
O Ministério Público (MP) de Milão pediu esta quarta-feira, 25, seis anos de prisão ao ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi pelo pagamento de subornos às pessoas envolvidas no caso "Ruby Ter", o escândalo sexual revelado há 12 anos sobre as festas 'bunga bunga' do antigo político.
Berlusconi, de 85 anos, não é o único que está a ser julgado neste caso. O MP pediu a condenção de 28 pessoas por corrupção e falso testemunho. Entre os réus estão 20 jovens que participavam nas festas, incluindo a bailarina de dança do ventre Karima El-Mahroug, conhecida como Ruby, e que deu nome ao escândalo. A "Ruby rouba-corações" arrisca-se a cinco anos de prisão e a ter de pagar cinco milhões de euros à Justiça caso seja condenada. A Silvio Berlusconi são pedidos também 10,8 milhões de euros, além dos seis anos de prisão, segundo a agência 'Ansa'.
A jovem italo-marroquina esteve no centro da condenação de Berlusconi em 2013, quando um tribunal considerou que ele devia cumprir sete anos de prisão por abuso de poder e por ter pago para ter sexo com uma menor. Ruby tinha 17 anos.
Berlusconi viu a sentença cair no ano seguinte com o recurso dos seus advogados, argumentando que ele desconhecia a idade de Ruby, agora com 29 anos. Agora o caso concentra-se no suposto pagamento de suborno para que os pormenores das festas 'bunga bunga' não fossem revelados nem em tribunal nem à imprensa.
A lentidão deste julgamento foi abordada pelo próprio promotor, Luca Gaglio, esta quarta-feira, 25. "Se um julgamento pode levar a uma condenação em primeira instância, depois de oito anos isto significa que o sistema falhou", lamentou, citado pelo jornal suíço 'Le Matin'.
De acordo com o promotor, "a essas jovens foi prometido um pagamento mensal de 2.500 euros", bem como uma "casa" ou "alojamento".
Berlusconi sempre defendeu que os eventos eram "inocentes e elegantes" mas testemunhas no julgamento revelam que as 'bunga bunga' eram na verdade palco de orgias.
"ESCRAVAS SEXUAIS"
A procuradora-adjunta do caso, Tiziana Siciliano, foi mais longe na semana passada ao acusar Berlusconi de ter "escravas sexuais pagas".
"Berlusconi é um antigo amigo de [Vladimir] Putin e agora um homem velho. Ele era um sultão no seu harém. Um homem muito rico e poderoso, um primeiro-ministro que se fazia acompanhar de amigos como Putin - que agora coloca o mundo de joelhos. Berlusconi tará pago pelo silêncio das testemunhas com dinheiro, casas, carros e cavalos", acusou Tiziana Siciliano, acrescentando que nas residências do antigo político acontecia "algo moralmente questionável, medieval, incrível", uma "violência horrível contra as mulheres" que atualmente é "encarada com repulsa".
O homem que foi três vezes chefe de governo (1994-1995, 2001-2006 e 2008-2011) tem estado afastado do tribunal ao longo do julgamento por supostamente estar demasiado doente.