
José Cid sentiu-se melindrado pela polémica causada nas redes sociais pelas suas declarações sobre Amália Rodrigues, em outubro passado, para a revista da Junta de Freguesia de Alvalade em Lisboa – "Amália nunca foi muito à bola comigo, porque eu vendia mais discos na Valentim de Carvalho e ela nunca aceitou que uma pessoa mais jovem vendesse mais. Amália não lidava bem com o êxito dos outros" – e decidiu esclarecer qual era mesmo a sua opinião sobre a lenda do fado.
Tudo começou com uma história, que já havia sido, em parte, reproduzida, pelo próprio: "A Amália tinha gravado um programa para a RTF comigo e esteve quatro dias em minha casa, a minha mãe já era viúva. Senti que havia uma cumplicidade entre elas contra mim medonha, eu senti ao longe que as duas velhas estavam a conspirar contra mim [risos] E eu fiz-me de distraído", afirmou o músico de 81 anos ao podcast 'Posto Emissor', da 'Blitz', acrescentando que nem trabalhar com Amália "conquistou" a sua mãe, que alega pouco o elogiou pela sua carreira de sucesso.
"Gravámos o programa, eu a montar a cavalo à volta de uma igreja a cantar o D. Sebastião e a Amália nas escadas da igreja a cantar fado. Quando a Amália se despediu, virou-se para mim e não agradeceu, disse-me: ‘Olhe' – que era como ela sempre se dirigia a mim' – 'onde é que eu teria chegado se tivesse tido uma mãe como a sua’. Eu respondi: ‘Oh Amália, mais longe era impossível, é a maior cantora do mundo da sua geração. Se esta senhora fosse sua mãe e a Amália dissesse com 17 anos que iria cantar fado para Lisboa, levava um par de chapadas e era fechada num quarto com correntes", acrescentou José Cid.
"Isso foi uma forma delicada de eu dizer à minha mãe: ‘Agora fui eu que te lixei’. Não tinha buraco no chão para se meter, porque era verdade. As redes sociais começaram a dizer que eu tinha dito mal da Amália, eu nunca diria. Contei uma história verdadeira. Eu amava a Amália e ela não me podia ver, e dava para escrever um livro, mas não vou continuar com essa polémica", concluiu o músico, que ganhou o estatuto de figura de culto com o seu trabalho de 1978, '10000 anos entre Vénus e Marte'.