Quando o Algarve era dos jogadores da bola! Como eram as férias de Figo, Rui Costa, João Pinto (e muitos mais) quando os craques ainda não se escondiam e curtiam "ao mais alto nível"
Entre as décadas de 90 e 2000, era quase como uma tradição. Assim que terminava o campeonato, os jogadores iam para o Algarve e, misturados com turistas e 'tugas', estendiam a toalha e iam para a praia torrar ao sol. Almoçavam sardinhas no pão em restaurantes com guardanapos de papel e à noite era vê-los a dançar nos bares da Oura. Viajámos até esses anos para mostrar quão diferentes eram as férias dos principais futebolistas da época.
Eram outros tempos... Nem melhores nem piores, mas entre as décadas de 90 e 2000, o mundo bem que podia estar por explorar, paraísos como Maldivas ou as ilhas Gregas à distância de uma simples viagem que não havia nenhum sítio onde os principais futebolistas mais quisessem estar do que no Algarve, a beber copos no meio da multidão.
Eram as épocas douradas de Luís Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto, Paulo Sousa, Nuno Gomes ou Sérgio Conceição e a coisa quase que podia ser encarada como uma excursão de final do ano. Assim que terminava a época, os jogadores, enchiam os carros de luxo de malas, pegavam nas mulheres e filhos e faziam-se à estrada em direção ao Sul, onde passavam as semanas seguintes a cumprir uma espécie de roteiro só para craques.
E se hoje, qualquer jogador que se aventure a ir ao Sul raramente ousa a tirar o pé do resort onde está instalado, na altura não era raro ver Luís Figo a estender a toalha na praia ou Rui Costa a pegar num baldinho para encher de água para que os filhos pudessem brincar com as mãos cheias de areia, enquanto os transeuntes iam passando, sorrindo e acenando, que poucos tinham caneta à mão para pedir um autógrafo e na altura ainda não havia a febre dos telemóveis com câmaras do outro mundo.
Por isso, a escapadinha dos craques ao Algarve passava por chinelo no pé, pé na areia e duas semaninhas no centro da movida do Sul do país, que é como quem diz, em Albufeira é que se estava bem. Entre 'camones' e 'tugas', eles lá faziam as suas férias, que durante o dia se dividiam entre a praia e a piscina das suas vivendas (quase todos tinham casa no Algarve, entre a Oura e Vilamoura) e à noite incluía aquela voltinha clássica pela marina de Vilamoura, onde volta e meia se encontravam na esplanada do Paulo China, e mais tarde no 'Sete', inspirado então na camisola de Luís Figo no Barcelona, e onde o craque era sócio do amigo. China era então uma espécie de Olivier daqueles tempos tempos, quase sendo uma heresia para os craques irem ao Algarve e não visitarem o empresário, que tinha o bar cheio de camisolas dos melhores jogadores da equipa das Quinas e dos super-craques internacionais.
E era isto, não havia cá iates super-exclusivos, nem praias privativas, nem villas muradas a esconder as férias. Mas como também não havia redes sociais para as exibir, nessa altura os paparazzi eram fortíssimos a captar imagens dos jogadores na praia. E a curiosidade do público em torno desses momentos também era grande. Porque se hoje nós só não sabemos quantas vezes Cristiano Ronaldo foi à casa de banho, porque tudo o resto já vimos no Instagram, na altura as fotografias captadas à revelia eram a única forma de os fãs verem os seus ídolos em momentos de descontração, a menos que se cruzassem com eles na praia, ou então nas discotecas, o que seria muito provável de acontecer.
Sim, porque na altura já havia alguns espaços mais exclusivos como a Casa Castelo, do mítico empresário Luís Evaristo, mas pasme-se podíamos estar na Kadoc e encontrar um futebolista a 'abanar o capacete'. E , no início dos seus anos dourados, era possível estar a dois passos de Cristiano Ronaldo, enquanto ele piscava o olho às barmaid dos bares onde Anthony Pereira, em plena rua da Oura, punha a noite "ao mais alto nível", entre ingleses eufóricos à meia-noite e outros turistas de visita ao Algarve. Cada craque tinha uma garrafa com o seu nome no Liberto's Bar, da Oura, e não havia verão em que não marcassem ali o ponto, sem medos de serem vistos a divertir-se.
Sem as redes sociais para fazer aquele 'trabalho' de limpeza de imagem, como que a dizer, 'estamos bem, somos felizes, adoramos os nossos filhos e é assim que passamos as férias', os jogadores ficavam à mercê daquilo que ia saindo na imprensa e, quando sentiam necessidade de equilibrar as águas, abriam as portas das suas casas algarvias, caiadas de branco, para se mostrarem abraçados à namorada de sempre, com os filhos vestidos de igual e cabelos à tigela a sorrirem para a fotografia. E assim terminavam as férias, vividas à boa maneira portuguesa, a comer sardinha no pão nos restaurantes de beira de praia em dias que serviam como um balão de oxigénio para a próxima temporada.
Mas quem eram os casais mais mediáticos da época? Recuámos uns anos no tempo e, que maravilha! Já não nos lembrávamos de como pareciam tão apaixonados. De todos, só Luís Figo e Sérgio Conceição ainda mantêm as famílias unidas.
LUÍS FIGO E HELEN SVEDIN
Luís Figo era, naquela altura, um jogador com uma dimensão planetária. A polémica transferência do Barcelona para o Real Madrid colocou-o nas bocas do Mundo, que o chamava então de Pesetero, e já à época ele podia ter dinheiro para ir para qualquer parte do globo, mas assim que o árbitro apitava para o final do último jogo da época, punha-se a caminho do Algarve, com a mulher, estonteante, linda de morrer, e as filhas muito loirinhas a correrem pela praia de Santa Eulália, em Albufeira. O jogador tinha casa naquela zona e dividia-se entre a moradia de luxo, a praia e o hotel que ficava em cima do areal, o Real Santa Eulália, onde era comum vê-lo a namorar com a modelo sueca junto à piscina, com as filhas a correrem de bracadeiras pela área envolvente. Tantos anos depois, e com os normais altos e baixos pelo meio, a família mantém-se unida e feliz.
NUNO GOMES E ISMÉRIA
Era outro daqueles casais que causavam sensação. Na altura, as mulheres de jogadores eram bastante diferentes das dos dias que correm. Talvez à exceção de Figo, eles não namoravam e casavam com top models capas de revista, mas sim com a 'rapariga da porta ao lado'. Namoros comuns, que vinham muitas vezes da adolescência e se estendiam por aí fora, com a relação a seguir o percurso que era considerado natural: namorar, casar e ter filhos. Foi assim que, durante muitos anos, se mantiveram Nuno, Isméria e a filha Laura, criando uma imagem de família perfeita.
RUI COSTA E RUTE
Começaram a namorar quando ainda eram praticamente crianças e Rute foi acompanhando o crescimento de Rui Costa enquanto futebolista, sendo a mãe dos seus dois filhos. No verão, não era raro ver a família unida a descontrair no Algarve. Com o maestro do Benfica a ser então um dos jogadores mais acarinhados, a Sul nunca lhe faltava a simpatia dos fãs.
JOÃO VIEIRA PINTO E CARLA BAÍA
O namoro também começou na adolescência e os dois ainda não tinham atingido a maioridade quando deram as boas-vindas à primeira filha, Diana. Mais tarde, juntou-se Tiago, com João Vieira Pinto e Carla Baía a formarem um dos casais mais acarinhado pelos portugueses. As férias eram, pois claro, à boa maneira portuguesa, no Algarve.
SÉRGIO CONCEIÇÃO E LILIANA
Curiosamente, Sérgio Conceição e a mulher são dos poucos jogadores que, depois de anos e anos a rumar ao Sul, continuam sem abdicar dos dias de descanso no Algarve. Tal como nos seus tempos de futebolista, Sérgio Conceição não abdica daquele mar e das suas corridinhas matinais quando ainda todos dormem. Na rotina do casal, pouca coisa mudou, a não ser que agora os quatro filhos já são crescidos e permitem que os dois levem uns dias mais calmos a Sul.
PAULO SOUSA E CRISTINA MÖHLER
Eram uma espécie de versão 2.0 dos casais do mundo do futebol daqueles tempos. Isto porque Paulo Sousa sempre mostrou ter um cuidado com a imagem que na altura os jogadores ainda não levavam tão a sério e Cristina Möhler era então uma apresentadora de grande sucesso. E também porque, ao contrário de outras parelhas do futebol, eles já primavam pela diferença, escolhendo os restaurantes mais luxuosos, as festas mais exclusivas e já fazendo um pouco aquela vida de resort, longe dos olhares indiscretos. No fundo, já eram mais próximos da versão atual de Cristiano Ronaldo, só que sem redes sociais e com os luxos de outros tempos.