José Castelo Branco já confessou aos raros amigos que mantém, os que não o abandonaram após a acusação de violência doméstica contra a mulher, Betty Grafstein, que há pessoas a quererem "destrui-lo". E não esconde nomes: "aquela Marcella", assume, e "aquele filho que nunca ligou nenhuma à mãe e agora aparece". O antigo 'marchand d'art' - comerciante de arte - defende que Marcella Fernandes, nome ligado à noite e aos serviços de segurança, atual dona de um das mais famosas ex-casas strip tease de Lisboa, o Gallery, transformado pela empresária em restaurante, onde Castelo Branco chegou a fazer um show, se aliou a Roger, o filho de Betty, "por dinheiro".
E tal como o diz em privado, em "petits comités" - como chama aos jantares que organiza e mostra nas redes sociais, na casa de Marluce, onde mora - também o diz em público. Numa entrevista ao programa 'Dois às 10', a primeira desde o escândalo das acusações, Castelo Branco disparou contra a empresária inumerando processos judiciais nos quais teria estado envolvida.
Por seu turno, Marcella Fernandes já assumiu, também num programa da TVI, que foi ela quem "denunciou" a violência doméstica que José Castelo Branco alegadamente exerceria sobre Betty Grafstein, deitando por terra a teoria de que Abel Dias, amigo de longa data do casal, teria estado na base dessa denúncia.
Desde então, Marcella esteve ao lado de Roger quando este passou por Lisboa para transportar Betty para Nova Iorque, onde atualmente se encontra internada numa casa onde é assistida de forma continuada, tornando-se assim, assumidamente, a nova inimiga "número um" do marchand.
Não indiferente, mas tentando ignorar o poder que a empresária exerce sobre Betty e o seu herdeiro, Roger, Castelo Branco tenta "tocar a vida para a frente". Ainda na entrevista na TVi - sua "casa", como lhe chama - deixou um recado: estava disponível para apresentar ou participar num programa de televisão e nem percebia por que razão não o chamando, revelando ainda que o filho fora convidado para esse lugar.
A verdade é que foi Guilherme a ser chamado para um programa da Media Capital, o que confima a teoria de que a TVI não quer "misturas", ou seja, não chama Castelo Branco para concorrente de programas enquanto o seu nome estiver envolvido no processo de violência doméstica.
CONTAS PARA PAGAR
Sem trabalho e longe da "sua" Betty, o que é sinónimo de não conseguir encontrar fontes de rendimento no seuimento do escândalo, o marchand foi obrigado a raciocinar para encontrar soluções. Está a viver em casa da amiga de longa data Marluce, onde "paga renda" - já fez saber. "Sou um sobrevivente", disse a Cristina Ferreira no 'Dois às 10'. "Faço o que for preciso", assumiu, explicando que nunca teve "medo" de trabalhar. E não teve: fez shows de transformismo ainda jovem, na discoteca Trumps, conheceu a elite e tornou-se negociante de arte e foi nesse meio que conheceu Betty, com quem viria a casar. Continuou a fazer os seus próprios 'deals' até ser chamado para a TVI, em 2004 - vão passar agora 20 anos -, para dar cor à 'Quinta das Celebridades', então o novo reality show da estação, apresentado por Júlia Pinheiro (então na TVI) onde viria a tornar-se um fenómeno de popularidade - e uma máquina de fazer dinheiro.
Desde então a sua vida mudou radicalmente. Adorado por uns, detestado por outros, ele próprio vítima de preconceito graças ao ar andrógeno e ao temperamento narcísico, Castelo Branco passou a "desfilar" tanto nas passerelles de Nova Iorque como nas do povo português, fascinado pelo seu aspeto "diferente" e muitas vezes incompreendido. Nunca perdeu a pose - "como uma senhora não perde", diz - nem mesmo agora, num dos momentos mais angustiantes dos seus 61 anos de vida.
E como vai ser a partir de agora? A FLASH! sabe que Castelo Branco quer voltar ao mundo da arte, mas sobretudo, à televisão. E vê Guilherme, a estrear-se como comentador, e os 20 anos da 'Quinta das Celebridades' como uma porta para tal. Mas no campo televisivo tudo dependerá da evolução do processo judicial que envolve Betty Grafstein e, claro, do comportamento social que Castelo Branco - que não consegue calar a sua revolta em relação ao mesmo, apesar de estar aconselhado pelos advogados a não o fazer.
Há mais obstáculos que Castelo Branco terá de ultrapassar - como num jogo de computador - se quiser vender e fazer dinheiro. O acesso a parte da coleção de arte, deixada na casa de Sintra arrendada a Pedro Pico, com quem mantém um diferendo e acusa de roubo é um deles. Pelo meio existe ainda o "mistério" das joias desaparecidas, que já fez correr muita tinta publicamente, com denúncias de parte a parte de Castelo e de Marcella Fernandes - alegada guardiã das malas onde as mesmas supostamente se encontravam.
Tudo isto, porém, é a curto prazo, não a longo, quando o marchand se poderá ver privado, para sempre, da companhia de Betty, já com idade avançada e afastada dele. Tudo dependerá dessa distância, da evolução do processo de divórcio e, sobretudo, de algo incontrolável: tempo. É este que decidirá - em grande parte - se José Castelo Branco permanecerá um homem rico... ou nem por isso. Depende: de tempo e tribunais.
