
A viúva de Carlos Paião, Zaida Cardoso, recordou "o pior dia" da sua vida, quando recebeu a notícia da morte do marido e como esconderam tudo o que tinha acontecido para a proteger.
"Naquele dia o Carlos tinha saído de casa umas horas antes com as brincadeiras dele habituais, despedimo-nos e foi buscar os técnicos de som e luzes. Passado pouco tempo fui trabalhar. O meu pai me telefonou a dizer que o Carlos tinha tido um acidente grave e estava em estado grave", contou Zaida em entrevista à 'Casa Feliz', da SIC.
"Não me quis dizer logo. Só quando cheguei a casa dos meus pais é que soube exatamente o que é que se tinha passado e que o Carlos tinha mesmo falecido. Eles já tinham essa notícia só que não ma quiseram dar por telefone", lembrou.
"É um golpe duríssimo. Terá sido o pior dia da minha vida até hoje. E depois... perder um talento que estava a desabrochar e uma obra que estava no seu início, era a pontinha do iceberg. O Carlos tinha muitíssimo mais para dar", declarou ainda.
Zaida sente que teve "o privilégio" de sentir-se "profundamente amada" pelo companheiro, que morreu num acidente de carro aos 30 anos, em 1988.
Apesar da tragédia, Zaida não consegue se desfazer da guitarra que o músico tinha consigo no momento do acidente, que tem marcas.
Hoje em dia, 34 anos depois, ouve "muitas vezes as músicas do Carlos, com muita saudade e nostalgia. Mas é sempre um momento agradável, o tempo apazigua as coisas e as lembranças são boas".
Boatos negados
A morte de Carlos Paião está no centro de um maiores boatos de Portugal. Diz o mito urbano que o cantor, vítima de um brutal acidente em Rio Maior quando ia para um concerto em Penalva do Castelo, foi enterrado vivo e que quando levantaram as ossadas encontraram o caixão arranhado por dentro e os ossos revirados. Uma lenda que Zaida Cardoso desmistificou, sublinhando que o corpo do autor de 'Playback' e 'Pó de Arroz' foi autopsiado em Lisboa.