E agora, Abramovich? A rica vida do amigo de Putin, o magnata do futebol que é cidadão português
O amigo do peito de Vladimir Putin tornou-se português em abril de 2021 graças a ser descendente de judeus sefarditas portugueses. Tem passaporte nacional, que usa para circular na Europa, assim como faz com o mesmo documento lituano e israelita que possui. Afinal, tanta sanção anunciada aos amigos de Putin e como fica o dono do Chelsea que já foi patrão de José Mourinho e que está, atualmente, proibido de pôr os pés em Inglaterra? Pois...
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson voltou a fazer mais uma das suas frequentes trapalhadas, em especial desde que foi apanhado na rede das festas caseiras impróprias em pleno confinamento na residência oficial no número 10 de Downing Street, em Londres.
Depois de ter tentado esclarecer publicamente que o magnata russo Roman Abravomich, de 55 anos, que se tornou, em 2003, dono do emblemático clube de futebol inglês Chelsea, era um dos alvos das sanções particulares à Rússia, eis que veio esta quarta-feira, dia 23, desmentir que o multimilionário seja um dos visados com as mais recentes sanções impostas pelo seu país.
Felizmente as autoridades públicas da Grã-Bretanha estavam atentas e já vieram confirmar que a Abramovich - pela sua enorme proximidade a Vladimir Putin e depois de em 2018, ainda durante a governação de Teresa May, ter estalado o conflito diplomático com a Rússia, na sequência do envenenamento com um agente neurotóxico do antigo espião Sergei Skripal, que vivia em Inglaterra, - tinha sido retirado o visto de residência. Ele, que já foi patrão de José Mourinho.
Aliás, os adeptos dos 'The Blues' podem confirmar que o "Big Boss" russo não é visto no estádio de Stamford Bridge há vários meses, garante a imprensa britânica de quinta-feira, dia em que oficialmente "começou a guerra"...
Confuso? Não, nada. Nem para o próprio Roman Abramovich que há muito deu a volta ao texto e coleciona nacionalidades, entre europeias e israelitas, que lhe permitem circular à vontadinha por onde bem lhe apetece . Não tem visto ou passaporte britânico? "No problem!". Não foi isso que o impediu de viajar para Londres em meados de outubro de 2021 em negócios. E como o fez? Ora, foi à gaveta e tirou um passaporte da nacionalidade israelita que adquiriu em 2018, tendo feito uso deste documento para, sem limitações ou impedimentos, viajar livremente rumo a Londres. "Easy!".
Só se quiser viver de forma permanente em solo inglês é que é mais complicado...
Segundo avança o jornal britânico 'The Sun', Abramovich já terá sido informado pelas autoridades de emigração que, se pretender residir no país, terá de candidatar-se a um novo visto permanente, adiantando a mesma fonte ao jornal que "qualquer tentativa seria, com quase toda a certeza, rejeitada".
E NÃO É QUE ESTE MILIONÁRIO TAMBÉM É 'TUGA'?!
Na mala do multimilionário andam sempre os seus passaportes russo, lituano, israelita e agora um português. Sim, leu bem, Roman Abramovich, a 142.ª pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna avaliada em 12,7 mil milhões de euros, segundo a revista Forbes, também é cidadão português.
E como conseguiu este feito este bilionário que, só por um acaso, é muito amigo de Putin?
Abramovich pediu a nacionalidade portuguesa, em abril de 2021, através de uma lei que beneficia os descendentes de judeus sefarditas expulsos no final do século XV. Sim, Roman tem tetra-avós sefarditas portugueses... e não tarda nada ainda acaba em Belmonte na vindima e a produzir vinho Kosher!
O processo de oferta da nacionalidade portuguesa, à boleia de um 'visto Gold', foi como desfilar numa passadeira vermelha sem dobras. Quem diria que, quase 600 anos depois da criação da 'Santa Inquisição', esta ainda haveria de safar quem de direito e garantir livre circulação no Espaço Schengen. Ora toma! Dom Diogo da Silva, o desembargador da Casa da Suplicação, confessor do rei D. João III e primeiro Inquiridor Mor do reino de Portugal deve estar às voltias na tumba. Dizemos nós, claro...O BENEMÉRITO CIDADÃO ABRAMOVICH QUE INVESTE EM UNICÓRNIOS
Segundo se apurou há cerca de dois meses, Abramovich não foi contactado para responder a qualquer inquérito e uma sua porta-voz assegurou que tudo foi feito dentro da lei, sem favores: "Não há benefício imediato ou agenda oculta por trás de nada disto…".
"A Lei portuguesa do Regresso não só permite, como encoraja ativamente judeus com ascendência portuguesa comprovada a estabelecer raízes em Portugal. Este espírito acolhedor atraiu Abramovich, que viu a candidatura à cidadania portuguesa como uma oportunidade para honrar a história da sua família e, ao mesmo tempo, apoiar a comunidade judaica local, contribuindo para a preservação da vida judaica em Portugal", justificou a mesma porta-voz.
Com residências e família espalhada pela Rússia, Estados Unidos, Inglaterra e Israel, o empresário russo está determinado a provar que pediu a nacionalidade portuguesa de boa-fé, com planos de investimento económico e donativos a instituições de beneficência, como fez em outros países por onde foi pedindo a nacionalidade.
Segundo revelou a porta-voz de Roman à Agência Lusa no final de 2021, "ao longo do último ano, temos estado a avaliar a melhor forma de contribuir tanto para a preservação da herança judaica como o apoio à sociedade em geral em Portugal. Esperamos que alguns desses planos sejam realizados num futuro próximo", indicou.
Em dezembro de 2021, quando se soube publicamente que o amigo de Vladimir Putin era cidadão português, o ex-futebolista Paulo Ferreira, que jogou no Chelsea, defendeu publicamente o magnata russo e até revelou ao que este afinal vinha. "Devíamos estar felizes por ter alguém como o senhor Abramovich como cidadão português. É uma ótima pessoa que tem estado a fazer coisas ótimas nos países onde vive e faz negócios", defendeu, em declarações à Lusa, acrescentando que este já o teria questionado sobre organizações de beneficência para apoiar em Portugal e lhe teria dito que também tenciona investir em oportunidades económicas, nomeadamente em 'startups' de tecnologia, as chamadas empresas unicórmio.
Resta saber se vai mesmo cumprir a intenção tão nobre.