
Se uma palavra ficará na história para o que foi 2021 nos canais generalistas, esta é: estratégia.
Estratégia e muitas contas para que nada falhasse ditaram a vitória da SIC no final deste ano. Impulsividade e falta da tal estratégia fizeram com que a TVI não cumprisse o sonho de chegar à liderança. Estratégia – mas num outro caminho, mais amplo, e pautando-se por outras prioridades, levou às novas escolhas da RTP.
Mas vamos por partes.
Daniel Oliveira deve ter sido um bom aluno de matemática pois cálculos foram o seu forte ao longo dos últimos meses. Não tinha muitos trunfos para apresentar e conseguiu o feito de não perder. Criou uma equipa rápida e ágil para as manhãs – perante a saída abrupta de Cristina Ferreira desse horário – que conseguiu dar KO à aposta de mudança na TVI com a escolha de Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz. A nova dupla do canal 4 não bateu a dupla da SIC constituída por João Baião e Diana Chaves – ao contrário do que chegou a acontecer quando Manuel Luís Goucha ficou sozinho ou com Maria Cerqueira Gomes no ‘Você na TV’, em 2020, e aí ainda se bateu taco a taco com Baião e Diana. A mudança – a tal impulsividade da TVI não correu bem neste caso.
Aliás, nenhuma impulsividade funcionou. Cristina Ferreira trocou muitas coisas, reformulou os rostos da estação: Manuel Luís Goucha passou das manhãs para as tardes, ela própria, Cristina, criou formatos para si no acesso ao prime time. E o "toque de Midas" não aconteceu.
Duas coisas correram bem à TVI: a aposta numa novela light e bem humorada para tornar mais leves os serões da estação – ‘Festa é Festa’ é claramente aposta ganha – e a opção de Teresa Guilherme para apresentar o reality show ‘Big Brother’ – que depois viria a ser preterida por nova dupla, na tal sede de mudança e inovação que prova causar mais problemas do que dar resultados.
Entretanto, na SIC, Daniel jogava pelo seguro, com César Mourão, em novos episódios ou repetidos reeditados, com uma novela também light – ‘Amor Amor’ – mas sobretudo com aquilo que os espetadores adoram: rotinas. Foi a rotina que lhe deu a vitória. Jogar à defesa, não "inventar". Resta saber se chega para 2022. E se a TVI aprendeu a lição.