Tem sempre uma certa graça quando intelectuais decidem falar sobre a televisão generalista. É corriqueiro fugir-lhes o pé para o chinelo. Como não entendem o impacto junto do povo, procuram vulgarizar a linguagem para terem maior efeito.
Quando a escritora Isabela Figueiredo, uma autora premiada, analisa o 'Preço Certo', da RTP-1, o melhor que encontra para dizer é que o “valor cultural é nulo”, como se fosse esse o objetivo do concurso, e perguntar “para que estamos a financiar a nulidade com os nossos impostos?” Ora, se a questão fosse parar com o vazadouro de dinheiro para a RTP, a crítica até seria relevante. Mas quem associa o despesismo ao programa mais visto do serviço público prova que nada percebe do assunto.
Mais certeiro seria relembrar que a RTP continua a concorrer com os privados no mercado da publicidade. Isso sim, seria um corte virtuoso, porque levaria a RTP a modernizar os seus métodos de gestão. Tal como todos os que defendem a ilegalização do Chega mais não fazem que ajudar a campanha eleitoral de André Ventura, as opiniões de académicos encartados contra o 'Preço Certo' da RTP-1 têm ajudado o formato a reforçar o desempenho do programa, já de si notável.
A quem passou a semana a debater grandezas e misérias do concurso apresentado por Fernando Mendes, convém não esquecer uma dimensão essencial do serviço público: o 'Preço Certo' faz companhia a uma multidão de espectadores mais idosos que só na televisão generalista encontram divertimento e ajuda para passar o tempo. É isso que faz, ainda, o sucesso da televisão generalista, o meio que está ao alcance do bolso dos portugueses mais humildes, e que chega a todas as gerações, em todo o País. Será esta a despesa mais irracional que urge cortar na RTP? Seguramente que não.
Informação
Em perda
Algo se passa no mercado da informação. Talvez a reboque da subida geral da grelha, o 'Jornal Nacional' da TVI ocupa a liderança do horário nobre cada vez com maior frequência. Na semana passada, o 'Jornal da Noite' da SIC só conseguiu ganhar um dia à concorrência. Perdeu todos os outros para a TVI. Veremos se a tendência de desgaste se mantém, e se se alarga também à hora de almoço.
Programação
Momento Certo
João Patrício apresenta agora um formato sábado à tarde, na TVI, de puro day-time. Uma arena por onde passam casos humanos. O modelo nada tem de inovador. Mas o que interessa agora é elogiar o apresentador, que mostra um talento inato para conversar, mostrar empatia e partilhar a emoção dos convidados que sofrem. O lado humano da televisão está todo ali.
A Subir
Fernando Mendes
Indiferente à polémica, apresenta o único formato que faz frente ao reality-show da TVI no ranking das audiências.
A Subir
Rui Costa
Não se lhe conhecia desempenho tão assertivo como o que usou no debate com Noronha Lopes. Nova era no percurso como presidente?
A Descer
Noronha Lopes
O tom enérgico e combativo do último debate com o presidente reeleito chegou tarde demais.