
O magnata do hip hop Sean "Diddy" Combs colocou a nu nos últimos dias os terrores que estão por detrás das acusações de violência física, psicológica e sexual que têm vindo a público desde o ano passado. Num vídeo divulgado pela ‘CNN’, o público pôde ver o cantor de 54 anos a dar pontapés e a arrastar a ex-namorada Casandra Ventura no corredor de um hotel, em 2016.
Anteriormente conhecido como Puff Daddy, Diddy enfrenta desde 2023 uma série de acusações e é alvo de uma investigação federal por suposto tráfico sexual.
A modelo e cantora Cassandra Ventura, mais conhecida como Cassie, já tinha feito queixas contra o ex-namorado no final do ano passado, mas o caso não chegou a tribunal por ter sido feito um acordo em privado. As acusações no entanto abriram portas para outros quatro casos. A última queixa foi feita em fevereiro pelo produtor Rodney "Lil Rod" Jones, que alega ter sido vítima de assédio sexual.
De acordo com a ‘People’, Lil Rod acusa Diddy de ter tocado nos órgãos genitais do produtor e de andar nu à sua frente. Além disso, o rapper terá mostrado um vídeo de Stevie J a ter relações sexuais com um homem para argumentar que era "uma prática normal da indústria musical". Na altura, o magnata do hip hop negou todas as acusações.
Mas com a divulgação do vídeo das agressões contra Cassie, o cantor não teve escolha a não ser reagir admitindo a violência. "O meu comportamento naquele vídeo é indesculpável", disse Diddy no Instagram, acrescentando que ficou "enojado" e "procurou ajuda profissional" após o incidente, incluindo terapia e reabilitação. "Estou comprometido em ser um homem melhor a cada dia".
O advogado de Cassandra Ventura, Douglas Wigdor, não quis deixar as palavras do músico apagarem as imagens. "O vídeo angustiante apenas confirmou ainda mais o comportamento perturbador e predatório de Combs". Douglas Wigdor é conhecido por ser um dos rostos da defesa das vítimas do escândalo #MeToo. É o fundador da empresa de advogados que enfrentou Harvey Weinstein e que agora está a defender A.M. Lukas, a realizadora que acusa o ator português Nuno Lopes de a ter violado em 2006.
Além da divulgação das imagens dos pontapés a Cassie, a ‘CNN’ noticiou também este final de semana que o ex-casal estava no hotel naquele dia porque o cantor terá obrigado a então namorada a fazer sexo com prostitutos enquanto ele observava. Quando o rapper adormeceu, Cassie então terá tentado fugir do quarto mas foi apanhada no corredor, onde sofreu as agressões que acabaram por ser filmadas.
Por Portugal, uma nova acusação de violência doméstica tem movido o debate público. As acusações contra José Castelo Branco também têm colocado um holofote sobre o tema, que, segundo um relatório da Procuradoria-Geral da República, 22 pessoas morreram no ano passado vítimas de violência doméstica – entre as quais 17 mulheres, três homens e duas crianças, noticiou a ‘SIC’.
Já em números de denúncias, foram 30 mil queixas registadas pela PSP e pela GNR no ano passado, sendo que houve cerca de duas mil detenções que resultaram destas investigações.
No caso de Castelo Branco, que é casado há 28 anos com Betty Grafstein, a acusação centra-se num suposto empurrão que terá levado a uma queda da milionária de 95 anos e a uma fratura do fémur. O socialite nega as acusações, afirmando que Betty caiu três vezes no dia em questão e tem mostrado sinais de alucinação. Castelo Branco aguarda em liberdade enquanto decorrem as investigações.
O CASO #METOO NOS DIAS DE HOJE
A principal consequência do movimento #MeToo, que se espalhou em 2017 com milhares de denúncias de sobreviventes, foi o reforço no combate à violência sexual. Não é por isso de estranhar que sete anos depois ainda há casos que não querem calar. David Copperfield e Gérard Depardieu são dois nomes que no último mês voltaram a ver-se a braços com novas queixas.
O ilusionista de 67 anos foi acusado por 16 mulheres de conduta sexual imprópria, metade delas dizem que eram menores quando os atos terão acontecido, três delas alegam ter sido drogadas por David para terem relações sexuais, noticiou jornal britânico The Guardian.
Brittney Lewis é uma das alegadas vítimas, e já tinha contado a sua história em 2018, afirmando ter sido drogada e vítima de abuso sexual aos 17 anos. Outra mulher, que não foi identificada, disse ter tido uma experiência semelhante, de supostamente ter sido drogada com uma amiga para terem atos sexuais com o ilusionista.
Quatro mulheres alegam ter sofrido apalpões em atuações, à frente do público. Três delas eram menores na altura dos incidentes.
Através dos advogados, David Copperfield negou as acusações, afirmando que não foram apresentadas queixas ou reclamações nos locais onde atuava na época, e que "drogas não fazem parte do seu mundo". O ilusionista "nunca agiu de forma inadequada com ninguém, muito menos com uma menor", sublinharam os advogados.
O MONSTRO DO CINEMA FRANCÊS VAI SER JULGADO
Gérard Depardieu regressou a França em abril e foi detido para interrogatório na sequência de novas acusações de crimes sexuais. A procuradoria de Paris então decidiu levar o ator de 75 anos a tribunal em outubro para ser julgado por crimes alegadamente cometidos contra duas mulheres com quem trabalhou em 'Les volets verts', em 2021.
Em 2018, no meio do escândalo #MeToo, Gérard Depardieu foi acusado por dezenas de mulheres por assédio e violência sexual, entre as quais estavam atrizes e maquilhadoras que com ele trabalhavam, e que descreveram comentários, apalpões e abuso de poder.
Dois anos depois, a atriz Charlotte Arnould avançou com uma queixa-crime contra o ator por dois atos de violação sexual. Este caso ainda está sob investigação da justiça francesa.
No ano passado, a jornalista Ruth Baza decidiu apresentar uma queixa-crime na polícia espanhola contra Gérard Depardieu por violação sexual, que terá acontecido em 1995. A jornalista descreveu às autoridades que foi agarrada e beijada pelo ator sem o seu consentimento. Ruth dizia ter sido vítima de assédio sexual, mas as autoridades espanholas interpretaram o caso como violação sexual. Recorde-se que os crimes sexuais em Espanha passaram a estar sujeitos a maiores punições recentemente com uma mudança na lei.
Também no ano passado, a atriz Hélène Darras acusou o ator de assédio sexual por ter sido importunada ao longo das gravações do filme 'Disco'.