
Algo se está a passar no Brasil, que merece ser acompanhado com atenção, ou seja, além da espuma dos dias que se apreende nas redes sociais. A Globo estreou recentemente, em horário nobre, a novela ‘Vale Tudo’, remake do original de Gilberto Braga, do final da década de 80.
A estratégia foi planeada milimetricamente, de acordo com os ‘trends’ que vêm de redes sociais e demais movimentos: as duas protagonistas passam a ser negras, uma delas – a personagem vilã –, como influencer que é (versão 2025) tem conta no instagram que pode ser acompanhada como se alguém “de verdade” se tratasse e, a par disso, um casting de luxo para uma produção onde se apostou tudo.
A internet respondeu com entusiasmo e nasceu uma narrativa paralela, alimentada avidamente nas redes e blogs, sobre os desentendimentos entre o par protagonista: violência verbal, acusações de machismo, enfim, todos os “temas da moda” a alimentar ainda mais a ação paralela.
E no entanto, e apesar de todo o esforço, da herança do nome e valor da novela, do ‘buzz’ criado’, a trama não funciona. Mais: a trama das sete da Globo, uma história em jeito de novela turca (a nova galinha dos ovos de ouro da ficção internacional) bate ‘Vale Tudo’. Então a questão é: vale mesmo tudo, ou o melhor é trabalhar o produto de forma tradicional? Eu, cada vez mais, aposto na segunda.