Um país que aplaude José Raposo demasiado baixo? "Quis dar luz sem pedir luz em troca"

Pedro Chagas Freitas usou as suas redes sociais para dizer publicamente o pensa de José Raposo, um dos atores mais acarinhados pelos portugueses: "O José Raposo é espantoso. Digo-o sem hesitação, sem pudor, sem necessidade de o relativizar com um 'no seu registo' ou 'no contexto nacional'. Não. É espantoso e seria espantoso em qualquer ponto do mundo. Ponto final", começa por escrever o escritor.

"O que faz atravessa-nos a pele, instala-se algures entre o espanto e a gratidão. Onde toca, transforma. Onde aparece, fica. É um senhor dos raros, dos que não nos deixam voltar ao mesmo lugar: leva-nos, transporta-nos, numa magia a que só pode chamar-se arte", considera Pedro Chagas Freitas.

E continua: "Mais do que o talento absurdo, há nele uma humanidade que me comove até aos ossos. Durante o internamento do Benjamim, o José apareceu como os grandes aparecem: sem fazer barulho, mas com uma presença total. Todos os dias uma mensagem, um gesto, uma mão estendida no meio do aperto. Quis ir ao hospital, animar os miúdos, levar vida, fazer rir quem parecia só saber chorar. Quis dar luz sem pedir luz em troca. Como é que alguém tão grande continua tão generoso?", questiona ao mesmo tempo que revela a grandeza de caráter do ator.

E termina com uma consideração: "O país aplaude-o. Eu acho que aplaude baixo. Pode ser que isso mude. Pode ser que todos consigamos aprender a amar quem não precisa de gritar para ser gigante."