
"De comum acordo, decidimos interromper a nossa relação conjugal. O compromisso com os nossos filhos permanece intacto. Dado que é uma decisão de âmbito privado, pedimos o máximo de respeito por todos os que nos rodeiam", lê-se no comunicado enviado à agência EFE em nome da infanta Cristina e do seu ainda marido Iñaki Urdangarín. Este era o passo que a segunda filha de Juan Carlos e de Sofia, os reis eméritos de Espanha, acreditava que nunca iria dar.
Fez de tudo para nunca chegar a esta situação. Mas o pai dos seus quatros filhos, Juan (22), Pablo (21), Miguel (19) e Irene (16), não lhe deu outra hipótese. Encurralou-a ao deixar-se fotografar de mãos dadas com uma mulher na praia em Bidart, França. Cristina não tinha como continuar a fingir que vivia um casamento feliz ao lado do homem que, afinal, ao longo dos anos lhe foi tirando tudo. Por fim, até a dignidade.
A TRAIÇÃO PÚBLICA O fim definitivo e público deste casamento
Estas fotografias foram uma verdadeira machadada para a irmã do rei Felipe VI. A infidelidade do marido estava li, aos olhos de todos. Feliz ao lado de uma mulher 13 anos mais nova do que ela. E ele, igualmente, feliz e apaixonado. A olhar para a amante como há muito tempo já não olhava para ela. O escândalo foi tão grande, que Cristina não podia continuar a seguir a política da "avestruz". Fazer de conta que estava tudo bem. Não poderia negar aquilo que era mais do que evidente para todo o país e para o mundo. A infanta está a pagar caro o facto de ser uma figura pública. Ela que deu tanto ao marido e que, em troca, perdeu quase tudo, sai derrotada de um casamento que colocou os Borbón tantas vezes em mais lençóis.
Vamos ao que destruiu irreversivelmente este casamento que começou por uma forte, bonita e verdadeira história de amor.
Fraude e prisão. Este foi talvez o motor destruidor desta união que começou tão bem, ao ponto dos duques de Palma terem sido considerados um casal exemplar e feliz. Desde o dia 4 de outubro 1997, em Barcelona, data do casamento, que os espanhóis olhavam para a infanta e para Iñaki como a parte melhor da família real. Uma imagem que caiu por terra quando o nome do antigo atleta olímpico foi envolvido no caso Noós. Sentou-se no banco dos réus acusado dos crimes de prevaricação, desvio de capitais, fraude, tráfico de influência e delitos contra o tesouro.
O AFFAIR DE IÑAKI COM MULHER DO COLEGA Cristina esteve sempre a seu lado. De cabeça erguida
O irmão, o então príncipe das Astúrias, fez-lhe exatamente o mesmo pedido. Mas ela não vacilou no apoio ao pai dos filhos. Nem mesmo quando lhe foram retirados os títulos reais e a família teve que lhe fechar as portas do Palácio da Zarzuela para minorar os estragos para a monarquia. Cristina, altiva e apaixonada, não hesitou em dar de si a imagem de uma mulher fiel aos votos que trocou diante do altar: "Prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza".
AS LÁGRIMAS AMARGAS DA INFANTA CRISTINA
Este escândalo rebentou em novembro de 2011, mas só em fevereiro de 2017 saiu a sentença: seis anos e três meses de prisão. Uma pena posteriormente revista pelo Supremo Tribunal, que a reduziu para cinco anos e 10 meses. No dia 18 de junho de 2018, condenado por corrupção, o genro renegado de Juan Carlos apresentava-se no estabelecimento prisional de Brieva, em Ávila. A mulher e os filhos visitavam-no regularmente, enquanto os restantes Borbón faziam de conta que nada tinham a ver com eles. Foram como que proscritos.
Apenas a rainha Sofia continuava a abraçar a filha e os netos. A visitá-los amiúde e a zelar para que nada lhes faltasse. Foi também Sofia que secou, tantas e tantas vezes, as lágrimas de Cristina. Terá sido também ela que deu forças à filha para que não renunciasse ao seu amor. Dizia à filha que olhasse para si, também ela nunca se havia separado de Juan Carlos. E a ex-duquesa de Palma renovava forças e a vontade de se manter casada, contra tudo e contra todos. Acreditou piamente que poderia salvar este casamento que há muito estava ferido de morte. Apesar da distância que a prisão provocou no casal, a infanta Cristina estava convicta que seria possível reabilitar a união que julgou ser para a vida, tal como a dos seus pais, mesmo com tantos escândalos às costas.
SINAIS EVIDENTES DE CRISE Depois de Iñaki Urgandarín sair em liberdade condicional, o casal optou por continuar a viver separado. Sinal inequívoco de algo não estaria bem, como realça Pilar Eyre
Mas mesmo a viver em casas, cidades e países diferentes, a irmã do rei Felipe VI ainda no passado mês de dezembro quis honrar as tradições da família ao regressar à estância de esqui Baqueira Beret, nos Pirinéus, com o marido, Iñaki Urdangarín, e os filhos. Em fotografias publicadas pela revista 'Hola', a infanta surgia sorridente ao lado do marido. Esta foi a primeira vez que a família foi vista toda reunida a aproveitar as férias depois de cinco anos de escândalos. Também passaram as festividades de Natal todos juntos em Vitória. Estiveram em Barcelona para assistir a um jogo de andebol do filho Pablo e foram vistos a passear pela cidade de mão dada. Terá sido mais uma derradeira tentativa da filha de Juan Carlos e Sofia de transmitir uma imagem de felicidade fictícia, pois descobriu-se agora que esta relação extra-conjugal de Inãki já existia no verão passado. Há provas. Fotografias do casal na praia. Dizem as revistas ‘del corazón’ que a infanta descobriu tudo em setembro. Será? Uma resposta que só poderá ser dada pela boca da própria e isso é muito pouco provável que aconteça.
PENSÃO DE ALIMENTOS
Depois de tudo isto, a infanta Cristina ainda poderá ser vítima de mais um duro golpe desferido pelo seu ainda marido. Fala-se em Espanha que Iñaki Urdangarín poderá vir a pedir uma pensão à ex-mulher quando for decretado o divórcio. Segundo explicam advogados contactados pelo site ‘Vanitatis’ esse é um cenário plausível desde que se consiga provar que se está perante uma situação de desequilíbrio financeiro.
Já Javier Castro-Villacañas, especialista em assuntos da realeza, disse no programa ‘Todo es Mentira’ que a atual posição do antigo atleta olímpico é resultado da sua "actividade criminosa" e não a uma desigualdade fruto da sua dedicação à família, que constituiria a principal razão para acontecer uma compensação económica. Já quanto à pensão de alimentos para os quatro filhos será certamente a infanta Cristina a assumir a grande parte das despesas, já que Urgandarín conseguirá provar que não tem proventos necessários para cobrir os gastos de educação, alimentos e saúde dos filhos.