
David Motta foi durante anos amigo próximo de José Castelo Branco e Betty Grafstein. Frequentou a casa do casal e foi "adotado" pelo "conde". Só que o stylist acabou por tomar o lado da joalheira quando rebentou o caso de violência doméstica. Esta tarde, segunda-feira, 30, é David quem partilha o vídeo em que a norte americana confirma publicamente as agressões físicas que sofreu às mãos do ainda marido.
"Com todo o rigor e seriedade que o momento impõe, passo a partilhar o seguinte, não sem antes esclarecer o contexto que me leva a fazê-lo. Foi-me solicitado — ainda que, cumpre dizê-lo, fortemente desaconselhado por muitos — que tornasse público este vídeo. O pedido chegou-me por parte de um grupo restrito, mas profundamente leal e atento, composto por amigos próximos e familiares da Betty, que têm acompanhado com constância e preocupação o seu percurso desde a chegada a Nova Iorque e consequente internamento na casa de repouso e recuperação onde hoje se encontra", começa por escrever o stylist.
E continua: "Não sei se me foi dirigido este apelo por acreditarem que a minha voz possa conferir outra credibilidade, distinta daquela de outras plataformas ou pessoas que anteriormente difundiram o mesmo conteúdo; se pelo facto de há mais de duas décadas ser amigo íntimo e próximo da Betty e do José, casal cuja união ultrapassou os trinta anos e cujo caso se tornou entretanto um tema mediático de grandes proporções — mas a verdade é que, após ponderação cuidada e serena, e tendo em consideração que este pedido me foi feito por alguém que muito admiro, alguém que sempre me acolheu com generosidade e com quem aprendi, ri e cresci ao longo dos anos, senti que não o poderia ignorar."
David Motta presta expçicações: "Sei que este tipo de publicação destoa do tom e do propósito desta plataforma, que utilizo maioritariamente com fins profissionais. Ainda assim, sempre me pautei por seguir aquilo que o meu instinto e o meu coração ditam — e, neste caso, a minha intuição, somada ao conhecimento de determinados elementos ainda não tornados públicos, impeliram-me a agir."
"Todos os dias muitos homens também são vítimas, sim. Mas, pelo menos em Portugal, são ainda demasiadas as mulheres que perdem a vida em silêncio, vítimas de ciclos de abuso e invisibilidade. Este caso, pese embora os seus contornos mediáticos, cor-de-rosa e até, para alguns, excêntricos ou sui generis, deve ser encarado com a mesma gravidade e respeito que qualquer outro — porque nenhum de nós sabe qual poderá ser o desfecho de tudo isto", considera o stylist.
E continua: "O que desejo, sinceramente, é que o José consiga recompor a sua vida com dignidade e verdade, respeitando a vontade da mulher que tanto afirma amar — permitindo-lhe permanecer na tranquilidade, no sossego e na paz dos cuidados em que até agora esteve protegida. Porque amar, no seu sentido mais pleno, é saber também quando é tempo de recuar", lembra para acrescentar: "Cortei o vídeo de forma a preservar o que entendo ser essencial e verdadeiramente relevante na mensagem da Betty. Fi-lo tanto por respeito à sua vontade expressa, como pelo sentimento de inquietação profunda ao imaginar o pânico que possa estar a viver, sabendo que a curta distância se encontra o seu ainda marido — o mesmo que ela própria denunciou, e contra quem, pela legislação americana vigente, não existem actualmente quaisquer restrições legais, o que, cumulado com a ausência de matéria suficiente para fazer avançar o processo de divórcio naquele país, configura uma situação delicada e alarmante."
Diz ainda David Motta: "Acredito firmemente que todos os lados de uma história merecem ser ouvidos. O do José tem tido ampla e repetida exposição. A Betty, senhora de grande dignidade, optou por manter-se em silêncio até agora. Se, num momento de desespero, escolhe finalmente falar, creio que devemos escutá-la com atenção e respeito — não com desconfiança ou sarcasmo, mas com o mesmo grau de seriedade que dispensaríamos a qualquer outro ser humano numa situação semelhante. O debate não deve centrar-se em futilidades — se a Betty aparece direita ou inclinada, se treme ou deixa de tremer, se segura ou não um jornal datado —, mas sim na clareza e lucidez de uma mensagem dolorosamente honesta. Para quem não compreende o inglês, importa traduzir o essencial do que ali é dito: 'Estou bem e tenho recebido visitas de pessoas que amo, ao contrário do que o José tem afirmado. Sinto vergonha por ter caído numa armadilha durante tantos anos, sem conseguir sair dela por medo, tendo sido agredida na cabeça repetidamente ao longo dos anos' — palavras da própria."
E termina: "Que esta mensagem seja recebida com a gravidade que merece. E que jamais nos esqueçamos de que, por detrás das narrativas públicas, há vidas reais — frágeis, humanas, dignas de escuta e compaixão. Importa, ainda, sublinhar a urgência de falarmos — com seriedade, sem ironia, sem desvalorização — sobre a violência doméstica. Que deixemos de ser todos, coletivamente, tão egoístas, tão rápidos a julgar, tão lentos a agir."