
Assinalam-se esta segunda-feira, dia 8 de setembro, três anos desde a partida de Isabel II e muita coisa mudou nas dinâmicas da família real britânica, que não quebrou apenas o ciclo do reinado mais longo da história, teve de iniciar mudanças necessárias para não perder o comboio dos novos tempos e conseguir uma relação mais próxima com os súbditos.
Na verdade, tudo começou por uma extrema necessidade e foi Kate Middleton o motor da mudança quando, há mais de um ano, era obrigada a esclarecer o que se passava com a saúde. Podia ter-se escudado apenas num comunicado, remetendo as explicações para os porta vozes da 'firma', podia ter alegado que era uma questão do foro privado e que só a si dizia respeito, mas sentou-se num banco de jardim, gravou um vídeo e, 'olhos nos olhos' do mundo, admitiu estar a braços com uma doença oncológica, disse o que já tinha feito, o que ia ainda fazer e como precisava do seu espaço para se restabelecer junto dos seus, como era duro explicar aos filhos que a mãe estava doente. Ao mostrar-se frágil, e sem capas, iniciava uma nova forma de estar na família real e que se diz que será a imagem de marca de William e Kate no dia em que se tornarem reis.
Mas para já, o trono é de Carlos III, numa altura em que, ele próprio fragilizado do cancro, tenta encontrar o equilíbrio entre o manter-se presente nos deveres reais e o lutar pela sua saúde, que exige descanso e resguardo. Em Inglaterra, comenta-se que é uma questão de tempo até abdicar e que é nesse dia que será operada a derradeira mudança em relação ao reinado de Isabel II, porque William e Kate querem levar a coroa numa outra direção, mais adaptada aos nossos dias, numa mudança que se tornou imperiosa também desde que Harry e Meghan Markle deixaram a família real, há cinco anos, atirando o nome da coroa para a lama.
Em mais do que uma entrevista, disseram haver racismo na família real britânica e Meghan poria, pela primeira vez, o nome de Kate na berlinda, admitindo que a cunhada não se comportou como deveria nas vésperas do seu casamento, levando-a às lágrimas. Face às polémicas, William cortaria relações com o irmão, enquanto Carlos se mostra mais ponderado, tentando resolver as questões como faria a mãe: por um lado, com mão de ferro quando é preciso, mas por outro com a devida margem de tolerância que dita o politicamente correto. Sobre o monarca, de 73 anos, diz-se que é um rei de transição e que, apesar de em muitos aspetos se mostrar mais próximo das pessoas do que Isabel II, terá sempre um estilo de liderança muito próximo da mãe, cumprindo escrupulosamente aquilo que esta definiu, como por exemplo manter o príncipe André fora da vida pública, mas ser dúbio com Harry não lhe fechando completamente a porta.
E é isso que tem feito, principalmente nos últimos tempos, em que o príncipe tenta sondar o pai relativamente a uma aproximação à família real. Diz-se que Harry se sente desgostoso com a vida nos Estados Unidos e que estará arrependido da forma como lidou com a sua saída, tentando agora recuperar o tempo perdido e nisso só o pai o poderá ajudar, uma vez que William se mostra completamente irredutível, com o argumento de que perdeu a confiança no irmão.
Por estes dias, Harry está em Inglaterra para participar nos WellChild Awards, tendo estado em Windsor para prestar homenagem à avó. No entanto, é expectável que a visita sirva também para se iniciar um novo acordo de paz com o pai, que poderá estreitar as bases de uma aproximação, numa altura em que se fala que o príncipe anseia, mais do que nunca, por um regresso, numa fase em que o seu casamento com Meghan já terá visto melhores dias.
BUCKINGHAM, UM PALÁCIO FANTASMA
A morte da rainha Isabel II alteraria também algumas questões institucionais na coroa, nomeadamente o papel do Palácio de Buckingham, onde residia. Após a sua morte, Carlos surpreendeu ao manter a sua residência em Clarence House, em Londres, pelo que o palácio passou a ter um papel meramente simbólico, deixando de servir como residência dos reis.
Na mesma linha de mudança, William também já revelou que não irá mudar-se para Buckingham quando for rei, mas sim manter a residência em Windsor. Atualmente a família vive na Adelaide Cottage, para onde se mudou durante a pandemia de forma a ter mais qualidade de vida, mas encontra-se, neste momento, a remodela um castelo, na mesma localização, com espaço a perder de vista e que em tempos foi ocupado por Eduardo VIII, que abdicou do trono para se poder casar Wallis Simpson.
Trata-se do carismático e amplo Fort Belvedere que irá sofrer uma reestruturação profunda para acolher os príncipes e os seus filhos, em custos que fonte do Palácio já fez saber serem suportados a título individual pelos príncipes de Gales, que se assumem cada vez mais como os novos rostos da família real, preparando-se a todo o momento para o dia em que se tornarem reis.