A família real espanhola escolheu o Estoril para viver o exílio em Portugal. Os Borbón chegaram ao nosso país em 1946 tinha Juan Carlos oito anos. O final da infância e a juventude do jovem príncipe foram, por isso, vividas entre a elite portuguesa e internacional (havia outras famílias da realeza também a viver no Estoril).
Como circulavam no mesmo meio, Francisco Pinto Balsemão e o herdeiro do trono espanhol acabaram inevitavelmente por se cruzar numa ou outra festa do jet-set. A proximidade de idades (Balsemão era 4 meses mais velho que Juan Carlos) e o facto de ambos pertencerem ao mesmo círculo social acabou por uni-los.
Mesmo depois de Juan Carlos ter saído de Portugal – depois de ter sido chamado pelo general Franco para se apresentar em Espanha – a amizade nunca terminou. Disse Pinto Balsemão sobre o amigo: "Portugal continua a contar com D. Juan Carlos I como um amigo de sempre. Um espanhol que fala português. Um homem que não esquece a sua juventude no Estoril, onde viviam, exilados, os seus pais", elogiou.
Já numa entrevista ao programa 'Alta Definição', o dono da SIC falou da relação próxima com o rei emérito. "Trata o rei emérito de Espanha por sua majestade, ele trata-o por Chico", disse-lhe Daniel Oliveira e Balsemão confirmou: "É dos poucos que... felizmente. Eu detestava ser o Chico e não pegou essa do Chico, mas ele tratava-me por Chico."
Nessa mesma entrevista falou de como começou a amizade entre eles: "Tivemos uma relação de miúdos bastante íntima, sobretudo quando ele vinha cá. Quando estávamos ali, ele no Estoril, eu em Cascais, e isso depois prolongou-se à medida que fomos crescendo, à medida que eu fui tendo outras responsabilidades, e ele também. Fomos sempre conversando”, revelou Balsemão.
Há uma história muito divertida que remonta aos anos 50 e que foi contada pelo antigo primeiro-ministro de Portugal. Os dois, ele e Juan Carlos, ter-se-ão encontrado por acaso numa discoteca de Saint Tropez, na Riviera Francesa. Aí terão combinado trocar de carro. “O resultado foi que Juan Carlos e as acompanhantes saíram tranquilamente e nós fomos metralhados pelos fotógrafos, com o que não nos importámos nada, até porque isso aumentou extraordinariamente a nossa cotação com as francesas”, conta nas suas Memórias.
