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Pode cair, mas não há vírus que a destrua. Quem é o homem que salva Marta Temido nos momentos mais difíceis

Após a demissão, Ministra já só quer voltar para a sua vida anónima ao lado do marido, Jorge Simões, o homem que não a deixou sozinha enquanto esteve no Governo e que agora a ampara quando ela já só quer esquecer os últimos meses de pesadelo.
01 de setembro de 2022 às 23:22
Marta Temido: queda
Marta Temido: queda
Marta Temido: queda
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Marta Temido: queda
Marta Temido: queda
Marta Temido: queda
Marta Temido: queda
Marta Temido: queda

Foi uma despedida sem glória. Depois de ter mantido firme durante toda uma pandemia, Marta Temido capitulou. A morte de uma grávida, após meses de crise nos serviços de obstetrícia, foi o ponto de viragem para a Ministra da Saúde, que assumiu não ter mais condições para se manter na liderança.

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Marta Temido cai ao chegar ao Ministério da Saúde

É o fim de uma jornada de quase quatro anos à frente do Ministério da Saúde mas, apesar da intensidade dos momentos que viveu no Governo, Marta Temido não deverá ter dificuldade em adaptar-se às antigas rotinas. Discreta e avessa às luzes da ribalta, passou a andar acompanhada por um segurança ao longo dos últimos tempos, mas nunca se habituou à sua nova sombra e, por exemplo, sempre que precisava de ir ao mercado, dispensava-a de funções.

Agora, neste regresso abrupto às origens, Marta, conta com o seu grande apoio, o marido Jorge Simões, que em casa 'nunca a deixou cair', nem mesmo nos piores momentos. Junto há vários anos e sem filhos, o casal tem uma relação à prova de polémicas e o companheiro não pensou duas vezes, por exemplo, em deixar a presidência do Conselho Nacional de Saúde quando Marta Temido assumiu a pasta da Saúde para não gerar incompatibilidades.

"É evidente que não é fácil. Somos dois indivíduos, cada um tem o seu percurso, cada um tem o seu espaço profissional, mas neste caso poderia gerar dificuldades de percepção", disse a ex-ministra sobre a decisão do marido em renunciar ao cargo.

PAIXÃO EM TERRAS ALGARVIAS

Muita coisa mudou na vida de Marta Temido depois de ter entrado para o Governo, mas a então ministra fez questão de que a maioria se mantivesse tal como estava. As férias foram exemplo disso. No auge da fama que a pandemia lhe trouxe, não abdicou dos habituais dias de descanso na Praia Verde, no Algarve, e no verão do ano passado, as fotos em que aparecia de biquíni verde ao lado do marido, de chapéu de palha correram o país.

Marta Temido e o marido, Jorge Simões, no Algarve
Marta Temido e o marido, Jorge Simões, no Algarve Foto: Cofina Media

Sobre a multidão que não tirava o olho de si, a ex-ministra de António Costa garante que foi um aspeto difícil de lidar. "As primeiras férias depois de estar neste lugar foram muito penosas. Eu não sabia que as pessoas iam ficar a olhar para mim. Ficava muito desconfortável", admitiu, adiantando, no entanto, que a maioria das abordagens foi "simpática".

E mesmo no Algarve, Marta Temido manteve as rotinas de sempre. A ministra dispensou os restaurantes da moda e fazia reservas através da internet (usa uma aplicação que dá descontos, apurou a FLASH!) em locais pouco badalados, onde comia bem e tentava passar despercebida, apesar de nunca conseguir.

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Em lágrimas. Marta Temido emociona-se ao destacar papel do Instituto Ricardo Jorge durante pandemia

O APOIO EM CASA

Em 2018, Marta Temido assumiu aquela que seria certamente a pasta mais difícil do Governo, uma vez que estávamos em plena pandemia. Com o marido, também professor catedrático, a reunciar ao seu principal posto de trabalho, a ministra contou, mais do que nunca, com o apoio de Jorge Simões em casa, onde passava cada vez menos horas, face às inúmeras dores de cabeça que aumentavam com o número de casos de Covid-19.

Jorge Simões, marido de Marta Temido
Jorge Simões, marido de Marta Temido Foto: Cofina Media

"As famílias sofrem muitos com estas nossas vidas, às vezes temos de os pôr um bocadinho de lado por causa das nossas vidas. Mas não posso desistir, seria uma cobardia", admitiu Marta, que não tem filhos.

Com a pasta da Saúde a não lhe deixar quase tempo livre, Marta assume que deixou de fazer o que quer que fosse em casa e que passou a ser o marido a assegurar tudo. "Não há rotina. Cozinhar é completamente impossível porque nos 'dias bons' chego pelas 22h. Tenho muito apoio do meu marido e estou totalmente dispensada das tarefas domésticas até ao fim do surto", disse ao 'Expresso' durante a pandemia.

Mas o país resistiu à Covid-19 e foi preciso Portugal começar-se a respirar sem máscara para Marta Temido ser apanhada pelo vírus. Com o caos nas urgências dos hospitais, começaram os tiros no pé para a ministra, que apelidou os médicos de pouco "resilientes" e os enfermeiros de "criminosos", esteve envolvida na polémica do aborto [ao ser anunciado que os médicos de família poderiam ser avaliados pelas interrupções voluntárias da gravidez das suas pacientes] e culminou com a morte trágica de uma grávida, que perdeu a vida numa ambulância, ao ser transferida do Hospital de Santa Maria para o São Francisco Xavier por o principal hospital do país não ter meios disponíveis caso fosse preciso provocar o parto à mulher, que apresentava há vários dias um caso grave de tensão alta na gravidez, denominado de pré-eclâmpsia.

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Ala obstétrica em funcionamento: Camas da sala de partos do Hospital Santa Maria totalmente ocupadas

Apesar do quadro negro que marcou a sua saída, Marta também viu algumas vozes saírem em sua defesa, nomeadamente figuras públicas, como Cristina Ferreira, que agradeceram o trabalho que desempenhou pela saúde do país. "Obrigada. Acho que é a única coisa que lhe podemos dizer. Fez o melhor que sabia e podia. Das vezes em que esteve comigo e conversámos, senti o quanto lhe pesava o cargo e o não conseguir fazer mais [...] Terá chegado ao limite", escreveu Cristina.

O limite de Marta Temido chegou e, aos 48 anos, já só quer voltar para a sua vida anónima. Embora nos próximos anos, poucos se deverão esquecer da ministra que teve tanto de salvadora da pátria como de malfadada.

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