
Manuel Luís comanda um programa diário de entrevistas, com o seu nome, em 'daytime'. Estas são preparadas. O entrevistador sabe escolher os convidados – que podem ser desde anónimos a figuras conhecidas de primeira linha, passando por concorrentes de 'reality shows' – e, o melhor, sabe ouvi-los e fazer as perguntas certas à medida que a conversa segue. Parece simples? Não é. Necessita preparação, cultura geral, deixar cair preconceitos e, necessariamente, "ter mundo". Tal revela-se não só pela inteligência das perguntas e condução da conversa – é muito mais uma conversa, com troca, do que uma entrevista formal – como na forma como o entrevistador deixa o convidado brilhar, contar, explicar, rir, chorar (se for o caso, e sem forçar a situação) e assim criando cumplicidade.
Nada mais tentador, para parte dos comunicadores e jornalistas da nossa televisão, do que serem eles as estrelas, os protagonistas, exagerarem no "eu", esquecerem-se de quem está realmente ali para ser escutado. Goucha não cai nessa armadilha criada pelo estatuto, pelos anos de televisão e pela experiência de já ter feito de tudo um pouco lhe poderiam dar. Nada disso. Mantém a postura e segue em frente. Postura que lhe permite, de vez em quando, entrar em brincadeiras e dizer "uns disparates" naqueles "especiais" temáticos que a TVI tanto gosta de fazer para quebrar a rotina da programação em dias alegadamente especiais. Se quiser dançar, dança, meter-se com a eterna parceira Cristina Ferreira, mete, rir às gargalhadas, o que for. Goucha pode tudo. Porque depois, no momento certo, é a cultura e a postura que sabe manter que contam. E isso é estatuto.
Votos, por tudo isto, para que a TVI saiba conservar esta verdadeira "galinha dos ovos de ouro", adorado por diferentes gerações pelas melhores razões. E a prova viva de que televisão não tem de ser analfabetismo nem brejeirice. A qualidade acaba sempre por fazer a diferença e garante fidelização.