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E depois de pagar os milhões? Quatro anos depois, Cristina Ferreira fecha a porta da SIC. Quais os lições que retirou e como a experiência "de pouca dura" mudou a sua vida

E se pudesse voltar atrás, faria tudo igual ou nem sequer teria posto os pés na SIC? Cristina Ferreira encerrou esta semana o "tema SIC". O que começou com uma guerra suja acabou com uma espécie de acordo de cavalheiros. A apresentadora e a estação de Balsemão chegaram finalmente a acordo quanto à quebra do contrato e fecharam um ciclo penoso, mas que trouxe muitos ensinamentos a Cristina que, no meio disto tudo, dizem, se perdeu no meio do seu próprio ego para agora encontrar o caminho de volta a casa.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
12 de dezembro de 2024 às 22:10
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Cristina Ferreira já não era uma miúda quando, no dia em que trocou a SIC pela TVI, o mundo lhe caiu aos pés, mas certamente que as aprendizagens, lições e tudo o que retira dessa período da sua vida terão sido das mais fortes e que a acompanharão durante muitos anos. 

É que, de repente, deixou de ser só a apresentadora queridinha dos portugueses e, sabe-se lá porquê, começou a gerar sentimentos contraditórios, acusada por muitos de só ver cifrões à frente, de se mover ao ritmo do capitalismo, de não ter coluna e rasgar contratos com a mesma leveza que soltava às suas gargalhadas à frente dos ecrãs. Foi um duro golpe para Cristina, que nunca tinha sentido, até ali, o travo amargo da fama e o apontar de dedo do público.

"Fui amada por um país durante muitos anos, e quando decido voltar para a TVI, eu não estava a fazer mal a ninguém… Só queria voltar a um sítio onde estava bem. Porque já não estava feliz onde estava e tinha tido uma proposta irrecusável. Mas as pessoas não perceberam, e magoaram-me. Eu não estava todos os dias no ar, as pessoas não me viam. Lá está: não me sentiam. Só quando voltei a estar diariamente com elas é que perceberam que a Cristina continuava ali, igual, como sempre."

O processo posteriormente movido pela SIC, em que lhe exigia uma exorbitante quantia de mais de 20 milhões, também a desgastaria a nível pessoal. Apesar do sorriso e da tranquilidade aparente, durante quatro anos, o assunto pendente esteve sempre ali a marinar, confrontando-a com o passado por encerrar, a porta entreaberta, ressuscitando demónios, recordando tempos que queria deixar lá atrás, o mal-estar com todos-poderosos da televisão a quem fechou a porta na cara.

O processo com a SIC chegou ao fim na última quarta-feira, numa espécie de acordo de cavalheiros selado pelas duas partes e que, pela forma como chegou a público, dá pistas que as duas partes quiseram fechar este ciclo a bem. Na notícia, tornada pública pelo órgão de comunicação com mais notoriedade do grupo, o 'Expresso', e assinado pelo próprio diretor-adjunto dava conta que a apresentadora tinha aceitado indemnizar a SIC, com o processo a chegar ao fim sem sobressaltos e de forma pacífica. O valor final do acordo foi mantido em segredo e, desta vez, nem houve fontes a dar com a língua nos dentes, tanto de um lado como do outro imperou o silêncio, o que revela talvez a maior cordialidade entre as partes desde que a polémica estoirou, há quatro anos.

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Cristina Ferreira não se conforma com indemnização a pagar à SIC e responde de volta

CRISTINA REGRESSA À ESSÊNCIA

O regresso à TVI e o processo megalómano com a SIC teve, também, o condão de como que devolver Cristina à terra. Quando voltou, pela porta grande, e novo cargo à estação de Queluz de Baixo, a estrela foi acusada de, de repente, como que perder o chão. Para muitos, perdeu-se dentro do seu próprio ego, embalada pelo poder recém-conquistado, e as redes sociais tornavam-se então numa plataforma em que quem está com Cristina desde o início não se revia: os luxos, a ostentação quase que passavam uma borracha na apresentadora da Malveira, que sempre criou empatia por estar ao lado do público, em vez de em exposição num pedestal. 

Se a mudança foi notada, a marcha-atrás também não passou despercebida. Não se sabe o que fez Cristina voltar a ser a 'saloia da Malveira', se os ensinamentos do processo com a SIC, se a consciência de que, num dia somos os maiores e no outro dia geramos sentimentos de ódio e revolta, ou se, como muitos também apontam, o facto de ter reencontrado o amor a fez reconectar-se com valores que estavam adormecidos. Certo é que a estrela está mais terra-a-terra e mais tranquila, agora que lhe saiu um peso de cima - mas também alguns milhões da conta bancária.

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Cristina Ferreira emite comunicado e garante nunca ter faltado aos seus compromissos

No fim do dia, terá percebido que as guerras, os braços de ferro, os jogos de poder e tudo aquilo que não controla são coisas com as quais de nada adianta se desgastar pois não têm um impacto real naquilo que é a essência da sua vida.

"Estou no sítio onde cresci, é para lá que volto todos os dias. É muito fácil nesta profissão andares a planar e sentires-te maior do que os outros. Quando voltas ao teu sítio, percebes que não mudou nada. Isso foi crucial para eu nunca virar parva. Estar naquele sítio é muito melhor do que estar na televisão. Ninguém compreende isso… Sei o que é o reconhecimento dos outros quando na rua me abordam, quando tenho um lugar no restaurante que outra pessoa não teria porque digo que é para a Cristina Ferreira… Há milhares de vantagens. Mas adorava que, quando saio da televisão, ninguém soubesse quem sou. Era aquilo de que eu mais gostava, porque preciso tanto de ser, só ser. Tento manter sempre essa distância, entre a Cristina da televisão e a Cristina da vida real. A da televisão é a mesma, só que está numa situação de purpurinas."

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