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‘Mamma Mia’, aí vão eles outra vez... Os ABBA estão de volta em versão “avatar”, 40 anos mais novos, mas garantem que este é o adeus definitivo. Será?

Foram precisos cinco anos de pesquisa, várias experiências, uma tecnologia inovadora e mais de dez milhões de horas de trabalho em computador, para devolver os ABBA aos palcos. O grupo inicia esta sexta-feira, em Londres, uma série de vários concertos numa sala única montada para o efeito (ABBA Arena). Depois disso, garantem que vão arrumar “os fatos e as botas” de uma vez por todas. O pretexto para rever a história de quatro amigos suecos que sonhavam conquistar o mundo e que são hoje o quarto nome mais importante da música, depois de Beatles, Elvis Presley e Michael Jackson.
Por Miguel Azevedo | 26 de maio de 2022 às 22:53
ABBA Flash
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Após uma falsa partida que excluiu a tecnologia do simples holograma (considerada ultrapassada e antiquada), os ABBA contrataram uma empresa líder mundial de efeitos especiais, a Light & Magic (criada por George Lucas e que trabalha para a Disney) para tornar possível o seu regresso aos palcos. A intenção era mostrar ao vivo o novo disco ‘Voyage’, o primeiro álbum de originais, em quatro décadas, lançado no final do ano passado e que deixou o mundo da música em alvoroço. Considerado já o evento musical da década, o concerto traz agora as novas canções (e os sucessos de sempre, claro!) mas, mais importante do que isso, recria ao vivo, de forma virtual, quarenta anos mais novos, os quatro elementos do grupo, hoje todos septuagenários, Agnetha (72 anos), Björn (77), Benny (75) e Anni-Frid (76).

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O concerto foi montado com recurso a uma técnica altamente avançada em que todos os ângulos e movimentos dos quatro cantores foram registados, ao longo de meses, por mais de 160 câmaras, num trabalho que envolveu cerca de mil pessoas na criação dos já chamados ‘ABBAtards’ (os avatars dos ABBA) e um total de dez milhões de horas de trabalho de computador. "Ainda não houve nenhum filme feito com o tipo de resolução que vai ser possível ver no ABBA Arena", explicou Björn ao jornal ‘The Sun’. "No ano passado alguém me disse que este seria o maior projeto de cinema a acontecer no mundo. E essa foi uma das coisas que me atraiu, fazer o que ainda ninguém tinha feito".

Na estreia do espetáculo desta sexta-feira, em Londres, todos os elementos do grupo estarão presentes, em carne e osso e até Agneta - que tem um medo incapacitante de voar - já garantiu que estará presente. "É muito emocionante vermo-nos 40 anos mais novos. Os avatares em tamanho real que nós vemos junto dos músicos ao vivo, são de uma autenticidade incrível. Às vezes é preciso beliscarmo-nos. Até eu tenho a sensação de que realmente estamos ali outra vez", diz Björn que acredita que este regresso dos ABBA, tal como está montado, pode mesmo vir a definir uma nova tendência daqui para a frente no mundo do espetáculo.

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Construída no Queen Elizabeth Olympic Park, no leste de Londres, entre Hackney e Stratford, com um formato hexagonal, a ABBA Arena foi projetada para receber três mil pessoas (pouco menos do que o Coliseu de Lisboa) e é um verdadeiro centro de variedades. Conta com cabines de dança, espaços de entretenimento imersivo e de restauração. Em palco, e para além dos quatro ABBA, o espetáculo contará com um total de dez músicos. Os concertos decorrerão até Setembro. Depois disso, a sala será desmontada e todos os seus materiais reutilizados uma vez que é, em grande parte, feito em madeira. Na estreia do espetáculo, são esperadas algumas das mais mediáticas figuras do mundo do entretenimento. Kylie Minogue e Elton John, por exemplo, foram os primeiros a confirmarem a sua presença. 

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UM GRITO DE LIBERDADE EM 1974

Foi no dia 6 de Abril de 1974 (a poucos dias de acontecer a revolução em Portugal) que um quarteto de músicos suecos formado por dois casais (Agnetha Fältskog era casada com Björn Ulvaeus e Anni-Frid Lyngstad namorava ainda com Benny Andersson), venceu, em Brighton, no Reino Unido, o 19º Festival Eurovisão da Canção com a música ‘Watterloo’, um estilo glam pop que rapidamente conquistou o mundo (a canção, por exemplo, chegou logo ao 1º lugar no top inglês e ao 6º nos EUA). Só a título de curiosidade Portugal participou nesse festival com a canção ‘E depois do Adeus’ de Paulo de Carvalho.

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Mas, para se encontrar a origem dos ABBA, é preciso sair do contexto da Eurovisão e recuar mais de uma década até a altura em que Benny (então membro da banda pop sueca Hep Stars) e Björn (músico do projeto folk Hottenanny Singers) ainda eram dois adolescentes a granjear um considerável séquito de jovens fãs suecas. Agnetha e Anni-Frid eram, por ser turno, jovens cantoras a solo, a primeira escrevia e compunha as suas próprias canções com algum sucesso na Suécia e a segunda tinha como principal feito no currículo uma vitória num programa de talentos.   

Reza a história, que depois de se cruzarem algumas vezes em estúdio e de descobrirem as suas afinidades artísticas, Benny e Björn decidiram começar a escrever juntos algumas canções, a primeira das quais ‘Isn't It Easy To Say’ que se tornou mesmo num sucesso dos Hep Stars. Ainda se colocou a hipótese das bandas dos dois músicos se unirem mas isso nunca viria a acontecer (ainda assim os dois gravaram juntos um disco, ‘Licka’). Pouco depois, Björn conhecia Agnetha numa digressão. Apaixonaram-se e não perderam tempo, casando em 1971 naquele que até foi considerado o casamento do ano na Suécia. Quase ao mesmo tempo, Benny era apresentado a Anni-Frid. A história de amor repetia-se, mas o romance entre estes evoluiria de forma mais lenta, tendo o casamento sido consumado apenas em 1978.

Foi durante umas férias no Chipre e apenas para se divertirem, que Björn, Agnetha, Benny e Anni-Frid começaram a cantar na praia.

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A chamada de atenção foi tal, que acabaram numa apresentação de improviso para as forças da paz da ONU que na altura se encontravam estacionadas na ilha (essa é considerada hoje a primeira apresentação não oficial dos ABBA, que à data, claro, ainda não tinha essa designação). Desafiados por Stig Anderson, empresário, produtor e fundador da Polar Music (a futura editora dos ABBA, hoje propriedade da Universal Music), os quatro começaram a trabalhar juntos lançando um primeiro single ‘People Need Love’ então sob o nome de Björn & Benny, Agnetha & Anni-Frid. O tema chegou fácil ao top discográfico da Suécia, convencendo Stig Anderson e insistir na aposta.

Seguiu-se uma primeira experiência na Eurovisão em 1973 com o tema ‘Ring Ring’ (que ficou pelo terceiro lugar), mas seria no ano seguinte, em 1974, que o destino do grupo mudaria por completo, com nova participação na Eurovisão, dessa feita então com o tema ‘Waterloo’. Stig, que já se referia ao grupo carinhosamente pelo nome de ABBA (uma junção das iniciais dos nomes dos quatro elementos), convenceu-os a apresentarem-se dessa forma. Havia uma empresa de produtos alimentares de pescado com o mesmo nome, mas como não era conhecida no mundo, o grupo lá aceitou (mais tarde, viriam a comprar os direitos exclusivos para o uso do nome, pagando uma pequena fortuna à empresa). E iniciava-se ali uma das mais icónicas carreiras da história música pop. 

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Ao longo do período em que estiveram no ativo até 1982 (um declínio comercial num período em que crescia a new wave, a eletrónica, o hard rock e até o hip hop acabou por levar ao fim do grupo), os ABBA gravaram oito discos de estúdio e imortalizaram canções como ‘Dancing Queen’ (estreou durante as celebrações do casamento do rei Carlos XVI Gustavo da Suécia e Silvia Sommerlath), ‘Honey, Honey’, ‘Chiquitita’, ‘Voulez-Vous’, ‘Thank You For The Music’, ‘I Have a Dream’, ‘Super Trouper’, ‘SOS’ e claro ‘Mamma Mia’, só para citar alguns. Venderam mais de 400 milhões de cópias, deram origem a livros, musicais, peças de teatro e filmes e diz-se que, no ano 2000, recusaram mais de mil milhões de euros para se reunirem e realizarem uma digressão. No auge da carreira foram mesmo o maior produto de exportação da Suécia, á frente da marca de automóveis Volvo. Enfrentaram também algumas polémicas, como as noticias que davam conta que Agnetha e Anni-Frid não se davam bem e que tinham chegado, uma vez, a vias de facto, agredindo-se mutuamente com discos-de-ouro.

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QUE É FEITO DELES?

Björn e Agnetha divorciaram-se em 1980 e Benny e Anni-Frid, que haviam casado em 1978, separaram-se apenas dois anos depois. Hoje acreditam que estão mais unidos do que nunca, mas as vidas pessoais tiveram sim, reconhecem, influência no trabalho do grupo logo no inicio dos anos 80, especialmente o divórcio entre Benny e Anni-Frid que foi mais tumultuoso (em causa uma suposta traição de Benny com a apresentadora de televisão sueca Mona Nörklit, com quem viria a casar). Ainda assim, a separação de Björn e Agnetha até inspirou uma das canções de maior sucesso do grupo, ‘The Winner Takes It All’ que expressava a sensação que todos sentiam com os divórcios. "Foi fantástico fazer essa música porque eu podia expressar aquele sentimento. Não me importei em partilhar aquilo com o público porque não me pareceu errado", chegou a contar Björn, co-compositor da música.

Atualmente, Agnetha tem uma carreira a solo (lançou o último disco ‘A’, em 2013), vive na ilha de Helgö, (município de Ekerö), em Estocolmo, numa quinta com a filha, Linda Ulvaeus (fruto da relação com Björn), o genro e três netos. Björn vive também em Estocolmo, e trabalha na área da gerência artística, compondo ainda para diversos musicais. Tem mais duas filhas, fruto do casamento com Lena Kallersjö (de quem se divorciou recentemente). Benny Andersson faz pequenas apresentações com a sua orquestra, a Benny Anderssons Orkester que fundou em 2000. Também mora em Estocolmo, com a mulher Mona e o filho de ambos Ludvig Mats.

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Por fim, Anni-Frid é hoje princesa. Casou-se em 1992 com o príncipe Heinrich Ruzzo Reuss de Plauen (morreu vitima de cancro em 1999) tornando-se membro da realeza com o titulo Sua Alteza Sereníssima a princesa Anni-Frid Synni Reuss de Plauen. Fez pontualmente alguns trabalhos na música com a gravação de alguns singles. Atualmente mora da Suiça e é ativista ambientalista. Em 2010, os ABBA foram incluídos no Rock and Roll Hall Of Fame.

 

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