
Maria Botelho Moniz anunciou, neste domingo, o cumprir de um sonho que já durava há muito tempo: finalmente foi mãe. A apresentadora de 39 anos não conseguiu esconder um rasgado sorriso na primeira fotografia partilhada com o público em que surge com o bebé Vicente, fruto da sua relação com Pedro Bianchi Prata.
Para concretizar desta ambição duradoura, contudo, a anfitriã do ‘Dois às 10', da TVI, teve de reunir todas as suas forças para não baixar os braços perante as injustiças que a dilaceraram e marcaram indelevelmente ao longo do caminho que trilhou até este momento.
Em 2014, Maria Botelho Moniz vivia um momento feliz na sua vida profissional. Apresentava o ‘Curto Circuito’, na SIC Radical, projeto que lhe providenciou o reconhecimento público que entretanto solidificou enquanto comunicadora – tem, paralelamente, uma carreira como atriz, que inclusive a levou a tentar a sorte nos Estados Unidos, país onde estudou a arte da interpretação – e estagiava na produção de conteúdos do ‘Queridas Manhãs’, conduzido por Júlia Pinheiro e João Paulo Rodrigues.
Nada a fazia preparar para o pesadelo que a assolaria eternamente, a morte do seu noivo, Salvador Quintela, num acidente de mota, poucos meses antes da data em que iriam subir ao altar: "Senti-me viúva com 29 anos. Mas a dor da perda é a dor mais universal. Por muito remendo, por muito que esteja tudo colado, por muito que as gavetas estejam arrumadas, nós já não somos a mesma pessoa. Porque um dia o telefone tocou e disseram-nos que a pessoa que mais amamos no mundo deixou de existir", referiu, numa entrevista à série ‘Labirinto – Conversas sobre saúde Mental’, do ‘Observador’.
Os sentimentos iniciais foram de impotência e de profunda tristeza, que são refletidos numa outra afirmação muito emotiva feita ao ‘podcast’ do amigo e ex-colega no ‘CC’ Rui Maria Pêgo: "No início mesmo início, eu achei: ‘Eu nunca vou sair deste buraco. É impossível eu recuperar disto. A única coisa que me vai manter viva e que me vai manter de pé é o meu trabalho’. Eu não pensei: ‘Eu vou atirar-me ao trabalho e, ao mesmo tempo, fazer este processo porque, do outro lado do túnel, há a luz. Não, não havia luz, eu estou no fundo do poço, mas eu sei que tenho de continuar a viver."
A solidão que sentia levou-a a adotar uma cadela, Hope, tentando assim amenizar o mais possível o caráter delicadíssimo da fase que atravessava: "Eu sentia-me abandonada e ela foi abandonada. (…) Às vezes penso que foi uma decisão um bocadinho precipitada, porque estava mesmo muito frágil, mas foi a melhor decisão que tomei, porque trouxe outra alegria àquela casa, trouxe de volta o meu sorriso", disse à ‘Caras’, em novembro de 2014.
Quatro anos mais tarde voltaria a passar por uma perda impactante, com a morte do seu pai, José Carlos Botelho Moniz, de forma súbita, aos 74 anos. "O melhor contador de histórias que conheci", disse do progenitor, sendo incapaz de esconder a mágoa por não o ter por perto a testemunhar o seu sucesso profissional e as conquistas pessoais recentes: "Pensar que nunca me levará ao altar e saber que nunca pegará nos meus filhos ao colo faz-me sempre chorar", constatou, lavada em lágrimas, numa emissão especial de Dia do Pai do ‘Dois às 10’.
Após tanta dor, Maria Botelho Moniz voltaria a ter motivos para sorrir em 2020, ano em que reencontrou Pedro Bianchi Prata – que havia conhecido pela primeira vez oito anos antes, por ocasião de uma entrevista sobre o rali Dakar, na SIC – e no qual se tornou apresentadora dos "extras" do 'Big Brother', logo após ter trocado Paço de Arcos por Queluz de Baixo, onde passaria, após uma subida a pulso, a ser um dos nomes incontornáveis dos nossos ecrãs.
A química que Maria e Pedro sentiam levou a apresentadora a baixar a guarda e a mostrar-se pronta para voltar a viver uma aventura romântica, que dura até aos dias de hoje, ainda que a paixão tenha acabado por recuperar traumas do passado: "Quando eu senti que me estava a apaixonar eu agarrava-me a ele e dizia ‘Por favor, não morras’ (…) e ele coitadinho ficava tão aflito porque ninguém pode prometer isso, não é?", contou enquanto convidada do talk show de Manuel Luís Goucha.
O medo transformar-se-ia em conforto e a história de amor culminou num pedido de casamento do piloto de ralis durante uma viagem às Maldivas, em julho de 2022. Este capítulo, todavia, ficaria em pausa, já que o casal priorizou o outro desejo, de ser pais, que haviam iniciado um ano antes.
A paternidade provou-se um desafio mais árduo do que inicialmente pensado e Maria Botelho Moniz temia que se afigurasse impossível: "A meio de 2022 decidimos ir a um especialista de fertilidade ver se se passava alguma coisa. Fomos a uma clínica no Porto e não detetaram nada. A médica que nos seguiu disse 'É uma questão de tempo, mas sei que para vocês o tempo é um bocadinho apertado. Não estou a falar com um casal de 20 anos'. Eu tinha 38 e o Pedro, 48", frisou a Cláudio Ramos, no 'Dois às 10'.
Por isso, avançou para medicação que estimulasse a ovulação, mas seis meses depois não se tinha revelado uma ferramenta frutífera, tendo depois começado a tentar engravidar através de fertilização ‘in vitro’: "O primeiro ciclo durou duas semanas, e o meu corpo não reagiu como queria. Tivemos que deitar o ciclo abaixo. É muito difícil.(…) Fui-me um bocado abaixo. Janeiro foi um mês muito complicado", explicou.
A coincidir com este processo, Maria Botelho Moniz foi alvo de críticas ao seu corpo numa crónica no jornal ‘Correio da Manhã’: "Isto é tão injusto e é pura maldade. E qual é o objetivo?", protestou, numa outra ida ao formato conduzido por Manuel Luís Goucha, apesar de se ter mostrado feliz por todo o carinho que recebeu por parte dos fãs. Na altura, não abriu o livro publicamente, mas pôde fazê-lo pouco depois, em maio, quando deu a notícia que sempre quis dar aos seus espetadores do ‘Dois às 10’: a de que iria mesmo ser mãe.
Em fevereiro de 2014, um mês antes da tragédia que lhe mudou a vida, Maria afirmava que "o sorriso é a saída para qualquer situação". A partir de agora, esse sorriso será também o do pequeno Vicente.