
Estamos em pleno Agosto. Está calor. A temperatura chega aos 35 graus. E se este ano tivesse seguido o exemplo dos últimos 30 anos, as aldeias e vilas estariam repletas de festas e romarias. Haveria petiscos, gelados e cerveja gelada na rua. Haveria de se ouvir canções das Bombocas, do Toy, da Ruth Marlene ou da Mónica Sintra. Este seria o mês que tradicionalmente colocaria à prova os músicos, bailarinas e cantores...
Mas quando Março de 2020 chegou... tudo o que era tradição acabou.
Já lá vão 18 meses desde que os espetáculos terminaram abruptamente. De um momento para o outro, os meses de verão deixaram de ter como banda sonora nos largos das aldeias músicas como 'Chama o António', 'Chupa no Dedo', 'Dá-me o Teu GPS' ou 'Na minha Cama com Ela'.
No ano passado não houve concertos. Neste, começaram a aparecer os primeiros raios de luz. "Mas não é a mesma coisa", conta à FLASH! Sérgio Rossi. "Já atuei em França, na Suiça... em salas enormes para apenas 400 pessoas - todas com teste covid feito ou então com certificado digital. Aqui já dei espetáculos com pessoas sentadas ou muito longe do palco. Falta ali qualquer coisa", conta.
"Estamos a regressar agora, depois de meses e meses parados, a sofrer, a ver que não podíamos fazer nada... mas confesso que sabe a pouco" Sérgio Rossi
Sérgio Rossi
"Nós estamos a regressar agora, com todas as regras impostas pela DGS, com máscaras, com distanciamento social, com as pessoas sentadas. Dá algum alento. Depois de meses e meses parados, a sofrer, a ver que não podíamos fazer nada... mas confesso que sabe a pouco. O que eu sempre gostei num concerto foi a minha capacidade de ler o público e formatar o espetáculo nesse sentido. E agora, confesso é difícil. Faz-se, mas sabe a menos", revela o cantor que admite ter fãs "muito ativas" e que muitas vezes, por causa das regras impostas, "têm que estar muito longe do palco. Faz-lhes diferença a elas... e a mim", confessa o cantor.
Rosinha afina pelo mesmo diapasão. "Eu bato palmas àquelas pessoas que foram aos... quatro concertos que dei até agora!", começa por contar à FLASH!. "Estão ali sentadas, não podem dançar... é que uma coisa é ouvir música clássica ou até romântica, que uma pessoa ouve sentadinha, outra são canções populares, que pedem um 'agarra agarra', umas coreografias. E eu bato palmas à coragem de quem consegue ir aos espectáculos assim", diz-nos.
"Uma coisa é ouvir música clássica ou romantica, que uma pessoa ouve sentadinha, outra são canções populares, que pedem um 'agarra agarra'"
Rosinha
Toy, também já fez atuações em Alcobaça e Portimão. "Aquele cheirinho do palco... cheirava a novo", diz em tom de brincadeira. "Tinha muitas saudades, não só de cantar para as pessoas, mas da equipa, da camaradagem, de por as pessoas cantar... porque a dançar ainda não se pode...", diz saudosista.
"Isto vai aos poucos, mas já deu para tirar a barriga da miséria", diz o cantor que explica à FLASH! que atuar em programas de televisão como 'Domingão' ou 'Somos Portugal' "não é bem a mesma coisa, especialmente agora que nem sequer há público", revela. "Foram meses muito duros. Eu parei de contar quando cancelei o meu centésimo concerto", conta.
"Foram meses muito duros. Eu parei de contar quando cancelei o meu centésimo concerto"
Toy
Um número idêntico ao de Rosinha. "Pois parei de contar...foram e são tantos. A agenda para 2022 está compostinha mas eu não quero já pensar de barriga cheia", conta. "Foram meses duros. Eu felizmente tive o 'All Together Now', que adorei fazer, mas confesso que não é a mesma coisa que ir para a estrada. Foi giro, mas para quem faz isto como eu há 15 anos, sentia falta dos músicos, das minhas bailarinas, da minha equipa, de estar ali no palco a dizer as minhas graçolas... mas não me queixo e agradeço à TVI, à RTP e SIC por nos deixarem continuar a promover os nossos trabalhos no palco deles".
RENASCER COM A PANDEMIA Toy tal como Rosinha também se reinventou. Ela como jurada... ele com mil e um afazeres.
Joana, a voz de 'Dá-me o Teu GPS', teve sorte. A artista é também maquilhadora "e isso não afundou por completo as minhas contas", revelou à FLASH!. Contudo a cantora, com uma carreira de 24 anos, garante viveu "uma situação complicada", conta. "Eu tenho outra atividade para além de cantar mas as minhas contas foram sempre a pensar na música e, subitamente, ela desapareceu. E isso baralha qualquer orçamento".
Contudo, não deu o tempo da pandemia por perdido. "Passei os últimos meses a gravar temas novos, à espera de ter tempo para os cantar para o público e a trabalhar como maquilhadora. Mas tudo isso causa imensa ansiedade" e hoje só pensa "em voltar a subir ao palco. É verdade que as televisões nos permitem cantar, mostrar a nossa arte mas não há nada como a estrada. Eu habitualmente passo o verão todo a correr a zona de Trás-os-Montes e Norte e este ano no anterior não tive nada", conta a algarvia "que há anos que não ia à praia no verão".
Ruth Marlene brinca dizendo que mata "saudades com as atuações nos programas de televisão". Para a cantora este período tem sido difícil mas ao mesmo tempo permitiu-lhe fazer uma pausa "para ser operada a uma vista. Tinha uma catarata. E foi bom para estar com as minhas filhas (Morgana e Luna). Mas estou cheia de saudades de subir a um palco. Editei ainda para mais um disco ('Queres é Festa') e queria ir mostrá-lo ao público".
Para já isso só vai acontecer "em versão acústica", conta. "Para já, concertos, só em camiões. "
Com saudades de subir a um palco anda também Romana. "Nem me falem disso", começa por dizer. "Eu mais que todos estou cheia de vontade. Como sabem fui mãe antes mesmo da pandemia e na altura já estava a desejar. Hoje só anseio pelos bons tempos, em que havia concertos de norte a sul do pais", diz.
De tal forma que afirma estar "destreinada" que até teme "não saber como se faz", diz a rir. "Estou a brincar, mas a verdade é que sei que quando voltar vou estar cheia de frio na barriga, muito nervosa. Eu preparo-me sempre imenso, mas...n ão sei como vai ser. Espero que corra bem".
Mónica Sintra também deseja que tudo se componha. "Acima de tudo acho queou estar cheia de adrenalina. Eu ensaio sempre muito antes de subir a um palco, mas não sei. Agendados para já tenho concertos para 2022, mas espero conseguir cantar novamente por este país fora, este ano. A ver se a pandemia deixa. Vai ser o teste aos nervos", diz.
Já Joana garante que o que sente é "ansiedade e uma vontade enorme de voltar. Mas já nem consulto o meu road manager para ver se tenho datas. Porque sempre que o faço elas desaparecem. Ele já me disse que só volta a dizer-me dois dias antes. Acho que até vou bater palmas"
E O DINHEIRINHO? De dinheiro ninguém fala.
Ruth Marlene, Toy e Sérgio Rossi também se escusam a números até porque "não fica bem", diz a cantora. Já eles explicam que houve quem tenha passado "por dificuldades maiores, como os músicos. Nós podemos fazer outras coisas; para os músicos é pior por isso não é tema que valha a pena", diz Toy.