O acordo secreto! Simone de Oliveira recorda pesadelo que viveu na guerra colonial e o medo de ser violada
A cantora de 84 anos foi enviada a Angola para atuar para as tropas portuguesas. No meio da guerra teve de lidar com decisões difíceis.
Simone de Oliveira viveu momentos de tensão em 1962 quando foi enviada com Lurdes Resende, Mara Abrantes e Deolinda Rodrigues para Angola, com o objetivo de atuar para as tropas portuguesas a combater na guerra colonial.
Ao todo foram 99 concertos, às vezes três por dia, segundo disse em entrevistas recentes. Esta quinta-feira, 2, a cantora recordou mais uma vez uma das conversas mais difíceis que teve com as outras cantoras.
"Tínhamos feito um pacto, as quatro mulheres. Acontecesse o que acontecesse, se alguém se tivesse metido connosco – não temos nada a dizer de ninguém –, nós calaríamos porque eles seriam encostados à parede e fuzilados", disse Simone em entrevista a Júlia Pinheiro.
A cantora tinha 23 anos quando teve esta conversa. "Eu era a mais nova, a Lurdes tinha mais anos que eu, estava grávida da segunda filha", disse ainda.
Felizmente as cantoras ficaram a salvo de qualquer abuso e violação sexual, mas o medo esteve sempre presente. A viver as situações de perigo da guerra, Simone recordava os dois filhos, António e Eduarda, de 3 anos e 1 ano na época, frutos de uma relação com um homem que acabou por ir viver em Moçambique neste mesmo período, António José. As crianças ficaram à guarda dos seus pais em Portugal.
O pior era "não perceber por que é que tínhamos sido mandados para ali, o que é que estava a acontecer", disse a Júlia.