de 275 mil dólares anuais, e Barack 157 mil dólares anuais como senador. A fortuna conjunta dos Obama numa fase mais próspera, imediatamente antes da Casa Branca, era de 1,3 milhões de dólares, segundo o 'El Mundo'. Agora ronda os 135 milhões de dólares.
"Quando eu e Barack assumimos o compromisso de uma vida a dois, não foi porque houvesse um conjunto de garantias estabelecidas. Era impossível prever como as coisas iriam correr. Não tínhamos segurança financeira; ainda estávamos os dois a pagar empréstimos de estudante. Na verdade, casei com ele sabendo que era um contorcionista, sabendo que era alguém que, previsivelmente, iria sempre escolher o caminho mais difícil para a realização pessoal. Podia contar com o facto de rejeitar de forma sistemática qualquer solução padronizada e desafiar tudo o que aparecesse com demasiada facilidade. Estava empenhado em equilibrar-se entre diferentes trabalhos, recusando lugares confortáveis em empresas porque queria escrever, ensinar e manter-se alinhado com os seus valores", escreveu Michelle no novo livro.
Hoje em dia estes valores são muito superiores. Como presidente dos EUA, Barack recebia 400 mil dólares anuais, agora a sua pensão é de 200 mil. Outra grande parte do rendimento vem das palestras, um negócio milionário nos EUA que rende 400 mil dólares a Barack cada vez que ele aceita um evento. Michelle cobra 225 mil por evento.
AS CASAS DE MILHÕES E O APARTAMENTO IKEA EM LOS ANGELES
Depois de deixarem a Casa Branca, os Obama decidiram continuar em Washington enquanto se preparavam também para recomeçarem sozinhos, com as filhas a seguirem caminhos diferentes. A nova mansão dos Obama no bairro Kalorama custou 8,1 milhões de dólares, noticiou a imprensa norte-americana. No verão, os dois refugiam-se numa casa na famosa ilha Martha's Vineyard que compraram por 11,7 milhões de dólares em 2019. O terreno de 600 metros quadrados está localizado à beira mar, a casa tem sete quartos, nove casas de banho, uma suíte com lareira, duas alas dedicadas aos hóspedes, garagem para dois carros, deck, casa de barcos e piscina.
Sobre este lado mais privado, Michelle fala pouco no livro, descrevendo apenas como o marido gosta de jogar golfe e todos os anos a família voa para o Havaí nas férias de Natal. Mas sobre a nova vida das filhas e como as jovens contam os tostões para manter o orçamento, a antiga primeira-dama tem muito o que falar.
Malia, de 24 anos, e Sasha, de 21, decidiram viver juntas em Los Angeles depois de alguns anos em dormitórios partilhados com colegas de faculdade, revelou Michelle. Na busca pela nova casa, as duas irmãs viram pela primeira vez a necessidade de mobilar um espaço e pensar em listas de supermercado.
"Assim que pudemos, eu e Barack fomos visitá-las a Los Angeles. Sasha e Malia mostraram-nos o seu novo apartamento com grande satisfação. Tinham feito um bom trabalho a decorá-lo, recorrendo a vendas de garagem e a um Ikea ali perto, sem perderem de vista o orçamento. Dormiam em sommiers sem cabeceira, mas tinham arranjado umas colchas bonitas para os cobrir. Haviam comprado um conjunto de mesas de cabeceira originais numas velharias. Tinham uma mesa de sala de jantar, mas ainda não tinham encontrado cadeiras a preços acessíveis", contou Michelle no livro.
"Íamos jantar a um restaurante, mas antes insistiram em servir-nos uma bebida. Eu e Barack sentámo-nos no sofá e Malia foi buscar uma tábua com produtos de charcutaria, comentando que nunca imaginara que o queijo pudesse ser tão escandalosamente caro. 'E nem sequer comprei dos mais extravagantes!', exclamou Malia", relatou.
Toda a cena para a mãe centrou-se numas bases de copos. "Quando Sasha pousou as bebidas naquela noite, pensei em todas as bases de copos que ela e a irmã não se tinham dado ao trabalho de usar quando se encontravam sob a nossa alçada, em todas as vezes ao longo dos anos em que tentei tirar as manchas de várias mesas, inclusive na Casa Branca", relatou em tom de brincadeira.
As duas irmãs estão juntas em Los Angeles porque Malia, que terminou a licenciatura em Harvard no ano passado, está a trabalhar como guionista de televisão, atualmente numa série da Amazon, noticiou a 'People'. Sasha está a começar um novo curso, de Psicologia, na Universidade do Sul da Califórnia.