Sem álcool e sem drogas. O que levou Ivo Lucas a não travar a tempo de evitar a morte de Sara Carreira.
Já existe o despacho do Ministério Público que não deixa dúvidas: o namorado de Sara Carreira é acusado de homicídio negligente, tal como Cristina Branco. Mas o que levou ao desfecho trágico deste acidente? Porque é que se fala em "condução desatenta" e o que impediu o ator de 'Amor Amor' de evitar a morte da filha de Tony Carreira? E o que ficou por contar: as omissões da acusação e como elas podem mudar o futuro dos arguidos. Contamos-lhe tudo, ao detalhe.
Um ano depois, já existe despacho do Ministério Público (MP) sobre os responsáveis pelo acidente que matou Sara Carreira. Ivo Lucas é acusado de homicídio negligente, tal como a fadista Cristina Branco. Mas ainda há respostas por responder e omissões na acusação que podem mudar o futuro destes arguidos neste processo.
Para já temos quatro arguidos: Paulo Neves, Cristina Branco, Ivo Lucas e Tiago Pacheco. O primeiro - que ia ao voltante do primeiro carro envolvido - é acusado de um crime de condução perigosa, uma contraordenação leve uma grave e outra muito grave. A fadista e o namorado da filha de Tony Carreira vão ser julgados por homícidio negligente, punível entre três a cinco anos de prisão ou com pena de multa. Cristina Branco responde ainda por duas contraordenações graves e o ator de 'Amor Amor' por uma leve e uma grave. Tiago Pacheco, o último envolvido neste acidente, responde por um crime de condução perigosa, uma contraordenação leve e outra grave.
A THE MAG teve acesso à acusação - que já não se encontra em segredo de justiça - e onde se pode ler que Sara Carreira morreu depois do embate do Range Rover onde seguia (e que estava em nome do pai) no Volvo de Cristina Branco. Mas afinal, por que Ivo Lucas não travou a tempo de evitar uma tragédia?
A CONDUÇÃO "DESATENTA" E A VELOCIDADE EXCESSIVA
Segundo uma fonte da Polícia Judiciária, os testes toxicológicos de Ivo Lucas não deixam dúvidas: o cantor não acusou álcool nem drogas no sangue. Também está descartada a hipótese de vir ao telemóvel enquanto conduzia o jipe. Porque então se fala em condução "desatenta"?
A THE MAG sabe que o MP atribuiu uma "condução desatenta" ao cantor muito baseado no seu depoimento, por este ter mencionado que poderia vir mais distraído a falar com a namorada. Mas esta não é a única justificação. O ator conduzia o Range Rover entre os 131,18 km/h e os 139,01 km/h e "não reduziu a velocidade que havia imprimido ao seu veículo, não travou ao aproximar-se" do carro de Cristina Branco, "virando o volante para o lado esquerdo, na tentativa de evitar o embate, vindo a embater violentamente, com a parte dianteira do mesmo na dianteira" da fadista.
O QUE LEVOU À MORTE DE SARA
A acusação revela o que aconteceu naquela noite.
Comecemos pelo início: Paulo Neves, de 54 anos, seguia no seu Volkswagen Passat, pela 18:30, numa velocidade compreendida entre os 28 km/h e os 32 km/h e "com 1,18g/l de álcool no sangue. Esta viatura acabou por ser atingida pelo carro de Cristina Branco, a segunda envolvida no acidente, que seguia com a filha menor, que "embateu, violentamente, com a parte dianteira do mesmo na retaguarda" do primeiro envolvido.
O embate levou a que fosse "projetada para a via de trânsito mais à esquerda". O embate ocorreu pela velocidade inadequada de Paulo Neves. Cristina Branco saiu da sua viatura com a filha "refugiando-se na berma esquerda da via, tendo o veículo ficado imobilizado na via central com o sistema de iluminação ligado e com as luzes de perigo ligadas".
É então que surge o carro onde seguia Sara Carreira e Ivo Lucas, às 18:49, que "circulava pela faixa central" embatendo - como acima já descrevemos - na viatura da fadista. O Range Rover "saiu desgovernado para o lado esquerdo, embatendo no separador central, onde seguiu capotando várias vezes até se imobilizar na via de trânsito mais à esquerda".
Deste brutal embate resultou a morte de Sara Carreira, vítima de extensas lesões na cabeça, na cara, no tórax e zona pélvica, lombar e membros.
Às 18:51 surge o quarto arguido, Tiago Pacheco, que seguia a uma velocidade entre os 146 km/h e 155 km/h "e embateu na lateral direita" onde ainda estavam Ivo e Sara.
A ACUSAÇÃO DE IVO LUCAS
Tendo todos estes detalhes, o MP de Santarém afirma que Ivo "efetuava uma condução descuidada", não tendo em atenção que deveria circular pela via mais à direita" e "mais sabia que não lhe era permitida circular a uma velocidade superior a 120 km/h".
O MP considera que o ator sabia que o facto de conduzir a uma velocidade excessiva "poderia vir a resultar lesões na passageira", ou seja, Sara Carreira.
AS OMISSÕES DA ACUSAÇÃO QUE PODEM MUDAR TUDO
No entanto, segundo uma fonte da PJ, há omissões nesta acusação que podem mudar o futuro do julgamento dos arguidos, principalmente de Cristina Branco. "Se estivesse escrito que a fadista não colocou o sinal de pré-sinalização por uma questão de proteção individual sua e da filha, como forma de legítima defesa, esta poderia não ser acusada de homicídio negligente."
Há outro pormenor que não vem descrito ao longo das 12 páginas de acusação. "No mesmo documento não vem descrito que entre o embate de Ivo Lucas no carro de Cristina Branco passaram dez viaturas, sendo que todas elas se conseguiram desviar do Volvo da fadista, menos o cantor."
Para a mesma fonte da Polícia Judiciária há outro detalhe que está em falta. "Em nenhum local está escrita a hora do embate de Cristina Branco. Se estivesse poderia extinguir a causalidade. Passaram 10 viaturas entretanto, entre o embate dela e o de Ivo Lucas."Apesar da acusação de homicídio negligente de Ivo Lucas e Cristina Branco puderem ser punidos entre três a cinco anos de prisão, não é minimamente comum alguém cumprir pena efetiva num caso como estes. Porém, nenhuma hipótese está excluída.