
A morte de Luís Aleluia, aos 63 anos de idade, chocou o País e Júlio Isidro não escapou a esta onda de sincera consternação. Nas suas redes sociais, o apresentador da estação pública fez uma longa reflexão: "NÃO ME SAI DA CABEÇA... a notícia, que eu desejaria ser a maior mentira do mundo, era verdade. O momento do telefonema na distância, e a confrontação da realidade, visitam-me em cada dia que passa sem ele. Já me senti de luto por tanta gente do meio artístico, mas quando as partidas têm os contornos do inexplicável, chocam pelo inesperado, questionam-nos de porquês. E a saudade corrói de forma diferente", começou por escrever.
O consagrado profissional da TV portuguesa questiona de seguida: "Então, não estava tudo bem? Os abraços sorridentes e calorosos eram despedidas não anunciadas? E nós não pressentíamos? Que dor é essa que nos leva a concluir que a solução é o... nada? Desta vez, foi o meu querido Luís Aleluia, muito bom ator, mas que, só agora, quando o revejo ou ouço, me apercebo de uma mágoa mal representada. A pele do optimista não estava bem vestida. Que escaras purulentas são essas que nos empurram para um adeus precoce?"
Prossegue Júlio Isidro, emocionado: "O profissional competente, com trabalho regular, uma família sólida com um projeto de solidariedade para com os artistas mais velhos, carentes de conforto físico e espiritual, a que se entregava com convicção e entusiasmo, rodeado de muitos amigos... decidiu deixar-nos. Não me sai da cabeça. Os dias vão passando e restam apenas em mim as insónias onde lhe faço companhia. Se o mundo gostava tanto do Luís Aleluia, porque é que ele lhe disse adeus?", volta a interrogar-se.
"A morte é mesmo o nada... só o próprio poderia dizer-nos das razões do seu gesto definitivo... mas esse ato final é o testemunho do vazio, do silêncio. Passados alguns dias, e depois de saber que, na minha RTP Memória, passaram um 'Inesquecível' com o Luís como convidado especial, fui buscar um outro programa onde dou os parabéns à querida Anita Guerreiro e se fala da Casa do Artista. Lá está o Luís a projetar futuro, a revelar iniciativas, a transbordar de generosidade", recorda o apresentador.
Júlio Isidro termina: "A Casa do Artista vai continuar. Nós estaremos um dia entre Cúmulos e Nímbus a celebrar a eternidade com toda essa gente das artes que os poderes tantas vezes desprezam ou ignoram, excepto quando os artistas são bons figurantes para arrecadar votos de interesse. Hoje, o 'Inesquecível' traz à Memória, a Casa do Artista, a Anita Guerreiro, o Luís Aleluia, o TEC e essa coisa bonita, frágil, absorvente, escravizante, que é esta estranha forma de vida."