
Eram dias quentes, típicos de um verão mediterrânico. Mas eram diferentes, naquele agosto de 2023. Em vez de Lisboa se esvaziar, rumo às praias, às férias merecidas, encheu-se de grupos de jovens que percorriam ruas com cantorias, entravam em mercearias e estações de serviço à procura de águas refrescantes, fechavam ruas em romaria, rumo ao Parque Eduardo VII ou ao extremo norte da cidade, ao ensolarado Parque Tejo.
Lisboa fervia de calor mas também de amor. Francisco, o Papa, chegava para presidir à Jornada Mundial da Juventude, que se transformaria numa grande festa de esperança e de emoções. É difícil explicar o efeito de contágio de euforia que se sentiu por toda a cidade. Das famílias que se instalavam à porta da Nunciatura Apostólica, nas Avenidas Novas, com filhos ao colo, à espera de que o Papa saísse para um beijinho ou a bênção, aos acampados no Parque Tejo, sob um sol escaldante, aos milhares que rumaram ao Marquês de Pombal, e encheram a Avenida da Liberdade, para testemunharem e participarem naquele momento único.
A tudo e a todos o Papa respondeu com amor, com abraços, sorrisos e mensagens sérias sobre o futuro. Sobre o que é necessário fazer para que o legado não se perca, para que o caminho seja percorrido. Que aquele agosto seja mais do que memória, seja uma causa.