A mulher que mete Jorge Mendes "no chinelo". Conheça Rafaela Pimenta, a brasileira que manda no futebol mundial
Brasileira, formada em direito, vive atualmente no Mónaco, fala fluentemente oito línguas e é agente de alguns dos mais importantes jogadores da elite do futebol atual. Soube passar por cima do machismo, da xenofobia e da misoginia que ainda regem muito o mundo da “bola” mas diz que já foi insultada de tudo.
Sempre fez questão de se manter no anonimato e durante vinte anos andou "fugida" da exposição e dos media (muito pouco se conhece da sua vida privada e familiar). Nas redes sociais não mantém grande atividade mas, no último ano, Rafaela Pimenta viu o seu nome saltar para as primeiras páginas dos jornais por ter assinado a transferência mais falada do futebol europeu ao levar o 'gigante' norueguês Erling Haaland, do Borussia Dortmund para o Manchester City, por 120 milhões de euros. Foi eleita a melhor agente do mercado do futebol europeu pelo jornal italiano Tuttosport e nomeada para Melhor Agente do ano no Globe Soccer Awards de 2022.
Com uma carteira de mais de 50 futebolistas que, para além de Haaland, inclui ainda, por exemplo, o holandês Matthijs de ligt, o italiano Marco Verratti ou o Francês Paul Pogba [só estes quatro têm uma valor de mercado de 325 milhões], Rafaela Pimenta, de 50 anos, já está com a mira apontada para o futebol português.
Numa recente entrevista à CNN Portugal elogiou os negócios que o Benfica tem feito nos últimos anos, mostrou-se encantada com a paixão que existe no nosso país pelo desporto rei, dizia que facilmente podemos atingir o nível de uma Premier League e garantiu que em breve estará a entrar em Portugal com "um negócio muito interessante".
Ex-professora de direito, com atividade na Universidade de S.Paulo, Rafaela Pimenta começou a sua ligação ao mundo do futebol como braço-direito do polémico agente italiano Mino Raiola (conhecido pelo seu mau feitio), tendo herdado, após a sua morte, em Abril do ano passado, todo o seu império. Rafaela já era sócia de Raiola e acabou por assumir, de uma vez por todas, os destinos da empresa por vontade expressa do empresário (sobre a causa da morte, a família do italiano apenas tornou publico que Raiola havia perdido a batalha contra uma doença)
Pelos anos e experiência que já leva nos negócios do futebol, Rafaela Pimenta é hoje respeitada por dirigentes e jogadores, mas nem sempre foi assim. Na sua página do Instagram consta a máxima "num mundo onde podes ser qualquer coisa, sê tu mesmo", mas a verdade é que para ser ela própria, Rafaela teve de passar o cabo das tormentas. "Ainda existe muito preconceito. Teve muita teve gente que já olhou na minha cara e me falou: 'eu achei que você era só uma puta brasileira'. Já escutei gente me falar isso para tentar me desmoralizar", contou ao Globo. "Já estive em várias situações em que o argumento que sobra é: 'mas você é mulher. O que você sabe de futebol?'. Mas quem tentou fazer isso só perdeu tempo", diz.
Atualmente a viver no Mónaco, onde fica situado o escritório da One Sarl, empresa fundada por Raiola, Rafaela Pimenta nasceu, curiosamente, numa família de basquetebolistas ("em casa de ferreiro espeto de pau" diz) e tirou o curso de direito com o objetivo de ser diplomata ou trabalhar para a ONU. Ainda deu aulas de Direito Internacional na Universidade de S.Paulo, mas acabou por conhecer Raiola quando foi chamada para ajudar a tratar "da parte burocrática e legal" de uma empresa dos antigos jogadores de futebol César Sampaio e Rivaldo. "Um certo dia conheci um senhor que fumava muito e queria saber tudo sobre a lei do país e as regras... Tudo e mais alguma coisa". Daí nasceu uma relação especial com uma pessoa de feitio muito particular. "Ele foi sempre muito presente e cheio de opiniões. Era explosivo e ficava raivoso umas 30 vezes por dia. E eu combatia isso com a minha calma".
Hoje, Rafaela Pimenta mantém uma relação de proximidade com os jogadores, como se fosse da família, e envolve-se com eles "até na hora de comprar cachorro", garantia, no final do ano passado, em entrevista à revista 'Veja'. "Eles escolhem o tom da relação, se querem que eu ajude a escolher o clube, faça as mídias sociais", mas "a verdade é que a maioria tem uma relação intensa". E revelava: "É comum o telefone tocar quando estou dormindo, por alguma briga, questões familiares ou discussão com o treinador. Eu vivo na casa dos jogadores, viajo junto e até vou com eles ao médico".