Eduardo Barroso admite diante as câmaras "a maior ilegalidade" que cometeu para salvar um doente da morte certa

O conhecido cirurgião e sobrinho de Maria Barroso e Mário Soares confessou diante das câmaras da SIC Notícias uma história que viveu minutos antes de entrar para o bloco operatório. A história terá mais de 20 anos e nunca foi confessada publicamente, tal como Eduardo Barroso fez questão de realçar.

"Apareceu um doente de raça negra em coma hepático. Se não fizesse um transplante nas próximas horas, morria. Felizmente, tivemos um fígado para o transplantar", começou por contar o clínico no debate sobre Saúde no qual foi questionado sobre a frequência com que imigrantes ilegais são tratados no Serviço Nacional de Saúde.

Só que minutos antes de entrar no bloco operatório, alguém da equipa, que não foi identificada por Eduardo Barroso alertou-o: "Senhor professor, este doente não existe. É um imigrante ilegal, nem a embaixada tem conhecimento da sua existência". Assim sendo, a operação teria de ser abortada já que o doente que estava entre a vida e a morte não teria direito a ser transplantado.

"Sabe o que é que eu disse a essa pessoa? 'Olhe, esta conversa só existiu daqui a 15 minutos'. E fiz a cirurgia", admitiu aquele que é um dos nomes mais importantes na área do transplante hepático. Assumiu, assim, diante das câmaras de televisão que cometeu  "a maior ilegalidade" de toda a sua carreira profissional. 

"Um rapaz de 20 anos" foi submetido ao transplante e salvou-se. Eduardo Barroso acabou por deixar um desafio aos candidatos à Presidência da República: o que teriam eles feito na sua posição?