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Francisco Pinto Balsemão deixou a "casa arrumada"? SIC pode estar vendida até ao fim do ano

Princípio, meio e fim. Francisco Pinto Balsemão poderá ter tido uma palavra final na decisão da venda do Grupo Impresa, dona da SIC, aos italianos da MFE. Mais: o negócio deverá estar concluído até ao final deste ano, de acordo com o 'Negócios'. Entre o que acontecerá à empresa familiar e o luto pelo patriarca, os alicerces do clã vivem os seus tempos mais instáveis.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
30 de outubro de 2025 às 19:12
Francisco Pinto Balsemão deixou a casa arrumada. Como o negócio com a família Berlusconi ficou acertado antes da partida do fundador da SIC
Francisco Pinto Balsemão lamenta a perda da mãe
Francisco Pinto Balsemão e Tita numa fase áurea
Francisco Pinto Balsemão recorda a dor da perda da mãe
Francisco Pinto Balsemão lamenta a perda da mãe
Francisco Pinto Balsemão e Tita numa fase áurea
Francisco Pinto Balsemão recorda a dor da perda da mãe

Semanas antes da partida de Francisco Pinto Balsemão, vinham a público os primeiros ecos das negociações entre a Impresa e a família de Silvio Berlusconi para a venda do grupo. Na altura, sabia-se que o fundador da SIC travava uma batalha pela sua saúde com notícias a dar conta de que o clã tinha preparado a famosa casa da Quinta da Marinha com equipamentos médicos que permitissem a Balsemão viver a sua luta em casa. No entanto, publicamente, desconhecia-se que o final estaria para breve. Faleceria no dia 21 de outubro, aos 88 anos, mas não sem antes deixar tudo encaminhado para o futuro do grupo de Comunicação Social que geriu com tanta paxão.

Paulo Portas, no seu espaço de comentário na TVI, do último domingo, foi o primeiro a sugeri-lo, revelando que a venda da SIC à italiana MFE já tinha sido consumada. “Ter-lhe-á [a Francisco Pinto Balsemão] certamente custado a decisão da venda, mas ela tem a mesma coragem que teve a decisão do lançamento. Ou seja, dar uma outra oportunidade e uma nova etapa à marca que ele criou”, atirou o ex-ministro. A decisão ainda não foi comunicada oficialmente, mas esta quinta-feira, dia 30, .

A publicação ouviu várias fontes, que dão conta de que a prioridade da Impresa é acertar os detalhes da participação italiana e da reestruturação interna que terá de ser feita. Segue-se depois, o apuramento dos principais credores bancários e outros detalhes relacionados com a dívida do grupo, que tem somado prejuízos milionários - só no ano passado registou um prejuízo de 66,2 milhões de euros. Com a concretização do negócio, este significa uma mudança de mãos do poder, na sua essência, e, de alguma maneira, uma mácula no império começado por Francisco Pinto Balsemão e que, de alguma forma, passa a extrapolar o domínio da família. Uma incógnita é o que acontecerá a Francisco Pedro, o filho mais novo, que assumiu o legado do pai e que foi subindo na estrutura da Impresa até chegar a CEO, e também aos outros filhos, alguns deles com posições na SIC.

Se decidirem seguir os conselhos do pai, é certo, não ficarão presos ao passado. “O que está para trás é importante, naturalmente, mas o que interessa é sempre olhar para frente. Criar é muito importante”, disse Balsemão, revelando, desta forma, um inconformismo que fez com que não se acomodasse ao berço de ouro em que nasceu, pelo que há agora a expectativa de saber se e como os cinco filhos lhe irão seguir as pisadas.

Certo é que é inegável que na família se vivem tempos de mudança e também de grandes decisões, com Mercedes Balsemão, a quem o marido tratava carinhosamente por 'Rainha Mãe', manterá o papel de convergência que sempre foi sua imagem de marca e que faz com que os cinco filhos do fundador da SIC - de três relações diferentes - consigam viver em perfeita harmonia. Tita, como é conhecida, teve um papel importantíssimo na integração de Francisco Maria - nascido fora do primeiro casamento - na família, numa 'cola' que saberia sempre manter e que, de alguma forma, seria o orgulho dos irmãos.

“Somos uma família muito unida. Eu costumo dizer que nós temos os cinco muito orgulho no nosso pai, mas acho que ele também tem muita sorte. Ele tem cinco filhos de três mulheres diferentes, e nós podíamos não nos dar, andarmos aqui à cabeçada, mas damo-nos todos muito bem", fez saber Francisco Pedro Balsemão, o atual CEO da Impresa, que nunca temeu as mudanças.

Antes de chegar à dona da SIC, desenvolveu o seu percurso por várias empresas e só quando sentiu que era a altura certa se atreveu a trabalhar na empresa do pai, primeiro na direção de Recursos Humanos, área financeira, e só depois como principal líder da empresa. É, talvez, dos cinco filhos de Balsemão o que mais nutre a paixão pela comunicação social e que mais queira, apesar das mudanças, honrar o legado de Francisco.

Em tempos de mudanças, está também em cima da mesa o tema do testamento, a ser dividido pelos seus seis herdeiros – a última mulher, Mercedes, mais conhecida por Tita, e os cinco filhos, Mónica, Henrique, Francisco Maria, Joana e Francisco Pedro. Não é completamente claro quanto o fundador da SIC lhes deixa, mas o valor rondará os 40 milhões de euros, num património que se divide entre aplicações financeiras, contas bancárias e imóveis, o mais luxuoso a casa da família, na exclusiva Quinta da Marinha, em Cascais. Para além do encaixe com a venda do palacete na Lapa, Francisco Pinto Balsemão tinha visto o seu património aumentar há apenas três semanas, com a valorização das ações  da Impresa em 6,3 milhões de euros, na Euronext Lisboa. Há ainda a ter em conta, o valor que o clã poderá arrecadar com o negócio da venda da Impresa, que está cotada em bolsa e avaliada em cerca de 21 milhões de euros, tendo um acionista de referência, a Impreger – holding da família Balsemão, com uma posição superior a 50%.

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