
Paulo Rangel foi o convidado de Daniel Oliveira em 'Alta Definição', da SIC. O eurodeputado decidiu revelar nesta entrevista a sua opção sexual. Uma confissão que surpreendeu, sobretudo por ser tão inesperada: "Evidentemente, Deus gosta de nós como nós somos. Deus não está assim tão interessado naquilo que se passa dentro do quarto de cada um".
"Tenho sido alvo de uma campanha difamatória", assumiu a propósito da divulgação de um vídeo onde parecia cambalear nas ruas de Bruxelas, onde se encontrava à época. Mas neste conversa com Daniel Oliveira falou-se muita da família, da educação e até de assuntos ainda mais privados.
O apresentador da SIC perguntou se depois da morte dos pais o eurodeputado passou a ser mais livre acabando a conversa na opção sexual de Paulo Rangel: "O que acontece é que vivi sempre discretamente. É a vida privada e, portanto, não é nenhum segredo, mas também não é uma coisa para ser colocada nos jornais ou nas televisões", garantiu o eurodeputado dizendo que nunca escondeu a sua sexualidade. "Quem tinha que saber, sabia!".
"É evidente que esta conversa que estou a ter aqui, não a teria tido até 2019, mas apenas para proteger a minha mãe. Não porque não fosse uma coisa que as pessoas não soubessem. Nunca fiz disso um segredo", garantiu Rangel para completar: "Temos de proteger um pouco as nossas famílias, (…) e essas pessoas não têm de ser objeto desse escrutínio, elas não escolheram isso".
"Essa conversa [sobre a sexualidade] nunca existiu com os meus pais. É um processo. O direito à diferença tem de passar pelo direito à indiferença", continuou não sem de reforçar: "Gosto de ser como sou".
Paulo Rangel explicou que sempre foi discreto para proteger o seu "núcleo familiar mais íntimo", mas que a sua sexualidade nem foi algo que percebeu desde sempre. "Foi um processo natural de descoberta, que passou depois por um processo de recusa".
O eurodeputado do PSD diz que pertence a uma geração que estas coisas não eram faladas assim tão livremente: "Don't ask, don't tell, do Bill Clinton, essa é a minha geração", explicou. "Há um caminho. Por volta dos 22, 23 anos as coisas pacificaram-se. Foi uma descoberta gradual... em que se passou da descoberta, recusa, ignorância..." "Estar na vida pública tem exigências e esta é especialmente duras" "Falar sobre isto, neste momento da sua vida, exigiu quanto tempo de reflexão