Política, "ameaças"e decepção dos fãs da Eurovisão 2024. "Não há como voltar atrás depois do que aconteceu"

A Suíça venceu o Festival Eurovisão da Canção 2024 com o tema 'The Code', numa cerimónia marcada por protestos e vaias contra a concorrente de Israel, Eden Golan. A canção portuguesa, 'Grito', de Iolanda, ficou no 10.º lugar.

De troféu na mão, Nemo falou na gratidão pela vitória no concurso e revelou um acidente. "Não posso acreditar que estou no palco e acabei de ganhar a Eurovisão. Estou tão grato por todos em casa. Espero que as pessoas sintam-se vistas, que as pessoas vejam jovens não-binários, vejam trans. A primeira coisa que fiz quando ganhei foi que parti o troféu e parti o meu dedo e eles imediatamente deram-me outro", afirmou num vídeo publicado nas redes sociais oficiais da Eurovisão.

Mas a felicidade do vencedor não convence os fãs da Eurovisão que estão revoltados com os resultados finais. "Croácia era muito melhor. Eurovisão é um lixo agora", lê-se nos comentários no Instagra. "Croácia ganhou no televoto mas o júri não deixa pequenos países ganharem"; "O juri tem de ser cancelado"; "Vitória sem sentido"; "Como podem agir como se nada tivesse acontecido?"; "Não há como voltar atrás depois disto", dizem outros internautas. 

Vídeo de Iolanda ocultado

Portugal também a sua própria polémica. A atuação de Iolanda na final pode não ter agradado logo a produção do festival. A cantora subiu ao palco da Eurovisão com as unhas pintadas com as cores da bandeira da Palestina, num dia cheio de protestos e detenções na cidade que recebia o evento, Malmo, Suécia.

O vídeo da atuação portuguesa foi então ocultado do site oficial do festival durante uma hora, tendo sido publicado primeiro as imagens da semi-final de Iolanda, em que a cantora tinha as unhas brancas, sem símbolos. "Muito obrigada. A paz vai prevalecer", disse a representante portuguesa a atuação. 

Recorde-se que Portugal e outros oito representantes no Festival Eurovisão da Canção 2024 assinaram uma carta na qual pediam um "cessar-fogo imediato e duradouro" na guerra de Israel na Palestina e o regresso de todos os reféns israelitas.

Incidente por explicar

O representante dos Países Baixos, Joost Klein, foi desqualificado horas antes do início da final, anunciou a EBU num comunicado. "A polícia sueca investigou uma queixa feita por um membro feminino da equipa de produção depois de um incidente na sequência da atuação [dos Países Baixos] na semifinal de quinta-feira à noite. Enquanto o processo decorre, não será apropriado para ele continuar no concurso".

"Gostaríamos de deixar claro: contrariamente a alguns relatos dos meios de comunicação e alguma especulação nas redes sociais que este incidente não envolveu qualquer outro concorrente ou membro de delegação", comentou ainda.

"Mantemos uma política de tolerância zero relativa a comportamento inapropriado no nosso evento e estamos empenhados em assegurar um ambiente de trabalho seguro para toda a equipa do concurso. Tendo isto em conta, o comportamento de Joost Klein em relação a um membro da equipa foi considerado uma infração às regras do concurso". A delegação dos Países Baixos reagiu dizendo-se "chocada com a decisão".

Joost tinha se mostrado irritado em alguns momentos do festival por ter ficado perto da concorrente de Israel.