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THE MAG - THE WEEKLY MAGAZINE BY FLASH!

Nasceu uma estrela! DJ Padre Guilherme virou loucura na Jornada Mundial da Juventude e já não há quem pare a sua batida techno

Foi o padre estrela da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Foi ele o escolhido para, às 7 da manhã do último dia do evento, acordar centenas de milhares de jovens ao som de batidas techno e de repente é uma figura internacional. A The Mag falou com ele e conta tudo sobre o sacerdote radical que há muitos anos faz vídeos cómicos no TikTok e a quem o Papa Francisco benzeu os auscultadores.
Por João Bénard Garcia | 10 de agosto de 2023 às 22:40

A conversa com a The Mag começa da melhor forma possível. À pergunta: "Senhor padre, sabe quantos seguidores ganhou no Instagram desde a sua aparição no Campo da Graça, a acordar os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ)?". O pároco Guilherme Peixoto, o famoso DJ de 49 anos, só precisou de uns segundos para fazer as contas: "Então, antes da Jornada tinha 133 mil seguidores e a agora cresceu". Pois cresceu, e bem, e fomos nós que ajudamos o famoso sacerdote que deu música quase um milhão de jovens fiéis a atualizar as contas internéticas: "Já tem 213 mil seguidores, senhor padre. Ganhou 80 mil só numa semana". É obra! Agora digam lá que não vale a pena descobrir tudo sobre este fenómeno de comunicação de massas, este diamante em bruto, que a igreja ainda não tinha explorado bem?

DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme
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E quem é afinal o sacerdote capelão do exército que Deus e a igreja destacaram em 2005 para conduzir os rebanhos das paróquias de Amorim e de Laúndos, na Póvoa de Varzim?

Quem é o homem que, além da paixão pela fé em Cristo e pela música, adora fazer vídeos cómicos caseiros para as redes sociais? Pois, é que nem a isso o padre Guilherme se escusa a responder. E fá-lo mesmo com orgulho de missão cumprida.

UM ÁS DO TIK TOK E DO INSTAGRAM

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"Os outros dois padres que colaboram comigo são capelães militares e eu comecei, na pandemia, a fazer umas brincadeiras com muita gente ligada ao TikTok. Estes meus colegas ficaram com o bichinho e disseram-me: 'Temos nós três, padres, que fazer umas coisas de vez em quando para aqui. A gente reza, mas também nos divertimos juntos'. E foram eles que me desafiaram. E, sempre que temos tempo, juntamo-nos e fazemos as nossas brincadeiras. Faz parte da vida. As pessoas têm que ver que os padres são pessoas que rezam, mas que também brincam e gostam de se divertir", revela, referindo-se, aos parceiros de vídeos humorísticos, em especial os padres Jorge Manuel Goncalves e Paulo Vicente. 

"ANTES DE SER PADRE JÁ ERA ASSIM E NÃO MUDO"

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Para o popular DJ Padre Guilherme o assunto fica mais sério quando se trata de explicar o que é ser padre e viver na fé, sem que isso o impeça de dar um pezinho de dança, dar uma batida techno à música dos Xutos & Pontapés ou beber um copito com os paroquianos, como mostra com fartura nas redes sociais.

"O ser padre nunca pode fazer com que nós deixemos de ser quem somos. Eu, antes de ser padre, já era assim, portanto não ia deixar de ser quem era para só ser padre", atira, usando uma argumentação que, certamente, deixará a Igreja com fornicoques ou urticária. Embora tenha sido o próprio Papa Francisco quem, em plena JMJ, disse à Igreja: "Não tenham medo, não tenham medo".

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A história do homem que, no último dia da estadia do Sumo Pontífice em Portugal, acordou centenas de milhares de jovens com um concerto de música techno no Altar do Campo da Graça, no Parque Tejo, em, Lisboa, é bem simples e conta-se em três pinceladas, algumas dadas pelo próprio, de viva voz, à The Mag. 

Guilherme Peixoto nasceu em Guimarães no ano da Revolução dos Cravos (1974), veio ao mundo doente e os médicos acharam que não iria resistir, os pais levaram-no para casa, mas, graças aos cuidados da família e aos bons ares do Minho, fez-se um rapaz forte e com um desejo acérrimo de ser sempre o primeiro a chegar à igreja para ajudar o padre na eucaristia da missa. Só há poucos anos soube, da boca da mãe, que esta, em oração, o ofereceu, com pedidos de salvação, ao serviço de Deus, quando estava entre a vida e a morte.

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ELES ERAM O "AI, JESUS" DO ROCK EM BRAGA

Foi a admiração pelo sacerdote da sua paróquia, que viu misturar-se no acampamento cigano local com os mais desfavorecidos para os ajudar, que também o fez ter o desejo de, aos 13 anos, entrar para o seminário em Braga e ser padre.

E aí foi um "aí Jesus"... Não com a tentação das raparigas bracarense, mas com uma paixão assolapada pelo pop rock em especial e pela música em geral. Fez parte do grupo musical do seminário, que tinha como objetivo manter as tradições, mas foi com mais quatro colegas seminaristas, que fundou a banda de pop rock 'Quinto Império', que os cinco desfizeram em finais de 1998, à beira de serem ordenados padres.

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"Falamos entre todos e, como íamos ser ordenados padres em paróquias diferentes, decidimos vender alguns instrumentos que tínhamos. Com esse dinheiro fomos todos fazer umas valentes férias. Fomos à Serra da Estrela, a Leiria, ainda demos uma boa voltinha", conta.

DA GUERRA A SÉRIO À SALVAÇÃO DA PARÓQUIA

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Em 1999 é ordenado padre ainda com 24 anos e, em 2000, a sua vida muda radicalmente. É convidado para fazer o curso de capelão militar na Academia Militar e entra no universo castrense. O bispo de Braga, além de o colocar na Póvoa de Varzim, onde ainda está, posicionou-o para ficar ligado à diocese das Forças Armadas e de Segurança. É com essas novas funções que acaba em missões no perigoso Afeganistão e se vê metido em colunas militares no ainda efervescente Kosovo (ex-Jugoslávia).

DJ Padre Guilherme Foto: Instagram padre.guilherme

Se em território em guerra pôs em prática a sua coragem e viu muita miséria, em terras de Laúndos, na Póvoa de Varzim, teve que puxar pela imaginação para salvar a sua paróquia das dívidas acumuladas e foi isso que o fez chegar onde está agora - à ribalta artística.

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Apaixonado por vários estilos de música, da sacra ao rock e até ao techno, o padre Guilherme ficou nas suas sete quintas quando descobriu que podia abrir um bar de karaoke, num espaço que estava morto da paróquia, para faturar e pagar as dívidas das obras no templo. "Fazíamos noites de karaoke, mas aquilo não passava de uma coisa muito morna. Foi então que peguei no computador e comecei a fazer as minhas misturas. Fui ganhando o bichinho", descreve o padre artista que anda em tour musical em Portugal e além fronteiras. Acrescentando nós, que lemos várias notícias sobre o assunto, que o bar Ar de Rock de Laúndos nunca mais foi a mesma coisa. 

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A BENÇÃO DOS AUSCULTADORES

Foi nas idas ao Vaticano para participar em convénios sobre música sacra que Guilherme Peixoto conheceu o Papa Francisco. "Fui lá várias vezes e havia sempre um encontro nosso com o Santo Padre. Até que houve um ano que decidi levar umas t-shirts do Ar de Rock para lhe oferecer e foi nessa altura que ele me abençoou os auscultadores. Ando sempre com eles e quando lhe ofereci as t-shirts pedi-lhe que me abençoasse o meu equipamento de trabalho. Caramba, se eu, como padre dou a benção a carros, lojas, animais, pessoas e casas, porque raio o Papa Francisco não me podia abençoar os auscultores. Olhem aconteceu e foi isso que virou notícia. Ninguém escreveu que lhe ofereci as t-shirts do bar", diz, triste com a falha na promoção do espaço de diversão da igreja em Laúndos, aproveitando a conversa com a The Mag para avisar que este fim de semana está a organizar um evento chamado Laúndos em Movimento, com uma noite de comédia no sábado e outra de música no domingo, onde vai estar a mostrar a sua música e dar um pezinho de dança.

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ELE SÓ QUER IR "ÀS PERIFERIAS"

A sua aparição na JMJ aconteceu por "culpa" da pastoral da diocese de Viana do Castelo, com a qual colaborou num encontro de Moral e Religião Católica. Com os minhotos marotos que lhe mudaram os planos do dia de anos (31 de julho) e o puseram a atuar para jovens peregrinos na paróquia de Rio de Mouro, em Sintra. Foi a loucura total.

Uma semana depois acontece a consagração deste padre que acredita que a música pode fazer milagres. Não só pelos jovens, mas por toda a Igreja. "Vemos que o trabalho é reconhecido, mas não podemos caminhar à procura de reconhecimento, às vezes chega, outras não chega. Goste-se ou não temos que respeitar todos e ter um rumo. É o que tenho feito nos últimos anos. Eu sou artista. Faz parte de ser sacerdote levar a minha essência a quem me convida", explica, recordando a mensagem do Papa Francisco: "O que ele nos pede é que a Igreja tenha capacidade de ir às periferias da sociedade, que  tenha capacidade de estar onde estão os jovens e a música permite-me estar onde eles estão. Só quero levar-lhes mensagens de esperança, de paz e harmonia, de tolerância, de inclusão, de amor ao mundo. E os meus sets tocam tudo isso. Foi por isso que na Jornada levei musica dos Xutos & Pontapés e dos Da Vinci, mas também levei muitas músicas que eu faço", remata.

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