Maria Cerqueira Gomes revela intimidade com Manuel Serrão e provoca empresário: "Com uma casa destas ainda prefere viver em hotéis?"
Apresentadora entrevistou empresário há dois anos e mostrou que tinha conhecimento do estilo de vida faustoso que Manuel Serrão levava e que está agora na mira das autoridades. A nortenha é apenas uma das muitas figuras públicas que, durante anos, mostrou ter grande proximidade com Serrão.
Para muitos era apenas um dos rostos visíveis dos comentários no mundo do futebol, para outros a cara que em tempos viram no ecrã no histórico programa 'A Noite da Má Língua' e para os aficionados do mundo da moda era ainda o homem indissociavelmente ligado à indústria têxtil e ao Portugal Fashion, que elevava o nome dos nossos designers além-fronteiras.
Manuel Serrão era um pouco de tudo isso, até porque não havia muito mais que o empresário desse a conhecer. Reservado, nunca falava sobre vida privada, a ex-mulher, e pouco dizia sobre a filha, que hoje já atingiu a maioridade, e nas suas redes sociais só víamos umas fotografias muito vagas, ligadas unicamente à sua carreira.
"A minha vida privada é privada. Eu não gosto disso nem preciso disso. Eu não quero aparecer quando me dá jeito e depois esconder-me quando me dá jeito. A televisão tirou-me uma privacidade que eu prezava muito. Há vinte e tal anos não convivia muito bem com isso, ia a qualquer lado e as pessoas estavam todas a olhar para mim. E isso incomodava-me. Mas também me trouxe um bem-estar que de outra forma eu não teria", disse, numa das poucas entrevistas mais pessoais que deu, precisamente a uma das amigas que preserva entre o mundo dos famosos, Maria Cerqueira Gomes.
Nessa mesma conversa, em 2021 para o programa 'Conta-me', Serrão recebeu a apresentadora numa moradia de luxo que tem no Norte, e que pertencia aos pais, no Mindelo, Vila do Conde. Nas imagens, é possível ver o empresário junto à piscina com Cerqueira Gomes que, em tom de brincadeira não resistiu em provocá-lo.
"Com uma casa destas ainda prefere viver em hotéis?", disse, mostrando ser na altura já do senso comum uma coisa que a Polícia Judiciária investiga agora na Operação Maestro, em que Manuel Serrão, de 64 anos, é acusado de usar perto de 40 milhões obtidos através de fundos europeus para proveito próprio, num esquema que envolvia várias das suas empresas e que terá, inclusivamente, contado com a conivência do jornalista Júlio Magalhães, um dos seus amigos mais antigos.
Perante a provocação de Maria, Manuel Serrão responderia que a moradia com piscina dos pais não tinha todas as condições para que vivesse lá a tempo inteiro. "Esta casa não é minha, é dos meus pais. E a casa não está preparada para o inverno, só para o verão, portanto não é confortável no inverno", fez saber para justificar porque é que vivia num hotel de luxo, que sabe-se agora ser o Sheraton, no Porto, que serviu de casa ao empresário durante cerca de oito anos, num estilo de vida ultra-luxuoso sustentado pelos fundos europeus obtidos pelas empresas têxtil no portuense.
Nessa mesma entrevista, Manuel Serrão abriu apenas vagamente a porta da sua intimidade, não deixando, no entanto, de referir perante Maria Cerqueira Gomes, no final, que só tinha acedido falar de certas coisas devido à amizade que os unia.
"Já houve aqui coisas que falei, que só falei porque te conheço bem e porque tenho confiança, depois, naquilo que vai sair", concluiu.
Maria Cerqueira Gomes é apenas uma das muitas amigas famosas que integram a esfera mais privada de Manuel Serrão que, assume, não abre a porta a toda a gente e é muito seletivo nas escolhas que faz. Entre os eleitos estão, por exemplo, Júlia Pinheiro, com quem trabalhou na 'Noite da Má Língua', e outros colegas com quem se foi cruzando no comentário desportivo, como Eduardo Barroso, Fernando Seara, o jornalista Sousa Martins ou, claro, Júlio Magalhães que conhece praticamente de toda a vida.
"Os meus melhores amigos são desse mundo, como é o caso do Fernando Seara. Vivemos seis anos no mesmo colégio universitário e já era meu amigo. O dr. Eduardo Barroso conheci na TVI e depois também ficámos muito amigos, o Sousa Martins é uma pessoa que teve já comportamentos comigo que eu não vou esquecer, é um amigo para a vida. E depois há pessoas que eu já não cumprimentava na altura e que vou morrer sem cumprimentar", disse, sem referir os nomes da lista de inimigos. "Fiz alguns amigos em televisão mas também alguns inimigos."
Um desses nomes será Pinto da Costa, de quem chegou a ser vizinho quando era miúdo, e que já visou com muitos dos seus comentários desportivos.
GASTOU 370 MIL EUROS PARA MORAR NUM HOTEL
Sem residência fixa, depois de ter vendido a sua casa de Matosinhos a Júlio Magalhães, precisamente com recurso aos fundos europeus a que durante anos teve acesso, Manuel Serrão mudou-se em 2015 para uns hotéis mais exclusivos da cidade Invicta, onde viva até agora. O total da estadia ao longo destes oito anos rondou os 370 mil euros e terá sido pago com o dinheiro obtido exclusivamente para outros fins.
Apesar de pouco se saber sobre a sua vida pessoal, a vida solitária no hotel mostrava que Manuel Serrão já não estaria a viver com a mãe da filha e que não levava uma vida familiar que implicasse uma habitação própria.
Foi neste hotel que Manuel Serrão, considerado o cérebro desta operação, conseguiu entre 2015 e 2020 obter fundos europeus para, alegadamente, apoiar as suas cerca de 14 empresas, contando com o conluio de várias pessoas próximas, entre as quais Júlio Magalhães, que depois do escândalo suspendeu funções na TVI e na Rádio Observador.
Sobre a participação do jornalista neste esquema fraudulento, o Ministério Público afirma que Júlio Magalhães simulou serviços que não prestou a empresas do amigo para, desta forma, conseguir receber dinheiro. O pagamento era justificado por figurar como sócio em algumas empresas de Serrão, como a Modmood, House of Learning e da No Trouble, onde Júlio Magalhães figurava como acionista ou como sócio-gerente.
Agora, os dois vêm a vida em suspenso e passada a pente fino, por causa do esquema de corrupção deslindado pelas autoridades.