Finalmente a paz na família de Sérgio Conceição. O desafio que aproxima o treinador do filho Francisco e põe fim a um "ciclo tóxico" na vida do português
Treinador está de volta à ribalta do futebol e faz a sua estreia aos comandos do Milan precisamente contra o filho, Francisco, que também está em Itália, o que aproxima a família depois de um momento difícil. Os meses duros são agora são encarados com um sorriso e um respirar de alívio do clã, que se mantém sempre lado a lado para superar as adversidades.
Se 2024 se revelou tenso, difícil e com o final de uma ligação especial com o FC Porto que terminaria de uma forma delicada e abrupta, também é verdade que acabou com notícias felizes para Sérgio Conceição e para a família. Depois de alguns meses de paragem que serviram para que colocasse tudo em perspetiva, o português assinou contrato com um AC Milan, numa mudança desejada a todos os níveis. É que se, por um lado, se muda para um campeonato que tão bem conheceu enquanto jogador (esteve vários anos na Lazio), por outro esta alteração de vida também significa uma maior união da família, uma vez que, desta forma, ele e a mulher poderão estar mais próximos do filho Francisco, que joga agora na Juventus, depois de também ter sentido necessidade de dizer adeus aos dragões.
Se é certo que com cinco filhos e todos eles futebolistas é difícil manter a família unida como nos tempos em que todos eles eram crianças, também é verdade que, neste momento, Francisco é um dos que mais necessitam de mais apoio, com todas as mudanças que teve de enfrentar nos últimos tempos. Desta forma, ficam geograficamente mais perto (de Milão a Turim é uma viagem de 2 horas de carro), enquanto os rapazes mais velhos estão espalhados pela Europa. "Um joga no Chipre [Sérgio], outro em Zurique [Rodrigo], depois há o Moisés que está na segunda divisão em Portugal", partilhou recentemente Sérgio Conceoção. Da família só o filho mais novo, com nove anos, ainda não joga a um nível tão profissional, sendo, no entanto, inquestionável que também segue o talento dos irmãos e do pai para um mundo que puxa toda a família.
Enquanto futebolista, Conceição esteve sempre aberto à mudança e passou por vários campeonatos, no entanto a carreira como treinador acabaria por lhe trazer a maior estabilidade, tendo vivido sete anos no FC Porto, onde estabaleceria a sua base familiar. Não era expectável que de lá saísse tão cedo, mas a derrota nas eleições de Pinto da Costa trocou-lhe as voltas e acabaria por abandonar o clube debaixo de uma enorme polémica, com o seu antigo braço direito, Vítor Bruno, a ficar-lhe com o lugar, o que originou uma onda de revolta na saída de Conceição, com a mulher a sair em sua defesa.
"Sempre contigo, ontem, hoje e sempre. Sempre fiel aos teus princípios, leal, grato e um Homem de respeito para com o próximo. Não vale tudo para chegar ao topo. A ganância e a fome de poder destroem o mundo. Nós homens, seres racionais, nem sabemos a sorte que tínhamos em sermos comandados pelos animais. Seres fiáveis e amáveis", escreveu, num ataque direto a Vítor Bruno, que até então consideravam quase família.
Depois da polémica, Conceição passou por alguns momentos tensos. Por um lado, era urgente tratar do futurio de Francisco, que não poderia ficar no FC Porto à mercê do novo rival do pai, Vítor Bruno. E foi só depois de arrumar a casa do filho que começou a pensar em si. Precisou de fazer uma pausa no futebol, como que se arredar para depois regressar em grande, numa altura em que celebrou os seus 50 anos de vida. Agora, regressa em grande num desafio que o vai colocar como rival do próprio filho, Francisco.
Curiosamente, a sua estreia como treinador do Milan acontecerá precisamente contra o clube do filho, algo que diz encarar com naturalidade.
"Não me sinto emocional, sou profissional. Estou incomodado, na verdade, passei a noite com 39.ºC de febre. O Francisco é meu filho em casa, amanhã é um adversário. Ele foi criado assim. Espero, amanhã, estar mais feliz do que ele. Ambos queremos vencer", desvalorizou, tal como fazia quando treinava o filho nos Dragões e garantia que não o privilegiava face aos colegas.
Os ares de Milão não podiam saber melhor a Sérgio Conceição e família, que respiram agora de alívio depois de a pior fase já ter passado.