
Houve um tempo em que Algarve era sinónimo de elite. Bastava abrir as revistas de sociedade das décadas de 80, 90 e 2000 para ver páginas com um verdadeiro desfile de rostos conhecidos da televisão e do jet-set nacional.
Se o T-Clube na Quinta do Lago - hoje Cuá Cuá - era a Meca da elite que queria ver e ser vista, com o passar dos anos a casa de José Manuel Trigo começou a ter de abrir portas e novas gerações. Já não eram só os políticos em férias, as figuras da televisão, "as" "Lilis" e "Álvaros" Caneças que ali passavam: já eram também os famosos sem dinheiro mas com imagem na televisão que gostavam de se mostrar no local da elite.
No final dos anos 90, início de 2000, a concorrência ao T aumentou. Luís Evaristo arrastava para a sua Casa do Castelo, em Albufeira, não a velha elite mas a nova burguesia: jogadores de futebol, estrelas da televisão em ascenção, manequins... todos ali eram bem vindos e as noites tornavam-se cada vez mais badaladas.
Ao mesmo tempo, na Oura, os tradicionais Kiss e Liberto's Bar continuavam a arrastar joagdores de futebol e público que queria privar de perto com eles.
O fecho de portas da Casa do Castelo, nos primeiros anos de 2000 espalhou os famosos, recolocando Vilamoura no centro da movida algarvia, com o Niki Beach e as primeiras casas com a asinatura de Fátima Lopes, mas também levando-os para Portimão, onde o Sasha Beach Club dava que falar, e para a Praia Verde. A noite estendia-se e, mais do que isso, começava a democratizar. Uma nova figura surgia no mapa: João Magalhães, um "beto" da "Linha" que, incompatilibizado com Fátima Lopes abria as primeiras casas em nome próprio, até hoje se tornar rei da noite algarvia.
Nascia o Bliss, nascia o No Solo, o Agua Moments, depois o Praia e a noite passava a ter Vilamoura como centro da "movida".
20 anos depois, o que mudou no Algarve?
Para começar os famosos "desapareceram". Ou melhor, espalharam-se por outras paragens. Já não estão só no Bliss. Surgem por lá - não em festas organizadas para serem fotografadas pela imprensa, mas quando lhes apetece - pelo Praia na Vila (onde a imprensa não pode fotografar), pelo Cuá Cua, na Quindo do Lago, e por uma série de pequenos bares que abrem portas a todos os que se querem divertir no Algarve, com ou sem "famosos" em redor. Melhor exemplo do que se passa? Este ano a TVI transferiu a famosa festa de verão para Lisboa, para o espaço Sud, junto ao rio. A SIC nem sequer fez festa de verão, como era tradição. Novos tempos...
A noite democratizou-se e tornou-se muito mais inclusiva. O mais não significa do que seguir tendências atuais mundiais. E os famosos? Andam por aí, misturados com os anónimos, fazendo eles próprios a sua revista de imprensa nas redes sociais. Há algo mais democrático do que isso?