Quando Francisco Pinto Balsemão morreu, em outubro de 2025, partiu ainda com o grupo Impresa inteiramente nas suas mãos, mas com a consciência de que não seria possível mantê-lo por muito mais tempo em família, sendo que a questão que se impõe dois meses após a sua morte é: ‘e agora?’. A sensação de "fim do império" há muito que se agiganta, com as contas da dona da SIC e do semanário ‘Expresso’ a tornarem-se num pesadelo quase impossível de sustentar. A Impresa precisava de uma solução rápida para contrariar a curva descendente em que mergulhou – só no ano passado registou um prejuízo de 66,2 milhões de euros e essa chegou através do grupo MFE - Media for Europe, controlado pela família Berlusconi, que em novembro assinou um acordo com o grupo português para ficar com 32,9% da empresa dona do 'Expresso' e da SIC, sendo que a família de Balsemão fica com 33,7%.
"O legado de Francisco Pinto Balsemão na formação do panorama mediático português é muito reconhecido e é altamente considerado pela MFE. O envolvimento contínuo da família Balsemão será fundamental para impulsionar a direção estratégica da Impresa e enfrentar os desafios que se avizinham", disse, aquando do acordo, Francisco Pedro Balsemão, o filho caçula que há muito assumiu as rédeas do negócio da família.
Por tudo isto, 2026 será necessariamente um ano de mudanças no seio da estrutura da Impresa, sendo que para já o clã tenta manter a tranquilidade, com a consciência de que lhes faltará agora a voz sábia de Balsemão, que mesmo delegando nos filhos, não deixava de partilhar a sua visão estratégica to útil na tomada de decisões.
Se decidirem seguir os conselhos do pai, é certo, não ficarão presos ao passado. “O que está para trás é importante, naturalmente, mas o que interessa é sempre olhar para frente. Criar é muito importante”, disse Balsemão, revelando, desta forma, um inconformismo que fez com que não se acomodasse ao berço de ouro em que nasceu, pelo que há agora a expectativa de saber se e como os cinco filhos lhe irão seguir as pisadas... e como num tempo de mudanças com os desafios que acarreta a gestão partilhada do grupo noticioso, que tem enfrentado sérias dificuldades.
Após a confirmação do negócio com os italianos, as ações do grupo Impresa chegaram a valorizar 7,5%, mas o efeito foi duradouro, e dias depois voltavam a cair 3,1%, para os valores mais baixos, desde que a notícia da entrada de novo capital estava em cima da mesa.
TITA, A UNIÃO DA FAMÍLIA
Francisco Pinto Balsemão sempre viveu a sua vida pessoal intensamente, tendo deixado cinco filhos, de três mulheres diferentes, um deles, Francisco Maria, nascido fora do primeiro casamento. No entanto, se poderia ser expectável que uma prole tão variada pudesse gerar atritos, isso não acontece. Os irmãos vivem em perfeita comunhão e há quem tenha a sua quota-parte de responsabilidade no assunto: Mercedes Balsemão, ou Tita, para os mais próximos. Aquela que o marido chamava de "rainha-mãe" sempre foi a cola da família e teria um papel decisivo na integração, já tardia, de Francisco Maria no clã.
“Somos uma família muito unida. Eu costumo dizer que nós temos os cinco (Mónica, Henrique, Francisco Maria, Joana e Francisco Pedro) muito orgulho no nosso pai, mas acho que ele também tem muita sorte. Ele tem cinco filhos de três mulheres diferentes, e nós podíamos não nos dar, andarmos aqui à cabeçada, mas damo-nos todos muito bem", fez saber Francisco Pedro Balsemão, numa harmonia que agora se reflete na forma como tentam olhar para o futuro com os olhos do pai, e honrar aquilo que este construiu na área da comunicação social em Portugal.
