Princípio, meio e fim. Francisco Pinto Balsemão poderá ter tido uma palavra final na decisão da venda do Grupo Impresa, dona da SIC, aos italianos da MFE. Mais: o negócio deverá estar concluído até ao final deste ano, de acordo com o 'Negócios'. Entre o que acontecerá à empresa familiar e o luto pelo patriarca, os alicerces do clã vivem os seus tempos mais instáveis.
Entre negociações com o grupo da família Berlusconi e os prejuízos de milhões, o que irá acontecer a Francisco Pedro Balsemáo, que assumiu o legado do pai e que foi subindo na estrutura da Impresa até chegar a CEO, mas também dos outros filhos e da matriarca Tita Balsemão.
Oriundo de uma família abastada, Balsemão enfatizou, ao longo da sua vida, a importância de não viver à sombra da herança familiar, mas sim de construir o seu próprio caminho e mérito.
Chegou à Impresa com 29 anos, mas quando, após a saída de Pedro Norton, decidiu candidatar-se ao cargo de CEO, admite que o pai, Francisco Pinto Balsemão, não entrou em euforias. "Chutou um bocado para canto", contaria Francisco Pedro, o mais novo de cinco irmãos, que cresceu entre o peso de "ser filho de" e o desejo de trilhar o seu próprio caminho. Tímido, admite que tinha pavor de falar em público, mas que herdou da mãe a teimosia que tantas vezes o fez dar o passo em frente. Com os quatro irmãos – de três diferentes relacionamentos do pai – diz ter atingido a harmonia familiar. "Podíamos não nos dar, andarmos aqui à cabeçada, mas damo-nos todos muito bem."
Se na reta final da vida lhe conhecemos um amor sereno, com Tita, a mulher que esteve incondicionalmente ao seu lado, na fase áurea de Francisco Pinto Balsemão, a vida sentimental foi marcada por grandes turbulências. O primeiro casamento acabou entre traições, com o nascimento de um filho fora do casamento, que culminou num divórcio polémico e magoado. Seria apenas muito depois da batalha judicial que o fundador da SIC aceitaria reconhecer Francisco, o terceiro dos cinco filhos que, a par com a mulher, completa o leque dos seus legítimos herdeiros.
Os recentes negócios do magnata da televisão impulsionaram ainda mais a sua fortuna a poucos dias da sua morte. Estima-se que tenha deixado uma herança de cerca de 46 milhões de euros.
O ex-primeiro ministro construiu o império mais poderoso dos media portugueses. Só que o grupo Impresa passa agora por sérias dificuldades e a venda a investidores estrangeiros pode ser a única forma de salvar a SIC e o jornal 'Expresso'.
Os cinco filhos de Silvio Berlusconi vão herdar parte do império criado pelo antigo primeiro-ministro italiano e nem a última namorada de 'Il Cavaliere' sairá de mãos a abanar.