Responsável pelos êxitos de Marco Paulo faz revelações inéditas que deixam cantor em xeque
Mário Martins foi um dos mais importantes produtores discográficos nas décadas de 70 de 80 e desvendou alguns segredos sobre o cantor.
Mário Martins foi um dos mais importantes produtores discográficos nas décadas de 70 de 80 e foi responsável pelas carreiras de artistas como Marco Paulo, Carlos Paião, José Cid, Toy e António Variações, entre muitos outros.
E foi precisamente Marco Paulo o principal assunto da conversa intimista que o antigo produtor da Valentim de Carvalho teve com Júlia Pinheiro no programa da tarde da SIC.
Mário Martins começou por recordar que a primeira vez que viu e ouviu Marco Paulo foi num programa de televisão de Cidália Meireles, onde eram apresentadas as novas vozes do panorama nacional. A primeira impressão foi que Marco tinha uma excelente voz e presença, mas faltava-lhe algo.
"Os artistas tinham ou não tinham talento, e a minha função era estar ali a ver o programa para ver se algum deles tinha possbilidades de vir a ser outra coisa. Nessa altura já trabalhava na Valentim de Carvalho. Apareceu um que tinha presença e tinha boa voz, só não tinha era boa cabeça. Estamos a falar do Marco Paulo", apontou o produtor.
Mário Martins elogiou então o talento natural do cantor. "Tinha uma voz que nunca mais se esquecerá, porque era uma voz com harmónicos, que é uma coisa que é raro acontecer. Ele era naturalmente afinado e com um timbre que era único, como se viu. Qualquer canção na voz de Marco Paulo era uma canção de se tornar a ouvir. Naquela coisa, eram muitos, eu devo ter escolhido dois, três, sei lá, para umas provas seguintes. Ele passou essas provas, fez aquilo com uma perna às costas porque a voz dele era excecional, única", elogiou.
O produtor revelou então que foi ele que lhe sugeriu a maior parte das adaptações de músicas estrangeiras que se viriam a tornar os maiores êxitos da sua carreira... embora tivesse sempre de enfrentar alguma resistência por parte de Marco.
"Os maiores sucessos, os imortais, é o 'Tenho Dois Amores' e 'Ninguém Ninguém'. Ele não queria cantar o 'Dois Amores' mas nunca explica porquê, não explica o critério, se é que tem algum. E não é a primeira, nem a segunda vez que recusa. Eu depois insistia com ele e ele acabava por aceder a cantar as minhas sugestões", contou.
Mário Martins recordou então um episódio passado no México, onde tinham ido para participar num festival e onde viriam a descobrir a versão original de 'Maravilhoso Coração'.
"Ele teve esta expressão que nunca mais me esquecerei", começou por dizer.
"O Marco Paulo nunca saía do quarto, estava sempre no quarto, a fazer caracóis e aquela coisa (...) Íamos naquele dia almoçar fora (...) e eu vou ao quarto do Marco Paulo, que estava sentado, com os caracóis, a ver um programa de televisão, mas a transmissão não estava em boas condições, e estava um grande cantor mexicano a cantar, e eu disse-lhe 'É aquela canção que vais cantar no festival', e ele disse 'O quê, a canção daquele piroso?'. Mas cantou, que remédio. Cantou a canção e tornou-se um êxito aqui, como já se tornara lá", revelou.