
A edição do 'Big Brother' "regresso aos anónimos" aproxima-se do fim com uma surpreendente reviravolta na história inicial. Pela primeira vez, é possível a vitória de um vilão que, a meio do jogo, "virou a mesa" e se transformou num príncipe encantado, apaixonado por uma princesa de aspeto casto. Um casal que poderia ter saído de um conto de fadas infantil, e que garante ao herói Miguel mostrar que, afinal, tudo o que fez ao longo do seu percurso nesta história do 'BB' foi por bem e que se alguma coisa foi mal interpretada nos seus atos não passou de isso mesmo: um mal-entendido sem consequências.
A história desta edição do mais antigo 'reality show' da televisão portuguesa é curiosa porque assume, toda ela, o tal lado infantil. Ninguém (ou quase ninguém) ali tem história de vida, um passado, viveu situações extremas. A prova está nas "curvas da vida" dos concorrentes, que chegam a provocar um sorriso fofo, quase maternal, a quem está em casa. Temos as emoções com o voleibol de Bárbara, e a história de como se apaixonou pela primeira vez, a luta de Bernardo para provar aos pais que era capaz de vencer sozinho, as confissões da "desbocada" Mafalda, que só quer saber da faculdade e que está neste reality show como poderia estar a fazer um Erasmus ou um InterRail. Na verdade, os concorrentes mudaram: são mais miúdos e, de certa forma, mais ingénuos. Não foi, porém, essa a narrativa do Miguel, que já entrou no programa a desempenhar um papel de vilão, que a produção lhe atribuiu no jogo, e depois foi desenvolvendo esse lado, como concorrente real. Ele era o que desconversava, o que "gozava" com as raparigas – em particular com Diana –, o que mostrava as tatuagens "à campeão", o que irritava os comentadores... e também o que criou no exterior um grupo de fãs gigante que se encarregaram de lhe dar força. É este "malandrão" que agora decidiu mudar o jogo, à profissional! Miguel mostra agora que não é nada do que o fizeram parecer, é sim um rapaz apaixonado por uma loirinha com ar de boneca que ilumina a casa. Querem conto de Natal mais fofo do que este? Se dura além da época festiva... já é outra conversa. Mas que foi bem inventado, isso foi.