
E eis que o teleponto tem o seu momento de glória na História política portuguesa. Depois de anos a discursar e a falar de improviso perante pequenas e grandes multidões, durante a vacinação e nos três anos seguintes, Gouveia e Melo lança a candidatura a Belém com dois eventos onde leu os textos em dois telepontos, um de cada lado do palanque, à imagem do que fazem habitualmente os presidentes americanos.
O problema não é o recurso a técnicas supostamente profissionais de comunicar. Na verdade, os políticos portugueses têm tudo a ganhar se aprimorarem a forma através da qual comunicam os respetivos conteúdos aos portugueses. O problema é que Gouveia e Melo contraria a sua natureza ao ficar fechado no espartilho da leitura.
Sem prática suficiente, a ideia de artificialidade cola-se-lhe à pele. As palavras soam a falso, os argumentos fluem a martelo. Ora, não é essa a imagem que fazemos de Gouveia e Melo. Pelo contrário. Temos dele a imagem da força do improviso, dos argumentos fortes, olhos nos olhos, como quando enfrentou um grupo de negacionistas das vacinas.
Vê-lo a soletrar, descuidadamente, as sílabas, uma a uma, engolindo e disfarçando erros de oralidade não é uma imagem que case com a natureza nem com a personalidade do almirante das vacinas. Pode alguém ser quem não é?
Informação
Pisão
Uma semana depois da final da Taça de Portugal, a imagem do pisão do jogador Matheus Reis sobre a cabeça de Belotti desvalorizou simbolicamente a vitória, e colocou à defesa o grande triunfador da época, o Sporting. Por vezes,há ações individuais que mudam o rumo da História, neste caso a reboque do facto ser uma imagem particularmente chocante.
Programação
Grelha pisca-pisca
Maio voltou a ter a SIC na liderança, e com alguma facilidade. Os diversos formatos lançados em Queluz de Baixo falharam, e muitos entram e saem da grelha como se a empresa estivesse numa fase de experiências, uma espécie de grelha pisca-pisca. É difícil de entender o que se passa na TVI, mas uma coisa parece certa: ainda não há um plano a que a empresa se possa agarrar para lutar de novo pela liderança.
A Subir
Vitinha
A subida é um elogio ao português que foi o melhor em campo na final da Champions. Simboliza o magnífico espetáculo do futebol de ataque do Paris Saint-Germain.
Neutro
Rui Costa
Acossado por diversas candidaturas à sua sucessão, foi surpreendido numa gravação de som que se transformou num dos factos da semana. Dá-lo como derrotado nas eleições é uma precipitação.
A Descer
José Sócrates
Sempre que dá uma entrevista, prejudica-se, porque os portugueses recordam um julgamento que ainda falta, e prejudica a estação que o acolhe, quase sempre a CNN, porque é difícil entender o critério.