João Rendeiro avisou sobre a
falta de condições na prisão de Westville, em Durban, conhecida pelas graves
rixas entre grupos rivais que já resultaram em ferimentos graves e morte de alguns reclusos.
Construída para receber
6023 reclusos, a prisão é uma das maiores de África, com cerca de 10 mil reclusos, mais quatro mil do que é suposto. Os presos dividem-se em 50 por cada cela. O estabelecimento é também conhecido pela
"corrupção, extorsão e abusos frequentes" tanto de presos como de alguns guardas, já dizia um relatório de uma comissão de inquérito de 2006.
Os guardas são acusados de facilitar as saídas da prisão. "Isto estava a ser feito com total conhecimento e assistência dos guardas. Um recluso desfrutou de intermináveis visitas conjugais à sua mulher, outro permaneceu em vários hotéis da cidade enquanto ainda estava preso e também saiu da prisão com um guarda para comprar um motor para ser instalado no veículo do mesmo guarda prisional", diz aquele documento.
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June Marks, advogada do ex-banqueiro confirmou que este foi encontrado enforcado na cela. Esta tinha uma relação tensa com João Rendeiro e ia deixar o caso.
Nos últimos 16 anos, pouco mudou e as denúncias dos abusos continuaram a aparecer na imprensa sul-africana.
Em 2019, por exemplo os vídeos de "uma festa de cocaína" foram divulgados no jornal 'Sunday Times'. Outro vídeo "revela guardas prisionais a dar armas a reclusos e a instigá-los a lutarem uns contra os outros".
As acusações de Rendeiro sobre a prisão
Através dos seus advogados, o ex-banqueiro queixou-se a
António Guterres das condições miseráveis em que vivia na prisão de Westville, onde estava detido preventivamente desde 13 de dezembro.
Na carta que fez chegar ao
secretário-geral das Nações Unidas, João Rendeiro denunciou já ter sido alvo de várias
"tentativas de extorsão", pois os presos sabem que foi banqueiro, e acusou os seus carcereiros de compactuarem com várias violações dos direitos humanos no interior do complexo penitenciário.
João Rendeiro estava escondido num hotel de luxo na região turística de Durban. Veja as imagens
O ex-presidente do falido Banco Privado Português (BPP)
contou ainda que havia "mais de 50 pessoas na cela" e que
não havia "roupa de cama verdadeira" disponível, apelando a que a Comissão da ONU para os Direitos Humanos inspecionasse "o mais depressa possível" Westville.
Rendeiro sentia-se "seguro", "mas,
quando forçado a misturar-se com outros prisioneiros, a situação torna-se incontrolável", diz o documento assinado por June Marks, advogada do ex-banqueiro.
Na mesma carta, a advogada referiu um episódio em que Rendeiro ficou doente com "febre alta e uma tosse clara", tendo apenas sido visto por uma enfermeira. "
Não há instalações médicas reais em Westville e não há equipamento para monitorizar a condição. Solicitei que o cliente fosse tratado por um especialista cardiologista e não recebi resposta", explicou.
As refeições eram dadas "duas vezes por dia", revelou Rendeiro, tendo que "poupar algum tipo de comida para uma espécie de jantar, se conseguirem".
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Últimas imagens do ex-banqueiro João Rendeiro ainda em vida