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Uma vida de batalhas: Marta D'Orey enfrenta bloco operatório, oito anos depois de comover o País com a sua luta

Há oito anos, a história de Marta, de 19 anos, gerava uma onda de comoção, com a jovem a depender de uma botija de oxigénio para viver, e com apenas 14% da função respiratória. Um tratamento experimental devolveu-lhe a normal juventude, cresceu profissionalmente, casou-se, até que este ano um duro diagnóstico a voltou a colocar à prova. "De uma consulta para a outra, 'cancro' deixou de ser só uma palavra. Passou a ser uma possibilidade em forma de bola de ténis", escreveu, revelando que, em breve, irá enfrentar a cirurgia.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
06 de novembro de 2025 às 20:40
Marta D'Orey enfrenta cirurgia após luta com problemas de saúde desde 2017
Marta D'Orey enfrenta cirurgia após luta com problemas de saúde desde 2017

Em 2017, Marta D'Orey tinha apenas 19 anos de idade e comovia o País com as suas partilhas de força e resiliência. Depois de uma gripe A mal curada, em março do ano anterior, a jovem desenvolveu uma bronquiolite obliterante pós-infecciosa, uma doença rara e incapacitante, que afeta os pulmões, e que, de um dia para o outro, lhe roubou a juventude convencional, levando-a viver com apenas 14% da função respiratória. De repente, dependia de botijas de oxigénio, passava os dias no hospital e em cima da mesa estavam alguns cenários-limite: ou fazia um transplante pulmonar – uma decisão que queriam evitar, devido à baixa taxa de sucesso – ou se submetia a um tratamento experimental, que ninguém sabia muito bem que impacto teria na prática. 

Por essa altura, Portugal já estava preso ao testemunho de Marta, até porque, na sua juventude, conseguia passar muito bem para palavras o que lhe ia na alma. Sensível, escrevia longos textos na sua conta de Instagram em que, longe de se vitimizar, mostrava, por outro lado, aquilo que a agarrava à vida, a beleza dentro dos dias mais difíceis, fazendo com que a sua conta de Instagram gerasse uma onda de amor e partilhas de muitas caras conhecidas. Com milhares de seguidores, as vitórias de Marta passaram a ser celebradas por tantos que nem sequer conhecia, e quando o tratamento experimental deu certo foi uma enorme explosão de alegria.

"Estava a começar um tratamento que não estava definido no protocolo para tratar esta doença rara. Fiz sem saber bem quais seriam as repercussões e os efeitos. Consistiu numa série de injeções mensais, aliadas a outros tratamentos. Aos poucos, comecei a reagir, não no sentido de uma cura ou de voltar à normalidade, mas de uma melhoria significativa do meu estilo de vida", contou, no final de 2017 à 'Caras', celebrando as boas notícias e o facto de ter deixado de depender de uma botija de oxigénio, com a devida cautela.

"Agora já não estou a fazer o tratamento, estabilizei. Mas ninguém sabe qual irá ser a evolução. É como apalpar terreno às cegas, mas enquanto estiver bem, houver ar para respirar e pernas para andar, oriento-me."

Marta D'Orey, hoje copywriter, voltava, então à normalidade dos dias, com as devidas cautelas, até porque para ela uma constipação nunca seria apenas um mal menor e a sua saúde exigia vigilância apertada. No entanto, de todos os cenários, a jovem experienciou o melhor e ao longo dos anos seguintes pudemos vê-la nas redes sociais entre a banalidade dos dias e os momentos felizes, como o casamento com o arquiteto Vasco Lima Mayer, ao lado de quem enfrenta, oito anos depois do suplício de hospitais, mais um duro diagnóstico.

A partilha foi feita pela própria Marta nas suas redes sociais, ao estilo metafórico, tem dado conta do turbilhão de emoções que assola a sua vida desde que lhe foi detetado um tumor num rim, aos 28 anos. "De uma consulta para a outra, 'cancro' deixou de ser só uma palavra. Passou a ser uma possibilidade em forma de bola de ténis", escreveu no Instagram, para de seguida acrescentar: "Quando a ouvi, engoli em seco. Não há copo de água que a faça passar mais facilmente. Quer queira, quer não, quer saiba, quer ignore, esta bola traiçoeira está alojada em mim. Quando lavo os dentes, quando adormeço a ler, quando bato os ovos, quando subo escadas rolantes... Faça o que fizer, vá eu onde for, ela está comigo, há anos. Quieta e calada. Agora, quando finalmente se apresenta, é-me estranha, ao ponto de me fazer duvidar se não será outra pessoa.

Um tumor de 10 centímetros que a vai levar ao bloco operatório. "Cá vamos nós, eu e a minha bola de beisebol, rumo ao nosso primeiro date. Finalmente frente a frente ao fim de anos a coexistir siamesas", escreve, com a esperança de que em breve lhe seja devolvida a normalidade, por que tanto anseia, mesmo que demonstre uma capacidade notável de erguer a cabeça perante uma previsão de tempestade. "Muita gente pergunta como é que aguento. Um par de pulmões ressentidos com uma gripe, um coração descompassado, comprimidos engolidos à força, terapias de choque e agora, em vez de uma cereja, um rim com um tumor no topo do bolo. Eu só me aguento porque tenho um truque. Foi um enfermeiro que mo ensinou. Numa noite, mostrou-me o corta mato para dar a volta por cima da dor. É simples, basta desviar as atenções", escreve num momento duro que a leva de volta a 2017 quando a sua vida abanou perante uma perspetiva de fatalidade que Marta venceu. Oito anos depois, os milhares de seguidores anseiam agora pelas mesmas boas notícias, num contexto diferente.

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